Leitura de notícia
Valor Online ( Agronegócio ) - SP - Brasil - 13-04-2015 - 08:12 -   Notícia original Link para notícia
BB fortalece pré-custeio com linha de juros mais elevados

Diante da insuficiência de recursos com juros subsidiados para financiar o chamado "pré-custeio" da próxima safra (2015/16), o Banco do Brasil decidiu ofertar uma outra linha de crédito com recursos próprios para atender a essa demanda. A alternativa tem uma taxa média de juros de 9,5% ao ano, acima da taxa média de 6,5% do crédito rural que vigora neste Plano Safra 2014/15.


Na primeira entrevista que concedeu sobre o tema, o vice-presidente de Agronegócios do BB, Osmar Dias, admitiu ao Valor "uma dificuldade momentânea" na concessão de empréstimos para o custeio rural. Segundo ele, isso acontece porque a instituição sofre desde o início do ano com a queda no volume de depósitos à vista e de aplicações de poupança rural, tradicionais fontes de recursos para o crédito rural.


O Banco Central determina um limite percentual máximo, tanto dos depósitos quanto de poupança, para que as instituições financeiras direcionem ao crédito rural. São as chamadas exigibilidades. Contudo, neste momento os recursos advindos dessas fontes para o Banco Brasil são insuficientes para atender à demanda dos produtores interessados.


"Decidimos continuar usando recursos provenientes de poupança e depósito, mas como eles não são suficientes neste momento, resolvemos fazer um mix com recursos livres. Dessa forma, a média [de taxa de juros] dá mais que 6,5%. No entanto, ainda assim é uma taxa abaixo da Selic [atualmente em 12,75% ao ano]", lembrou o executivo do BB.


Segundo ele, desde a última quinta-feira o banco já está oferecendo a linha de crédito alternativa para pré-custeio, que ficará em vigor por quatro meses. Antes desse prazo expirar, o governo definirá qual a taxa média de juros que deverá ser adotada no Plano Safra 2015/16, que entrará em vigor em 1º de julho. Apenas entre os dias 9 e 10 de abril, foram liberados R$ 100 milhões da linha alternativa para o pré-custeio, afirmou o executivo.


Desde fevereiro, agricultores de várias regiões do país se queixam de não conseguir acessar os empréstimos para pré-custeio com a taxa de 6,5%. Normalmente, esses recursos são contratados pelos produtores para financiar a aquisição de insumos e maquinário. Além da queda das exigibilidades, existe também no mercado uma percepção de que as instituições financeiras elevaram sua aversão a risco, o que tende a ampliar as exigências de garantidas e tornar o crédito, de forma geral, mais escasso.


O Banco do Brasil estima que a demanda por pré-custeio entre abril e junho chegará a cerca de R$ 7 bilhões, mesmo patamar de igual período do ano passado.


"Na quinta-feira, falei inclusive com a ministra Kátia Abreu que, até junho, nossa taxa para pré-custeio é essa [9,5% a.a]. Se ela, negociando com o Ministério da Fazenda, conseguir mais recursos equalizados, aí até podemos baixar os juros. Mas acho difícil", disse Dias.


O vice-presidente de Agronegócios do BB também informou que já propôs ao Tesouro a ampliação das exigibilidades para a poupança rural (dos atuais 70,29% para 76%) e o depósito à vista (do patamar atual de 34% para 38%). Isso permitiria ao banco ampliar sua oferta de crédito rural. Essa decisão, entretanto, cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN).


No mercado, a alternativa de complementar crédito rural com recursos livres gerou incertezas. Na visão do presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes, o custo final do crédito composto com juros livres acabará, com isso, saindo por cerca de 12% ao ano. "É caro e nem sempre o produtor tem certeza que terá retorno no seu negócio", afirma o dirigente.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.