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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 15-04-2015 - 10:26 -   Notícia original Link para notícia
Política de elevação da Selic ganha força

Novos diretores, indicados para o Banco Central, dão sinais de continuidade da política de gestão dos juros


Brasília - Após longa sabatina na manhã de ontem, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou as indicações de Otavio Damaso e Tony Volpon para integrar a diretoria do Banco Central. Foram 22 votos a favor e dois contra. Damaso, que é economista e foi indicado à diretoria de Regulação do banco, disse durante a sabatina no CAE que não teria aceito o cargo se o órgão não tivesse autonomia operacional. Se não tivesse convicção de que a presidente Dilma dá autonomia ao BC. Mas evitou, entretanto, expressar sua opinião em relação à necessidade de o governo tornar oficialmente o BC independente, discussão antiga.

Os dois indicados para assumir vagas no Comitê de Política Monetária (Copom) deram sinais claros de que o Banco Central continuará a apertar a política de combate à inflação, ou seja, seguirá a aumentar os juros básicos do País. Na sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Octavio Damaso e Tony Volpon reforçaram a ideia de que o Banco Central tentará alcançar o centro da meta de inflação de 4,5% no ano que vem ao dizer que o BC será "intransigente" com o aumento de preços.

"Manter a inflação em padrão baixo e estável deve ser compromisso de todo o governo. Cabe ao BC conduzir a política monetária com objetivo exclusivo de manter a inflação sob controle. o principal contribuição do BC para a sociedade. O BC deve ser intransigente nesse objetivo", frisou Damaso, indicado para o cargo de diretor de Regulação do BC.

Os dois indicados foram aprovados pela CAE. No entanto, a vitória não foi unânime. Cada um recebeu dois votos contrários e dois a favor. Agora, os dois nomes devem ser encaminhados para o plenário do Senado Federal.

Já Tony Volpon, que deve ser nomeado para a diretoria de Assuntos Internacionais, também reforçou um discurso mais forte da autarquia. "Ter a inflação oscilando em torno do centro da meta de 4,5% é o primordial propósito do Banco central do Brasil. O que foi alcançado até agora não tem sido suficiente", afirmou. A indicação de Volpon foi considerada um sinal de que o BC começaria a fazer o que o mercado financeiro pede há tempos: aumentar os juros para frear a economia e levar a inflação para o centro da meta.

"Não acredito que um pouquinho a mais de inflação seja ok. Com mais inflação, não chegamos a lugar algum - concluiu Tony Volpon. Extremamente bem preparados para a sabatina, os dois diretores repetiram argumentos de destaque no último relatório trimestral de inflação, publicado no fim de março. E ainda esquivaram-se de perguntas polêmicas como se defende ou não a independência do Banco Central.

"Eu nunca estudei a fundo o tema. O congresso é que tem de conduzir o debate. Olhando pela ótica da condução da política monetária, o que interessa em termos práticos é a autonomia operacional e isso tem sido observado", afirmou Damaso, que completou após uma réplica de um senador insatisfeito. "Não aceitaria esse cargo se não soubesse que a presidente Dilma Rousseff não concederia a autonomia operacional do BC".


Dólar - Tony Volpon defendeu o programa de colocação de contratos de swap - um clássico instrumento de proteção cambial - apelidado de ração diária. Para ele, foi essencial para permitir a estabilidade financeira. "Foi o único período na nossa economia em que nós vimos uma desvalorização cambial deste tamanho e nós não vimos uma fuga de capitais", frisou.

Volpon ainda falou que o dólar mais alto deve contribuir para um ajuste das contas externas. E ainda disse que, para ele, a moeda americana deve estar já num patamar de equilíbrio. "Estamos talvez no equilíbrio da taxa de câmbio." Damaso lembrou que a alta do câmbio é um dos fatores que interfere na inflação. E disse que isso e a alta de tarifas públicas, represada no passado, também causa a estilingada vista atualmente nos preços.

"De fato, a inflação está alta neste momento. Não tem condições de o Banco Central travar uma batalha direta contra esses dois elementos. Tem de evitar que isso venha comprometer que a inflação venha para o centro da meta", reforçou. (AE/AG)


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