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Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 12-04-2015 - 10:03 -   Notícia original Link para notícia
Beleza para a mulher comum

Maquiagem privilegia tons clássicos e produtos que neutralizam a umidade


Laura Valente


Publicação: 12/04/2015 04:00



 


 


Aos 42 anos, a paulistana Julia Petit está ainda mais bonita e estilosa que aos vinte e poucos, quando já circulava com desenvoltura pelo meio artístico e cultural da maior capital brasileira e de outras plagas mais. Filha do bem-sucedido publicitário espanhol Francesc Petit (falecido em 2013), ela começou a carreira de produtora ainda adolescente, na conhecida agência DPZ. Ali, teve acesso privilegiado a tudo que envolve música, cinema, moda, arte em geral. Curioso é que na época os profissionais dos bastidores nem sequer podiam contar com diversidade de produtos em termos de maquiagem e equipamentos, o que chamava ainda mais a atenção da menina, que acompanhava de perto o trabalho de top maquiadores e cabeleireiros que se viravam para fazer muito com pouco, como Lili Ferraz e Marco Antônio de Biaggi. Ativa, curiosa e disposta a trabalhar desde cedo, adquiriu uma bagagem consistente antes de partir para projetos pessoais, as empresas Ludwig Van e Menina Produtora.


 


A carreira ia bem, obrigada, quando Julia precisou abrir mão da produção publicitária para se dedicar exclusivamente ao Petiscos, site independente criado por ela em 2007. Um dos primeiros endereços eletrônicos do país baseado na publicação de conteúdos de beleza, decoração, arte, moda, música, esportes, tecnologia e viagem, logo estourou na web. Pouco mais tarde, conquistou mais fãs a partir da postagem de vídeos tutoriais nos quais ela se filma durante sessões de automaquiagem ou bolando novos penteados. "Minha casa sempre foi o ponto de encontro para as amigas se arrumarem antes das festas.


 


Os tutorias do Petisco funcionam nesse mesmo esquema, uma mulher dando dicas para outra ", explica. Só no més de fevereiro, o site registrou 6.036. 291 pagesview ou visualizações. Senhora de sua fama e beleza "chique sem fazer esforço", mãe de Nina (de 21 anos) e respeitada formadora de opinião entre gerações de brasileiras, a ruiva acaba de conquistar mais um feito: assina uma coleção com 11 produtos de maquiagem para a indústria de cosméticos M.A.C., que será distribuída em mais de 30 países. Ao longo da história da grife, houve parcerias como Catherine Deneuve e Miley Cyrus. "O mais importante é ofato de uma empresa multinacional desse porte estar olhando para o Brasil", registra ela em postura de gente como a gente. Confira na entrevista a seguir mais sobre a mulher que ficou conhecida como fada madrinha da beleza em versão on-line.


 


Como foi crescer no contexto de uma das maiores agências de publicidade do país? 
Sempre havia muitas revista e livros em casa, de arquitetura, moda, arte, restauração. Meu pai, além de publicitáro, também é pintor, então existia essa atmosfera bem artística, com tintas, telas, pincéis. E cedo já quis trabalhar na agência. Fui assistente de tudo e comecei a conviver com o povo de cinema e de publicidade, modelos, músicos, produtores, maquiadores, cabeleireiros...

O interesse em maquiagem vem dessa época? 
Ficava louca quando via Lili Ferraz maquiando ou Marco Antônio de Biaggi fazendo um cabelo, principalmente por ter sido uma época que exigia muita criatividade porque havia pouquíssimos recursos em termos de maquiagem, acessórios, equipamentos como secador ou baby-liss. Nesse contexto, todo mundo vivia junto e foi muito lúdico porque acompanhei a evolução de muitos profissionais, que se tornaram amigos. Acompenhei aquele dia a dia, aprendi muito pela convivência, por perguntar.

Quando começou a se maquiar? 
Nem consigo determinar, porque foi de improviso, de brincadeira. Minha mãe sempre costurou, ensinou a cultura da customização, de pegar uma linha e um tecido e se virar para criar fantasias de carnaval ou outras peças. Minha irmã, que é fotógrafa, gostava de fazer maquiagen loucas em mim, e aquilo aguçava minha curiosidade, me encantei pelo poder de transformação. E quando começaram as festas da adolescência, todas as amigas vinham se arrumar na minha casa. Com isso tudo fui desenvolvendo a habilidade.

Levou essa habilidade para o site imediatamente?
Demorei um ano e meio para fazer tutorial no site. E é um contato muito íntimo com a câmera. Mais uma vez, comecei meio de improviso, porque não havia sites e blogs de maquiagem nacionais como hoje. Então, como sempre gostei de buscar referências em livros, filmes e desfiles, em entrevistas com maquiadores, foi possível começar esse trabalho de maneira mais autêntica.

É difícil mostrar esse intimidade para o mundo? 
Nuna tive muito pudor dessa coisa de me mostrar sem maquiagem. Minha intenção é mostrar que aquele processo de maquiagem ou arrumar um cabelo não tem segredo.

