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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 16-04-2015 - 09:11 -   Notícia original Link para notícia
IBC-Br surpreende, sobe, mas não muda tendência

Por Camilla Veras Mota e Eduardo Campos | De São Paulo e Brasília


O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,36% em fevereiro sobre janeiro, já feito o ajuste sazonal, e supreendeu os economistas, que esperavam queda do indicador. O resultado positivo - o primeiro depois de duas quedas seguidas em dezembro e janeiro, de 0,57% e de 0,11%, respectivamente - não mudou, entretanto, a avaliação de consultorias e entidades financeiras de que em 2015 a atividade deve ter desempenho pior do que no ano passado e de que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deve ser negativo.


No trimestre encerrado em fevereiro, a queda do IBC-Br se aprofundou para 0,56%, após retração de 0,43% até janeiro. O movimento é semelhante na comparação em 12 meses. Em fevereiro, o indicador nesta relação passou de 0,40% para 0,97%.



O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,36% em fevereiro sobre janeiro, já feito o ajuste sazonal, e supreendeu os economistas, que esperavam queda do indicador. O resultado positivo - o primeiro depois de duas quedas seguidas em dezembro e janeiro, de 0,57% e de 0,11%, respectivamente - não mudou, entretanto, a avaliação de consultorias e entidades financeiras de que em 2015 a atividade deve ter desempenho pior do que no ano passado e de que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deve ser negativo.Indicadores importantes de atividade utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no cálculo do produto tiveram resultado bastante negativo em fevereiro - a produção industrial encolheu 0,9% sobre janeiro, também na série dessazonalizada, e o comércio ampliado recuou 1,1%, no mesmo confronto. "O preço da energia subiu, os índices de confiança continuaram ruins, assim como os indicadores antecedentes do investimento", pondera Flavio Serrano, economista-sênior do banco Besi Brasil. "Como o IBC-Br é um indicador fechado, é realmente difícil entender de onde veio essa alta", completa.


Para o diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, a alta de fevereiro foi mais um ponto fora da curva do indicador do Banco Central, que tem um histórico de descolamento do indicador oficial do IBGE. "Ele já possuia uma aderência duvidosa [ao PIB]. Depois da revisão metodológica, mais ainda", pondera, referindo-se às mudanças na série do IBGE, que passou a incluir outras atividades no cálculo do produto.


O desempenho dos principais indicadores de atividade no primeiro trimestre, ao lado do ajuste fiscal em curso, da trajetória cadente dos indicadores de confiança, do aumento da taxa básica de juros e das restrições de acesso a crédito reforçam a avaliação de que a atividade deve ser pior em 2015. As projeções do Goldman Sachs - que estão sendo revisadas para baixo e serão reapresentadas hoje - apontam queda de 1% no produto em 2015 e de 0,5% no primeiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores. As estimativas são semelhantes às do Besi.


Os números da indústria extrativa - que registrou alta de 0,9% na produção em fevereiro sobre janeiro, descontada a sazonalidade - e o desempenho da construção civil - um aumento de 0,2%, na mesma comparação, de acordo com a pesquisa de custos do setor feita pelo IBGE - podem ter puxado para cima o IBC-Br de fevereiro, afirma Priscilla Burity, do banco Brasil Plural.


Essas foram as principais influências positivas sobre a estimativa da instituição de alta de 0,2% - a única positiva entre as 15 colhidas pelo Valor Data, que apontava retração média de 0,2% no índice. "Ainda assim, o desempenho deve ser pontual, ele não muda as expectativas ruins para o ano", pontua. O Plural espera retração de 0,2% no PIB do primeiro trimestre e queda de 1,2% em 2015.



Dólar valorizado puxa preços no atacado e IGP-10 vai a 1,27% no mês


Por Robson Sales | Do Rio


O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) acelerou para 1,27% em abril, puxado principalmente pela alta do dólar, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Na comparação com a taxa apurada em março (0,83%), "o efeito do câmbio está acontecendo de forma bem mais generalizada", disse Salomão Quadros, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV e responsável pela pesquisa.


Para ilustrar como o impacto da moeda americana afetou grande parte dos itens no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por cerca de 60% do IGP-10, o pesquisador listou as altas do minério de alumínio, que passou de -0,10% para 3,63%, entre março e abril, a do cobre, que no mesmo período avançou de -11,43% para 4,55%, e a do minério de ferro, que saiu de -0,47 para 2,08%. Segundo Quadros, o minério de ferro foi o que menos avançou. A queda de 30% no ano, no mercado internacional, ajudou a segurar uma subida maior do preço.


