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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 14-04-2015 - 09:45 -   Notícia original Link para notícia
Projeção de inflação em 12 meses fica abaixo de 6%

Por Ana Conceição e Arícia Martins | De São PauloAndré Muller, da Quest: o IPCA em 12 meses chegará a 5,7% em março do ano que vem, depois de encerrar 2015 em 8,2%


Com os fortes aumentos de preços administrados - sobretudo de tarifas de energia - concentrados no primeiro trimestre, as expectativas para a inflação nos próximos 12 meses já começam a ceder de maneira um pouco mais significativa, se comparadas com projeções ainda bastante altas para o ano de 2015 fechado. De acordo com o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses baixou, de 6,11% para 5,99%. É a primeira vez que o mercado vê a inflação em 12 meses abaixo de 6% desde julho do ano passado.


Ontem, mesmo a previsão dos analistas de mercado para a inflação deste ano mostrou ligeiro recuo, após o índice de março ter vindo um pouco menos pressionado do que a média esperada. Após 14 semanas consecutivas em alta, a projeção para alta de preços neste ano cedeu. Os analistas acreditam agora que o índice vai terminar o ano com alta de 8,13%, em vez dos 8,20% estimados na semana anterior. A aposta para 2016, contudo, permanece em 5,60%, longe da meta de 4,5% perseguida pelo Banco Central. A previsão para o desempenho da economia este ano parou de piorar também após 14 semanas consecutivas de queda nas expectativas para o PIB.


A revisão ocorre após a divulgação do IPCA de março, na quarta-feira passada, que subiu 1,32%, um pouco menos que o 1,38% esperado pela média das projeções colhidas pelo Valor Data. Essa foi a maior variação para o mês desde 1995, quando avançou 1,55%. Em 12 meses, o índice oficial de inflação subiu 8,13%, a maior alta nesta comparação desde dezembro de 2003.



Para Cristiano Oliveira, economista-chefe do banco Fibra, a leve queda na previsão para a inflação deste ano está associada somente à surpresa com o índice do mês passado, e não embute uma melhora das perspectivas para os próximos meses. "Foi muito mais um ajuste automático do que uma revisão de estimativas. Por isso o efeito ocorreu somente nas expectativas para 2015", diz Oliveira, que trabalhava com aumento de 1,34% para o indicador de março.


Como o desvio em relação ao resultado foi pequeno, o economista não alterou sua previsão de 8,3% para o avanço do IPCA neste ano. Oliveira observa, no entanto, que o desaquecimento mais rápido do mercado de trabalho pode levar a inflação a registrar alta pouco menor que a prevista atualmente em 2015, efeito que também será o principal vetor de desaceleração para o indicador em 2016. No cenário do Fibra, o IPCA vai ceder para 5,20% no próximo ano.


A descompressão da expectativa inflacionária para os próximos 12 meses, porém, ainda não reflete essa avaliação, mas sim a saída da conta dos primeiros três meses de 2015, que registraram inflação mensal acima de 1,2% devido aos reajustes de preços administrados. "Isso tem mais a ver com a movimentação da janela [de tempo]", diz André Muller, da Quest Investimentos. Em suas estimativas, o IPCA em 12 meses chegará a 5,7% em março do ano que vem, depois de ter encerrado 2015 em 8,2%.


Nas últimas três semanas, os analistas de mercado reduziram as previsões para o superávit primário do próximo ano, distanciando-se da expectativa do governo, que prometeu entregar uma economia de 2% do PIB para pagar a dívida pública. O boletim Focus de ontem mostrou que a mediana das estimativas para o primário de 2016 caiu de 1,8% para 1,75% no fim de março e de 1,75% para 1,7% no início de abril. A expectativa para 2015 também está aquém da "meta" do governo, de 1,2% do PIB, mas se estabilizou em 0,9%.


