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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 11-04-2015 - 12:52 -   Notícia original Link para notícia
Mobilidade urbana em xeque na Capital

A solução do problema de mobilidade urbana que existe hoje em quase todas grandes cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte, passa por várias questões, mas sempre chega ao aprimoramento do transporte público. Investimentos em infraestrutura, adoção de rodízio de automóveis, criação de pedágio urbano e até a restrição do crédito para a aquisição de carros são medidas que podem amenizar os impactos negativos de um trânsito cada vez mais caótico. Mas sem um transporte público de qualidade, todas se tornam soluções paliativas.

A avaliação é do especialista em planejamento e operação de transportes e tráfego e primeiro diretor-presidente da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Osias Baptista Neto, que destaca que nos últimos dez anos, grandes transformações foram observadas na capital mineira. A começar pelo volume de veículos, já que hoje há o dobro de automóveis espalhados pelas ruas de uma mesma cidade.

"Por mais que se invista em infraestrutura, por meio do aumento do sistema viário com o alargamento das ruas, esta não é a única solução, até porque, não adianta ampliar o espaço dos automóveis, sendo que o que se faz necessário é o aumento do espaço para a locomoção das pessoas, seja por qual veículo for", explica.

Baptista Neto cita que cada automóvel ocupa em média 25 metros quadrados e que se hoje em Belo Horizonte há 1,6 milhão de veículos, o espaço gasto em média é de 40 milhões de metros quadrados ou 40 quilômetros quadrados.

"Por isso, a solução não é ampliar o espaço deles, porque quando se faz isso, o que ocorre é uma diminuição do espaço das pessoas e uma invasão cada vez maior das cidades. Pelo contrário, é preciso tirar os espaços dos carros e devolver para as pessoas, o que também passa por uma mudança de conceito, em que as pessoas também precisam se conscientizar da importância do uso de transporte público de massa", justifica.


Limitação - O especialista lembra que, neste sentido, o mundo inteiro já converge para a solução dos problemas de mobilidade a partir da limitação do uso de veículos individuais ou familiares. O motivo, conforme ele, são vários, entre eles a própria otimização do espaço e do tempo gasto pelos transportes coletivos e a proposta de mudança dos hábitos pessoais.

Uma das formas de se solucionar principalmente estas duas questões, segundo Baptista Neto, já é praticada em algumas regiões de Belo Horizonte: os corredores e faixas exclusivas para trânsito de ônibus.

Na avaliação do especialista, para que haja mudança na cultura e as pessoas aceitem deixar seus carros em detrimento do uso do transporte público, principalmente quando este último não apresenta condições espetaculares de qualidade, está no tempo de locomoção.

"Hoje, o trajeto do Move da Estação Pampulha até a região central pode ser feito em 11 minutos, enquanto os carros levam cerca de uma hora. Sem contar os gastos que também são minimizados, já que quem opta pelo transporte público deixa de custear com gasolina, manutenção do veículo e estacionamento. O problema é que nem todas as regiões da cidade possuem essa facilidade. Na Estação Vilarinho também era para ser assim, mas a construção de um shopping center no local inviabiliza essas facilidades", explica.

BH está no caminho certo, mas com relativa timidez

O especialista em planejamento e operação de transportes e tráfego Osias Baptista Neto avalia que as soluções para mobilidade que vêm sendo adotadas em Belo Horizonte estão no caminho certo, mas com relativa timidez. "Onde o ônibus está sozinho, o sistema funciona. Onde ele tem que compartilhar o espaço, volta a ficar atrapalhado", justifica.

Em relação a outras possíveis soluções, ele cita os já famosos investimentos em infraestrutura, a adoção de rodízio de automóveis, a criação de pedágio urbano e até a restrição do crédito para a aquisição de carros. Mas ressalta que todas são ações paliativas. "O rodízio é muito complexo, uma vez que hoje a maioria das famílias possui mais de um carro. No dia que não se usa um, o outro cumpre seu trajeto e funções. O caso de São Paulo mostra que embora o sistema tire 20% das placas das ruas a redução da frota é de apenas 7%", afirma.

Já o pedágio urbano, embora o especialista acredite ser a melhor opção dentre estas alternativas, ele pondera que ainda não temos condições de adotá-lo, porque necessitaria de sistemas avançados de acompanhamento dos veículos. "O uso do carro tem que ser caro para as pessoas usarem com consciência, mas, ao mesmo tempo, faz-se necessário que o dinheiro arrecado seja fielmente aplicado no transporte público", resume.

Por outro lado, o especialista em inovação criativa da Fiat Mateus Silveira defende que a quantidade de carros espalhados pela cidade é apenas um dos fatores que resultam nos problemas de mobilidade. Ele destaca que a montadora italiana entende que faz parte de um problema atual da sociedade, mas quer fazer parte também da solução.


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