Entre as matérias-primas da agropecuária, o trigo foi o maior destaque, com alta de 7,87%. A soja também sofreu forte reajuste e avançou para 7,40%. O pesquisador da FGV afirma, porém, que a soja está começando a desacelerar, não só por causa do dólar, mas por influência do mercado internacional.


Mais à frente, o impacto do dólar deve perder força sobre os IGPs - depois de disparar em março, a moeda americana tem oscilado em torno dos R$ 3. Quadros acredita que "o câmbio entrou numa trajetória de desaceleração, então essa transmissão aos preços deve perder um pouco de força. Não vai desaparecer, tem ainda repasse para acontecer, mas o movimento daqui para frente já deve ser um pouco mais suavizado".


O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 1,01% em abril, ante 1,29%, em março. Ainda segundo a FGV, seis das oito classes de despesa do índice registraram queda. Houve uma desaceleração na alta dos preços controlados, como transportes (2,14% para 0,28%) e da gasolina (7,13% para 0,70%).


A energia elétrica continuou apresentando forte elevação no IPC-10 de abril. A tarifa de eletricidade residencial avançou para 13,83%, mas segundo Quadros é ainda reflexo dos reajuste no mês anterior. "É só uma questão de tempo para que essa alta da energia elétrica saia do cálculo, não há um novo reajuste", disse o economista da FGV.



Dados reforçam visão de que ciclo de alta do juro está perto do fim


Por Denise Neumann | São Paulo


O dia começou ontem com boas notícias para o governo na dobradinha atividade-inflação. Enquanto o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) mostrou crescimento em fevereiro sobre janeiro (após dois meses em queda), o IGP-10 indicou que o aumento de preços perdeu fôlego, tanto ao consumidor quanto no atacado agrícola.


O IGP-10 mostrou alta de 1,27% em abril, o que sinaliza que o mês começou com ritmo mais contido de aumento de preços, pois o IGP-DI variou 1,21% em março. A diferença dos dois indicadores é justamente a inflação dos primeiros dez dias de abril.


A contenção foi clara nos preços ao consumidor, que vieram de alta de 1,41% no fechamento de março para 1,01% no IGP-10 de abril, com os preços da energia elétrica saindo de alta de 22,6% para 13,83%, na mesma comparação. Também o grupo alimentação mostrou recuo, com a inflação de 1,02% medida no fim de março cedendo para 0,88% no IGP-10 de abril.


No atacado, os preços agrícolas também pararam de subir. O IPA agro repetiu, neste começo de abril, a alta de 2,1% registrada no IGP-DI de março. Soja, farelo de soja e milho são exemplo de produtos cuja alta de preços ficou menor entre o fim de março e o começo de abril.


No conjunto do atacado, os preços ainda aceleram o ritmo de alta, puxados pelos produtos industriais. Mas a aceleração já foi menos intensa: no IPA total, entre o IGP-M (inflação entres os dias 20 de cada mês) e o IGP-DI, a variação passou de 0,98% para 1,21%, com aceleração de 0,32 ponto percentual. Entre o IGP-DI e o IGP-10, a alta foi de 0,21 ponto. No IPA industrial, os preços haviam subido 0,33% no IGP-M, passaram para 0,90% no IGP-DI (mais 0,57 ponto) e para 1,2% no IGP-10 (mais 0,30 ponto).


Em parte, essa aceleração menor nos preços no atacado está relacionada com a variação do dólar, que após subir 11% no acumulado de março, chegou a abril mais comportado e tem oscilado para baixo (ontem fechou com queda de cerca de 2% sobre o fim de março).


Ao longo de abril, já está na conta dos economistas um recuo maior dos preços ao consumidor. Os IPCs devem sair de mais de 1,3% do fim de março para a casa do 0,6%. De abril em diante o comportamento do câmbio e dos preços no atacado vão influenciar parcela importante da inflação ao consumidor. Nesse sentido, a redução das pressões observadas no IGP-10 é uma boa notícia.


Pelo lado da atividade, o dado do IBC-Br é bom, porque mostra uma alta, quando se esperava queda, mas confirma que há uma desaceleração na atividade econômica. Os dados do primeiro bimestre mostram queda de 0,27% em relação ao último trimestre de 2014, na série com ajuste sazonal. Esse movimento, que é ruim para o crescimento e corrobora expectativas de aumento do desemprego, pode ter impacto positivo na inflação ao reduzir espaço para reajustes de preços. Custos importantes (como energia elétrica e combustíveis) subiram forte no primeiro trimestre.