Credit prevê início de retomada no 3º ou 4º tri


Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre


A economia brasileira pode iniciar um processo de retomada de crescimento no terceiro ou no quarto trimestre deste ano, "mas num ritmo bem reduzido", prevê o economista-chefe do banco Credit Suisse no Brasil, Nilson Teixeira. Segundo ele, embora setores do governo entendam que a recuperação pode começar já neste segundo trimestre, isto é "possível", mas não "muito provável".


Para o executivo, a retomada pode ocorrer a partir do segundo semestre, porque os fatores que contaminaram o desempenho até agora já terão sido parcialmente absorvidos ou descartados, como o aumento dos preços da energia, os riscos de racionamento e a ameaça de redução do rating do país. Mesmo assim, o banco mantém as projeções de retração de 1,3% no PIB brasileiro em 2015 e alta de apenas 0,8% em 2016.


Teixeira também afirmou que é "muito prematuro" falar em tendência de desaceleração da inflação a partir da estimativa, divulgada ontem pelo boletim Focus, de IPCA acumulado de 8,13% em 2015, ante 8,2% na semana anterior. Foi a primeira redução na projeção em 14 semanas, mas o Credit Suisse mantém a estimativa de 8,5% para o acumulado deste ano, disse o executivo, que participou, em Porto Alegre, da abertura do Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE).


Para o economista, a permanência da inflação em patamares elevados durante um longo período torna mais difícil o recuo do índice em 2016, mesmo com o aumento da taxa de desemprego. Por isso, o banco segue com a projeção de IPCA de 6,5% em 2016, acima das previsões médias do mercado e do Banco Central.


Segundo Teixeira, o nível de preços se mantém elevado no país porque "historicamente" o aumento de impostos tem peso maior do que a redução de gastos do governo nos processos de ajuste fiscal. Ele reconheceu que a atual equipe econômica tem limites para escolher a melhor "composição" do ajuste, mas lembrou que as escolhas têm consequências que "não se restringem a este ano".



Grupo que mais acerta já vê IPCA em 8,73% no ano


Por Arícia Martins e Ana Conceição | De São Paulo


Na contramão da melhora da percepção do mercado em geral com relação aos preços, os analistas Top 5 - aqueles que mais acertam as previsões no boletim Focus divulgado pelo Banco Central- veem cenário mais deteriorado. A mediana para o IPCA deste ano do grupo que tem maior índice de acerto no médio prazo teve forte alta, de 8,44% para 8,73% e, para 2016, de 5,64% para 6,40%. Já a estimativa das instituições de curto prazo para este ano subiu menos, de 8,16% para 8,25%, enquanto a expectativa para o ano seguinte passou de 5,55% para 5,69%.


Segundo André Muller, da Quest Investimentos - instituição que está no top 5 de curto prazo -, o comportamento mais fraco dos salários e a permanência dos índices de preços em níveis abaixo do previsto no curto prazo podem levar a novos cortes na mediana para o IPCA deste ano. Especificamente nesta semana, no entanto, o pequeno alívio nas projeções foi um movimento pontual. "Por enquanto, 8,2% é uma projeção equilibrada", diz.


Os analistas que mais acertam veem um dólar mais valorizado ao fim de 2015. Eles elevaram suas estimativas de R$ 3,32 para R$ 3,40, enquanto o mercado em geral manteve a aposta de R$ 3,25. Quanto aos juros, a mediana para a Selic seguiu em 13,25% neste ano e em 12% ao fim de 2016. Entre os Top 5, a aposta baixou de 13,75% para 13,50% neste ano e seguiu em 12% em 2016.


Já as projeções para o PIB este ano pararam de piorar e seguiram em queda de 1,01%. Para 2016, contudo, a previsão foi revisada para baixo, de crescimento de 1,10% para 1%. A estimativa para a produção industrial saiu de queda de 2,64% para recuo de 2,50% em 2015 e seguiu em aumento de 1,50% em 2016.


