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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 25-04-2015 - 13:12 -   Notícia original Link para notícia
Juro do cheque especial atinge 220,4% ao ano em março, segundo o BC

Percentual cobrado ao consumidor bate recorde do levantamento


Brasília - Diante do ciclo de alta dos juros, o crédito aos consumidores e às empresas seguem em processo de encarecimento. Em março, a taxa média do cheque especial atingiu 220,4% ao ano, o maior nível em quase 20 anos. A tendência de alta afeta todas as modalidades de crédito. Como efeito, a taxa média de juros no crédito com recursos livres, que podem ser aplicados livremente pelos bancos, subiu de 40,6% ao ano em fevereiro para 40,9% ao ano em março.

Dados divulgados pelo Banco Central na sexta-feira demonstram que o percentual é recorde da série histórica iniciada em março de 2011. No primeiro trimestre deste ano, a taxa subiu 3,6 pontos porcentuais. Em 12 meses, a alta é de 4,4 pontos.

Para pessoa física, a taxa de juros no crédito livre passou de 54,3% ao ano em fevereiro para 54,4% ao ano em março, também a maior da série. Para os tomadores corporativos, a taxa passou de 26,1% ao ano para 26,5% ao ano de fevereiro para março.

Entre as principais linhas de crédito livre para pessoa física, o destaque vai para o cheque especial, responsável por boa parte do aumento dos juros. A taxa subiu no segmento subiu de 214,2% ao ano em fevereiro para 220,4% ao ano no mês passado. Para o crédito pessoal, a taxa total caiu de 47% em fevereiro para 46,1% em março. No caso de consignado, a taxa ficou estável em 26,8%.


Cartões - O juro médio total cobrado no cartão de crédito subiu 0,5 ponto porcentual de fevereiro para março, ainda segundo o relatório do Banco Central. Em janeiro, a instituição passou a incorporar dados sobre esse segmento, que regula desde maio de 2013. Com a alta na margem, a taxa passou de 78,6% ao ano em fevereiro para 79,1% ao ano no mês passado.

O juro do rotativo é a taxa mais elevada desse segmento e também a mais alta entre todas as avaliadas pelo BC, batendo até mesmo a do cheque especial. Atingiu a marca de 345,8% ao ano em março, ante 342,7% de fevereiro, uma elevação de 3,1 pontos porcentuais na margem. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro caiu 0,6 ponto de fevereiro para março, passando de 112,1% ao ano para 111,5% ao ano.

No caso de aquisição de veículos para pessoas físicas, os juros passaram de 24,8% ao ano para 24,7% ao ano de um mês para outro. A taxa média de juros no crédito total, que também inclui as operações direcionadas, subiu de 25,6% em fevereiro para 25,8% em março.


Perspectiva - O chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel acredita o mercado de empréstimos está "em ritmo de crescimento constante, estável". Mais cedo, a autoridade monetária havia informado que as operações de crédito somaram R$ 3,06 trilhões no mês passado, 1,2% mais que em fevereiro. Em 12 meses, o crescimento foi de 11,2%. O BC projeta crescimento de 11% para o estoque das operações de crédito em 2015.

"Essa situação de crescimento estável ocorre em um quadro de inadimplência baixa e em um ambiente de elevação dos juros, destacou Maciel. No mês passado, a inadimplência com recursos livres - aqueles que os bancos podem emprestar livremente, sem seguir regras do governo - ficou estável, em 4,4%. Os juros para pessoa física chegaram a 54,4% ao ano. O patamar voltou a ser o maior desde o início da série histórica do BC, em março de 2011.

O chefe do Departamento Econômico atribuiu os juros mais altos às elevações da Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em 12,75% ao ano. "Isso (elevação dos juros) segue principalmente o ciclo de política monetária", disse Maciel. Ele destacou, em março, o crescimento das operações envolvendo o crédito consignado, principalmente entre os aposentados.

De acordo com dados do BC, o saldo dessas operações cresceu 0,9% em março em relação a fevereiro, e 12,8% em 12 meses. Quando levados em conta somente os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), grupo que engloba os aposentados, a alta fica em 1,7% no mês e em 16,3% em 12 meses. Segundo Tulio Maciel, isso ainda é reflexo de um aumento dos prazos para pagamento do consignado, anunciado pelo governo no final do ano passado.

Outro motivo, disse ele, pode ser a busca de crédito com juros mais baixos, no atual cenário de elevação. "O que se observa é uma tendência de crescimento do consignado que vem desde o ano passado. Buscar a modalidade de crédito com juros mais baixos é a tendência lógica", sustenta.(ABr/AE)


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