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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 22-04-2015 - 07:36 -   Notícia original Link para notícia
Ambiente político atual prejudica negócios, dizem 47% dos empresários

Por Denise Neumann | De São Paulo


O conturbado ambiente político potencializou o clima de preocupação com o futuro da economia e reforçou a perda de confiança dos empresários e consumidores neste início de ano.


De acordo com as pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), 47% das empresas ouvidas nas quatro sondagens empresariais (indústria, comércio, serviços e construção), em março, apontaram o ambiente político como um fator que está influenciando negativamente os seus negócios neste começo de 2015. Entre os setores, os empresários da construção - 54,4% deles - foram os que mais apontaram a interferência negativa do fator político nos negócios.


Entre os consumidores, a pergunta envolveu o noticiário político e 45,9% dos entrevistados apontaram esse fator como um elemento que influencia sua percepção do momento atual, que tem piorado muito.


A pergunta sobre o ambiente político não é feita regularmente nas sondagens do Ibre. Ela foi colocada dentro dos chamados quesitos especiais. Por isso, não existe uma base de comparação, mas no ano passado, em maio, logo antes da Copa do Mundo, e quando ainda havia muita preocupação com a possibilidade de manifestações negativas durante o evento, a preocupação com o ambiente político apareceu dentro do grupo "outros" e 10% dos empresários de serviços o apontaram como um fator de limitação dos negócios.


Para Aloisio Campelo Junior, superintendente-adjunto de ciclos econômicos do Ibre-FGV, o desempenho geral da economia ainda é o grande inibidor dos negócios. Ele foi apontado como um dos principais aspectos que influenciam negativamente os negócios por 77,8% das empresas, em pergunta que permitia múltiplas e ilimitadas respostas. "Em apenas três meses, a confiança caiu quase o mesmo que caiu ao longo de todo o ano passado", afirma Campelo.


Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, um índice de confiança que agrega todos os quatro setores empresariais recuou de 99 pontos para 84,4 pontos, já migrando de um ambiente de baixa confiança para um clima de confiança extremamente baixa.


Do fim de 2014 para março deste ano, as preocupações aumentaram muito e a confiança veio para apenas 70,8 pontos. "A intensificação da queda pode estar associada ao cenário político, mas sua causa principal ainda é a falta de perspectiva econômica", avalia o economista do Ibre.


O Ibre tem intensificado os debates internos para entender o quanto - e como - o ambiente político interfere ou é afetado pelo econômico e vice-versa, mas considera que as séries ainda são curtas para estabelecer com precisão uma correlação, porque há outros fatores que influenciam a percepção da população.


Campelo lembra que entre 2008 e 2009 a confiança do consumidor caiu, mas a avaliação do governo melhorou durante a crise financeira internacional, como um sinal de que a população entendeu que a crise era externa e avaliou que o governo brasileiro reagiu bem a ela.


O Ibre fez uma compilação trimestral dos dados do índice de confiança para coincidir com a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria-Ibope e ela mostra que a confiança passou de 116 pontos no primeiro trimestre de 2008 (antes da crise internacional) para 98 pontos um ano depois, enquanto a avaliação positiva do governo federal passou de 58% para 72% na mesma comparação.


Agora, as duas despencam juntas, embora com descolamentos pontuais ao longo dos trimestres. A confiança começou a cair antes. Depois de atingir 123 pontos no primeiro trimestre de 2012, ela só recua a partir daí e chega ao começo de 2015 em 87 pontos. O percentual dos que consideram o governo bom ou ótimo ainda melhorou até o primeiro trimestre de 2013, quando foi de 63%. De lá para cá, caiu até a atingir 12% neste primeiro trimestre de 2015.


Para Campelo, apesar do acirramento do ambiente político, inclusive com as manifestações anti-Dilma, a preocupação com o emprego tem um peso expressivo na queda acentuada na perda de confiança dos consumidores. O quesito que mostra a expectativa com o mercado de trabalho atingiu o segundo pior nível de toda a série, só perdendo para outubro de 2005, informa o economista do Ibre.


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