Preços para a terceira idade subiram 4,16% em média no primeiro trimestre


Por Robson Sales | Do Rio


O avanço dos preços administrados no primeiro trimestre do ano empurrou para cima o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que registrou variação de 4,16% nos primeiros três meses de 2015, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador mede a variação da cesta de produtos e serviços consumidos por famílias majoritariamente compostas por indivíduos com mais de 60 anos. Em 12 meses, o IPC-3i acumula alta de 8,56%. Com esse resultado, a variação do indicador ficou abaixo da taxa acumulada pelo IPC-BR, que foi de 8,59%, no mesmo período, porém acima do IPCA, que nos 12 meses encerrados em março acumula alta de 8,13%.


A concentração num mesmo período dos reajustes das tarifas de ônibus, energia elétrica e gasolina fizeram com que a taxa desse trimestre fosse praticamente o dobro da registrada no trimestre anterior. A principal contribuição partiu do grupo habitação, que passou de 1,94% para 6,88%. O item que mais influenciou a alta foi energia, com variação de 35,11% no primeiro trimestre.


"Foi um resultado atípico, que veio de reajustes importantes. Como o preço da energia tem um peso maior para o idoso, que permanece mais tempo em casa, isso faz com que a percepção do custo de vida dele seja ainda maior", afirmou o economista do Ibre/FGV e responsável pela pesquisa, André Braz. Ele acredita que a conta de luz continuará subindo nos próximos meses.


No próximo trimestre, os medicamentos serão o maior vilão para o bolso dos idosos, segundo Braz. Na média, o remédio ficará 6% mais caro após o reajuste concedido a partir do dia 31 de março, que deve fazer com que o índice suba 0,36 ponto percentual nos próximos três meses. A FGV, no entanto, acredita que o IPC-3i será menor no segundo trimestre e deve fechar o período em 2,3%.


Apesar de ter um peso reduzido na cesta de consumo de famílias majoritariamente compostas por pessoas com mais de 60 anos, o dólar deve contribuir para o crescimento do IPC-3i nos próximos meses: "O câmbio acaba batendo nos índices de inflação de forma indireta, como no preço do trigo e soja", completou o economista.


Como ocorreu em outros índices, o que item que mais influenciou a alta da inflação da terceira idade foi a conta de luz, que elevou o custo com a habitação de 1,94% para 6,88%. Nesse grupo outro fator que pesou na conta foi a alta de 8,95% do condomínio. Também subiram os gastos com transportes (1,96% para 4,98%), alimentação (2,92% para 4,31%), despesas diversas (0,56% para 3,65%) e saúde e cuidados pessoais (1,47% para 1,59%). Houve desaceleração das despesas com vestuário (2,16% para -0,64%), educação, leitura e recreação (2,94% para 2,10%) e comunicação (0,85% para 0,38%).



Ibre-FGV vê índice acima do centro da meta definida pelo BC até 2017


Por Robson Sales | Do Rio


Para os pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) o índice oficial de inflação não deve cumprir a meta até 2017. Na avaliação dos economistas do Ibre, o IPCA será pressionado pelo câmbio ao longo do ano e pode terminar 2015 em alta de até 8,6%. "É preciso um choque de expectativa, ou uma valorização cambial que não está no horizonte, para o índice ficar na meta de 4,5%", afirmou a economista Silvia Matos.


Para este ano, no entanto, o principal impacto deverá ser mesmo o reajuste dos preços monitorados: "O realismo tarifário explica bastante dessa recente revisão dos indicadores", afirmou Salomão Quadros, responsável pelos índices de preços da FGV.


Segundo a análise do Ibre, o aumento da fragilidade do mercado interno deverá impedir a recuperação da economia brasileira no curto prazo: há uma contração dos investimentos e um freio do consumo das famílias. O PIB, segundo Silvia, deve fechar o ano em queda de 1,2%. Para o economista Aloisio Campelo, "não há nenhum sinal de recuperação, o que tende a ter uma retroalimentação na desaceleração da economia".