Controlar o repasse de toda essa alta para os demais preços é a tarefa que compete ao Banco Central. Por enquanto, nem o IBC-Br nem a inflação sancionam um fim do aumento da taxa básica de juros. Mas os dois índices reforçam a percepção de que o fim está próximo, embora não agora. Nos dias 28 e 29, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ainda se espera mais um aumento na Selic.



Com pressões menores, IPCA-15 deve desacelerar


Por Arícia Martins | De São Paulo


A sazonalidade mais favorável dos alimentos e o menor impacto da recomposição de itens administrados serão ajudas importantes à inflação após o primeiro trimestre. Mas, mesmo com pressões menores, as expectativas são de que os preços continuaram a subir na primeira quinzena de abril. A projeção média de 16 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) acelerou 0,99% neste mês, depois de ter avançado 1,24% em março.


As estimativas para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de alta de 0,72% até 1,1% e contam com novo aumento do indicador acumulado em 12 meses. Segundo os analistas, nessa medida, o IPCA-15 passou de 7,9% no mês passado para 8,11% em abril.



Adriana Molinari, da Tendências Consultoria, estima que o IPCA-15 cedeu para 0,98%, nível ainda elevado para o quarto mês do ano, porque os reajustes extraordinários das tarifas de eletricidade em vigor desde o começo de março não saíram totalmente do índice. Por conta dessa pressão remanescente, diz Adriana, o grupo habitação ainda deve ter mostrado alta considerável, de 3,3%, acima da taxa de 2,78% registrada na prévia do mês passado, mas em patamar inferior ao do IPCA fechado, que ficou em 5,29%. Em seus cálculos, as contas de luz subiram 12,8% na leitura atual do indicador, após aumento de 10,91% em março.


Outra influência que deve impedir um recuo mais expressivo do IPCA-15 em abril, de acordo com a economista, é o reajuste médio de 6% nos medicamentos, aprovado no fim de abril pelo governo. Ao contrário do observado nas outras correções de preços administrados, esse aumento será diluído ao longo do ano, mas Adriana avalia que a inflação do grupo de saúde e cuidados pessoais desacelerou menos em função desse impacto, de 0,96% para 0,84%.


Mesmo a parte de alimentação e bebidas, que costuma mostrar números mais tranquilos nesta época do ano, passados os problemas climáticos típicos do primeiro trimestre, ainda deve ser afetada por alguns focos de pressão em abril, comenta a analista da Tendências. Em seus cálculos, a alta dos alimentos diminuiu de 1,22% para 0,94% na passagem mensal, mas esse movimento esconde vetores distintos: a deflação em alguns itens in natura, conforme a sazonalidade desses preços, e, por outro lado, o aumento de carnes e laticínios, trajetória já observada nos índices de inflação do atacado, e os efeitos do câmbio em algumas commodities, como a soja e o trigo.


Segundo Fabio Romão, da LCA Consultores, a alimentação desacelerou para 0,99% na prévia de abril, com ajuda tanto dos preços no domicílio quanto fora de casa. Romão projeta que os preços de alimentação fora recuaram de 1,24% para 1,01%. A perda de ímpeto depois de março é um movimento sazonal, destaca ele, mas, neste ano, também pode ter o desaquecimento da atividade econômica como explicação adicional. "As famílias podem estar mais reticentes em relação a esses gastos, que também são em parte ligados ao lazer."


Para a equipe econômica do Itaú Unibanco, que trabalha com aumento de 1,05% para o IPCA-15 deste mês, alimentos e bebidas deram contribuição de 0,22 ponto percentual ao indicador. A maior participação, no entanto, é estimada para o segmento de habitação, em 0,57 ponto, peso relacionado à alta de 2,4% prevista para os preços monitorados.


Romão, da LCA, calcula que a inflação de itens administrados vai desacelerar um pouco mais no período, de 2,89% na prévia de março para 2,11% em igual período de abril. Enquanto as tarifas de energia se mantiveram pressionadas, a alta de 6,68% da gasolina observada na medição passada do IPCA-15 deve ter sido quase totalmente diluída neste mês, afirma ele, devido ao fim do impacto do aumento de impostos sobre o combustível e, também, à influência do etanol. Com a entrada da safra da cana-de-açúcar, o economista projeta que os preços do álcool combustível tiveram deflação de 0,80%.


Já a partir de abril, os analistas ouvidos esperam que as variações mensais do IPCA fiquem abaixo de 1%, com a saída de cena dos reajustes extraordinários de tarifas públicas que se concentraram de janeiro a março. Apesar desse alívio, Romão destaca que, de abril a julho, a inflação ainda deve superar os índices registrados em igual período de 2014. O repasse do câmbio mais depreciado, a inércia e os aumentos de custos ligados a energia impedem uma desaceleração maior dos preços, segundo ele.


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