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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 22-04-2015 - 07:40 -   Notícia original Link para notícia
Reduzir a desoneração da folha de salários é prioridade, diz Levy

Por Juliano Basile | De Nova York


Após concluir uma série de encontros com investidores internacionais em Nova York, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, retornou, ontem, ao Brasil, onde terá como prioridade a aprovação do projeto de lei para reduzir a desoneração da folha de pagamentos.


"Estamos focados em conseguir avançar na questão de reverter a desoneração da folha", disse Levy ao sair de uma reunião com investidores no centro de Manhattan. "Esse é nosso foco, porque [a medida] não tem se mostrado tão efetiva e é importante ter uma sinalização nessa área. Será um tema bastante importante e acho que, aos poucos, tem havido maior entendimento, inclusive das empresas."


Questionado sobre se pretende levar adiante a proposta de aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos, de 15% para 17% - medida que poderia gerar arrecadação extra de R$ 1,5 bilhão em 2015 -, o ministro disse que vai trabalhar na questão da desoneração da folha de pagamentos. "É importante estarmos bem focados para encontrar uma solução rápida para isso."


Ontem, o ministro esteve reunido com membros da agência de classificação Standard & Poor's, com quem tratou de bônus de infraestrutura. Durante dois dias em Nova York e quatro em Washington, Levy teve encontros com vários tipos de investidores: macro, de empresas, de infraestrutura e também com "os de meios de negócios nos EUA, que têm influência mais difusa e importante".


Essas reuniões tiveram dois aspectos. O primeiro foi o de explicar a estratégia macroeconômica do país, o ajuste fiscal que está em curso e as medidas para o controle da inflação. Segundo o ministro, o mercado percebeu que o país pode chegar perto da meta, de 4,5%, em 2016.


"A meta de 4,5% tem que ser um objetivo que nós temos que perseguir muito para 2016. Nós vamos chegar lá e o mercado está vendo cada vez mais que realmente é possível chegar a ter uma inflação perto da meta", disse Levy. O ministro também ressaltou que "é factível" atingir a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim deste ano.


O segundo objetivo foi promover debates sobre o que deve acontecer no país após a aprovação das medidas de ajuste fiscal. "É essa questão do financiamento em infraestrutura", disse Levy. Segundo ele, as conversas com investidores envolveram os aspectos dos projetos na área, o ajuste dos programas à demanda e medidas para estimular os investidores brasileiro e estrangeiro.


"Muitas vezes o investidor brasileiro quer estar junto", ressaltou o ministro, referindo-se aos projetos em infraestrutura. "Isso é uma questão para a gente pensar e, depois, quando chegar ao Brasil, ir com a prancheta, no computador e refinar um pouquinho esses desenhos."


O governo deverá lançar um novo programa de concessões, em maio, com o objetivo de atrair investidores e, segundo Levy, é possível fazer projetos para obter um fluxo de aportes de capitais por prazo longos, de 30 a 40 anos. Pela nova proposta de investimentos desenvolvida pela Fazenda, o BNDES não atuará apenas concedendo subsídios aos projetos, mas vai passar a condicionar o acesso a crédito com taxas de juros de longo prazo (TJLP) à emissão de debêntures pelas empresas. A expectativa é que essa nova sistemática dinamize o mercado de capitais no país. "Achamos que, agora, temos espaço para não nos apoiarmos tanto no BNDES, mas também no mercado de capitais", disse Levy.


O ministro acredita que, após a publicação do balanço da Petrobras, prevista para ocorrer hoje, a recuperação da estatal será mais visível no mercado. "A expectativa é que a Petrobras vai superar a questão dos resultados auditados e isso será muito bom. Acho que o mercado verá uma reconstrução na Petrobras." Segundo Levy, a estatal está passando por uma nova etapa com a mudança de diretoria, trocas no conselho de administração e com a apuração "transparente" dos casos de corrupção. "Alguns dos gerentes que sabiam [dos desvios na Petrobras] estão na cadeia."


O ministro almoçou na sede de Nova York do Federal Reserve, o banco central americano, onde conversou com investidores de empresas, que, de acordo com ele, "queriam saber o que vai acontecer com o Brasil." Ele disse que o país precisa estar preparado para uma elevação na taxa de juros pelo Fed, que, segundo especialistas, pode acontecer entre junho e setembro.


"O banco central americano tem indicado que, em algum momento, sem precipitação, deve aumentar os juros. Como isso será recebido pelo mercado internacional a gente não sabe. Mas temos que estar preparados", disse Levy.


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