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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 16-04-2015 - 09:53 -   Notícia original Link para notícia
Aéreas cortam preços para manter vendas

Por João José Oliveira | De São Paulo


As companhias aéreas estão reduzindo os preços das passagens. O objetivo é manter o ritmo de vendas em um ambiente marcado pela queda do consumo no país, apontam executivos de aviação, de turismo e analistas.


O valor médio dos bilhetes teve queda de 15,5% em março, na variação mensal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Na variação em 12 meses, a retração foi maior, de 21,4%. Os índices de inflação apontam que o recuo dos valores cobrados pelas companhias aéreas ocorre desde janeiro (ver gráfico abaixo).


"As companhias realizaram políticas mais agressivas para aquecer as vendas", aponta o sócio da agência on-line de turismo ViajaNet, Bob Rossato, da terceira maior agência on-line de turismo do país, que vende passagens de TAM, Gol, Azul e Avianca.



Levantamento da ViajaNet com preços médios praticados pelas quatro companhias nas dez rotas domésticas mais demandadas mostra que o tíquete médio no primeiro quadrimestre deste ano foi de R$ 343, abaixo dos R$ 346 apurados em igual período de 2014. "Isso é valor nominal. Se considerarmos inflação do período, já temos uma diferença superior a 5%", diz Rossato.


O trecho que teve maior corte de preços é o São Paulo-Brasília, com bilhete médio de R$ 252 entre janeiro e abril deste ano, ante R$ 316 em igual época de 2014.


O presidente da CVC, maior operadora de turismo da América Latina, Luiz Falco, disse que os fornecedores - caso das companhias aéreas - foram responsáveis por cortar em 7% o preço médio praticado pela agência no primeiro trimestre deste ano. "Conforme o preço cai entram mais pessoas no mercado", disse o executivo da companhia que conseguiu embarcar 19,5% mais passageiros entre janeiro e março deste ano graças à promoções.


Segundo a última pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para o Ministério do Turismo, em fevereiro deste ano, 73,6% dos brasileiros revelaram intenção de viajar para destinos domésticos nos próximos seis meses. Em fevereiro de 2014, esse percentual era menor, de 68,4%


Graças a esse interesse de viajar, as aéreas estão conseguindo evitar uma queda da demanda, que vem ocorrendo em outros ramos de consumo como o de varejo de eletroeletrônicos, eletrodomésticos e móveis, por exemplo. Este teve retração de vendas de 10,3% em fevereiro, segundo Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE.


No setor aéreo há crescimento ainda, embora com desaceleração. Em janeiro a demanda cresceu 9,2%, em relação a igual mês de 2014. Em fevereiro a expansão foi de 4,1%, segundo o dado mais recente da Associação Brasileiro de Empresas Aéreas (Abear), que reúne TAM, Gol, Azul e Avianca.


O presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, afirma que uma eventual redução de preços pode ter ganhado força em março, quando acaba a alta temporada - marcada por maior demanda de lazer por conta das férias. "A partir de agora se inicia uma etapa de maior atenção para o setor, que neste ano inclui novamente o desafio da volatilidade do câmbio. Aliado a isso, há o compasso de espera da economia", disse Sanovicz.


"Promoção hoje não é estratégia; é sobrevivência", disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, quando participou de um fórum de turismo, no fim de março. A terceira maior aérea do país lançou recentemente promoções com passagens a partir R$ 64 o trecho, para voos entre 5 de maio e 30 de setembro, com com partidas de Belo Horizonte (Confins), Brasília e São Paulo (Congonhas), além de preços reduzidos de Curitiba para Porto Alegre, Rio de Janeiro (Santos Dumont) e São Paulo (Congonhas).


A presidente da TAM, Claudia Sender, disse ao Valor, em entrevista no início do ano, que 2015 seria desafiador para manter a demanda aquecida. Esta aérea tem promoções que incluem rotas bastante concorridas, como São Paulo-Rio de Janeiro por R$ 99,00, Brasília-São Paulo por R$ 88,90 ou Belém-Manaus por R$ 177,90.


Também o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, observou recentemente que há trechos atendidos pela empresa com preços até 50% menores. "Melhor decolar com menor receita do que com receita nenhuma", disse o executivo, também no fim de março. A empresa apresenta no site trechos a partir de R$ 69,90 - em Belo Horizonte-Vitória - e bilhetes a R$ 78,70 (BH-Rio), R$ 79,90 (Brasília-BH) ou R$ 90,90 (SP-Rio).


Mas essa estratégia de cortar preços tem um risco para as aéreas, que é o de perder rentabilidade do negócio. O analista especializado em aviação do banco suíço UBS, Rodrigo Fernandes, afirmou em relatório enviado a clientes este mês que a margem de lucro operacional das empresas Gol e Latam (dona da TAM) deve ser afetada pela piora no ambiente macroeconômico.


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