Como teve a ideia de criar um site de conteúdo nos primórdios dessa ferramenta aqui no Brasil?
Adquiri muita bagagem realizando pesquisas como produtora. Lá, ainda no departamento de rádio e TV da DPZ, já queria enviar conteúdos de áudio e vídeo por e-mail, coisa que nem era possível na época. Mais tarde, quando surgiram os primeiros sites, achava o leiaute fraco, a publicidade horrorosa, e comecei a pensar em minha capacidade para fazer de forma diferente. Durante um perídodo escrevi para a Contigo!, depois o IG me convidou para ter um site no portal e comecei. O site cresceu muito rápido e dali criei um outro endereço independente, já com intenção de experimentar o mercado publicitário.

Quando percebeu que tinha um estilo próprio? 
Quando se vive muito tempo, você já viu, experimentou, sabe o que fica bom ou pula determinadas produções. E cheguei a um ponto em que não gosto de me sentir vítima de tendência. Há peças maravilhosas, mas não gosto de seguir nada. Se vejo muito, cansa. Na vida, no dia a dia, sou simples para me vestir. Nunca poderia ter um blog de estilo porque repito a mesma roupa, ou roupas semelhantes muitas vezes.

Quais são as peças preferidas do seu closet? 
Calça de couro preta e saia-lápis, tenho umas seis de cada. E cada vez menos peças. Reduzi muito a quantidade, ando gostando de pouca coisa, e muito de repetir, mudar, tranformar uma peça em outras.

Na era da informação, quais são os critérios usados para eleger os 18 posts diários do Petiscos? 
O que é interessante pra gente, a equipe de 15 profissionais. Assim mantemos o frescor. Também nos policiamos para não entrar em assuntos muito explorados. Geralmente, elegemos um ponto de vista muito específico, algo divertido. Pensamos que o clique não é o mais importante, mas a influência, aquilo que faz diferença na vida das pessoas. Até quando criticamos.

A crítica é um diferencial? 
Ah, sim, e não temos censura. Outro dia li uma matéria sobre o quanto o mercado editorial de moda está ficando desinteressante por estar preso aos anunciantes, ter se tornado acrítico. Na Internet há, ainda, a preocupação não em falar o que pensa, mas aquilo que todo mundo mostra. Torna-se apenas um descritivo. Penso que, nesse contexto, uma boa matéria deve emitir opinião.

Você tem ascendência européia. Quantas línguas fala?
Português, espanhol, catalão e inglês. Entrei na aula de francês, arranho, mas ainda não falo.

Como surgiu a proposta de parceria com a M.A.C.?
Há dois anos e meio solicitaram uma reunião. Até imaginei que fosse uma reunião sobre publicidade, mas durante o encontro falaram sobre as coleções especiais e me convidaram para assinar uma delas. Na hora nem consegui responder. Quando a ficha caiu comecei a pensar em todos os comentários das petisquetes (público do site), sobre as dificuldades e os desejos, e fui pensando em produtos com recursos como adaptação ao calor e a umidade e que fossem ideais para todos os tons de pele das brasileiras: clara, amarela, negra.

Daí os tons mais "básicos"?
Busquei tons naturais e fáceis de usar. Para mim, o importante é a mulher de todos os país entender rápido que o produto vai ficar bom. Poderia ter usado todas as cores da paleta, mas no fim quis fazer uma linha com cores mais fácies, versátil, para a mulher moderna ou clássica. Amo a maquiagem mirabolante também, mas optei por não dificultar a maquiagem. O simples também por resultar em processos incríveis.

Qual é a sensação de ser conhecida no mundo todo como referência em bom gosto e beleza?
Essa parceria me emociona, mas o mais legal é perceber que uma empresa como a Ester Lauder está apostando no Brasil. A sensação não é sobre mim, mas a de estarem absorvendo a importância de um país em que a indústria cosmética cresce. Tenho orgulho de levar essa coleção que fala do Brasil para brasileiras e para estrangeiras. Pode parecer uma ação pequena, mas é muito significativa por levar nossa cultura para fora não como folclore, mas como um povo que também é urbano, também é São Paulo, também é do mundo.

Você é mãe. Quais são os maiores desafios em educar uma jovem no contexto da moda?
A Nina está com 21 anos. Nesse tempo todo, sempre tive medo de que ela gostasse muito de moda, que é maravilhosa quando não você não deixa a onda te mastigar, quando você vê a mágica, mas não deixa a onda te levar. Então, quando ela era e pedia para ir a desfiles eu procurava algum mais lúdico, autoral, que fosse também divertido. Com o tempo, ela passou a pedir menos e, hoje, quando vai, é acompanhada por uma amiga. Fica invisível, ninguém sabe que é minha filha, não vai associada a mim. No fim, ela é uma menina super básica, simples, comum. Faz redação publicitária e tem uma relação super saudável como isso tudo. Ainda bem porque a moda pode te enganar, fazer você acreditar que só é especial se tem aquilo, e não é.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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