Os economistas projetam redução da renda familiar de 0,6% em 2015 e também estimam que a taxa de desemprego calculada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que mede o mercado de trabalho nas grandes cidades, será de 6,2%. Medida pela Pnad Contínua, a taxa ficará em 7,7%. Para o economista Samuel Pessôa, "do ponto de vista doméstico há enorme dificuldade da recuperação da economia".


"Apesar de todo esse cenário complicado, a gente não resolveu a inflação, a gente não resolveu o ajuste fiscal", afirmou Armando Castellar. "O ajuste externo ainda não está acontecendo. Talvez o cenário, que já é complicado, tenha que ser ainda mais complicado", completou o economista da FGV.


"Outra característica importante do mundo moderno é o fortalecimento do dólar", afirmou José Julio Senna durante o seminário. "E os ciclos tendem a ser longos, esse aqui ainda é o começo de uma tendência de alta. É muito pouco provável que a gente esteja no final de um ciclo", avaliou. Para o grupo do Ibre, a moeda americana deve subir para R$ 3,40. Na avaliação do especialista, "há um desequilíbrio na recuperação econômica, os Estados Unidos estão mais fortes que o restante do mundo, e isso deve persistir", afirmou Senna.


Durante o seminário realizado na sede da FGV, os economistas do Ibre também indicaram que o superávit este ano deve chegar a 0,7% do PIB, abaixo da perspectiva para 2016, que é de 1,2%. Silvia Matos, no entanto, fez um alerta: "Sem crescimento, realmente é muito difícil ampliar o superávit". A economista acredita que o prejuízo nas transações comerciais será menor este ano.



S&P mantém grau de investimento de SP e MG


Por Tainara Machado | De São Paulo


A agência de classificação de risco Standard & Poor's reafirmou a nota de crédito de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina em "BBB-", uma nota acima do grau especulativo. Já Rio e Paraná perderam o grau de investimento pelo desempenho fiscal frustrante em 2014, segundo a S&P.


Em relatório, a agência afirmou que manteve a nota "BBB-" na "expectativa de que o governo continue a controlar a despesa operacional e os gastos com investimentos em meio a um ano de recessão, ao mesmo tempo em que gradativamente reduz seu endividamento".


De acordo com as projeções da S&P, o superávit operacional de São Paulo deve diminuir de 8% para 6% da receita entre 2014 e 2015, já que é pouco provável que o Estado consiga manter a arrecadação extraordinária obtida no ano passado com o Programa Especial de Parcelamento. A S&P projeta elevação de 3% a 4% para a receita em termos nominais, abaixo da inflação de 7,9% projetada para o ano. No entanto, a agência espera que os gastos com investimento sejam reduzidos, o que deve diminuir o déficit após as despesas de capital. De resultado negativo de 1%, a S&P espera estabilidade em 2015.


Minas também deve reduzir investimentos. Depois de déficit de 3,5% em 2013, considerando os gastos de capital, o Estado reduziu o resultado negativo para 0,75% da receita, já que os desembolsos de empréstimos foram atrasados durante o ciclo eleitoral. Os investimentos, que superaram 5% da receita nos últimos anos, devem cair abaixo desse nível, resultado do ajuste fiscal em curso no plano estadual. A nota de Santa Catarina também foi mantida em "BBB-", que reflete a expectativa de que o Estado "vai continuar a registrar resultados fiscais adequados".


Entre os rebaixados, a S&P cortou a nota do Rio de "BBB-" para "BB ", com perspectiva estável. Segundo a agência, a piora reflete a deterioração da situação fiscal do Estado a partir de 2012. No caso do Paraná, que também teve a nota reduzida de "BBB-" para "BB ", a perspectiva é negativa, já que ainda não estão claras as políticas a serem adotadas para melhorar a liquidez e a posição financeira do Estado nos próximos dois anos.


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