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Valor Online ( Especial ) - SP - Brasil - 07-04-2015 - 08:57 -   Notícia original Link para notícia
Na contramão, eles ainda veem o PIB positivo

Por Flavia Lima | De São Paulo


Diante de um cenário difícil, o pequeno grupo de economistas que mantinha as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 em terreno positivo começa a jogar a toalha e passa a prever recessão para este ano. No entanto, ainda há quem estime, sim, um PIB positivo para este ano. De um total de 28 instituições financeiras e consultorias acompanhadas pela FocusEconomics, cinco resistiam, ao prever uma trajetória mais benigna para o PIB deste ano, que ia de estabilidade a leve alta de 0,6% em previsões feitas no início de março. Uma delas, a britânica Oxford Economics, informou que revisou o número e agora espera queda de 1,3% para o PIB em 2015. Outra, o BBVA Research, mantém a expectativa de alta de 0,6%, mas avisa que as chances de um corte no percentual são altas, puxadas pelo aperto fiscal e pelos desdobramentos da Operação Lava-Jato.


Por ora, o grupo dos "otimistas" reúne quatro instituições - todas estrangeiras - que ainda apostam numa economia que, se não vai voltar a crescer a taxas mais robustas neste ano, ao menos não deve encolher. São elas: BBVA Research, que espera alta de 0,6% para o PIB de 2015; o Banco de Crédito del Perú e a Capital Economics, ambos com previsão de alta de 0,5%; além do Banco Tokyo-Mitsubishi, que projeta estabilidade para a economia neste ano, segundo o LatinFocus de março, relatório voltado para a América Latina da consultoria sediada em Barcelona, Focus Economics. Ao grupo, se junta a consultoria Macrométrica, do economista Francisco Lopes, que embora não faça parte da lista também destoa da maioria ao prever alta de cerca de 0,5% do PIB em 2015.



Embora o cenário seja de muitas dúvidas, diz o economista da Capital Economics, Neil Shearing, há alguns fatores positivos a ajudar a economia brasileira no médio prazo. A forte desvalorização do real pode favorecer os exportadores do país o que, ao lado do que chama de "afrouxamento da austeridade" no próximo ano, explica a retomada do crescimento em 2016, para algo perto de 1,5%. "Mas sinceramente eu não diria que estamos otimistas", diz Shearing.


Para o economista, é preciso cuidado ao ler o que chama de "pequenas diferenças" existentes entre as previsões de crescimento para a atividade econômica. Além disso, afirma ele, é preciso ter em mente as recentes revisões do PIB feitas pela Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que o Brasil tem crescido a uma taxa ligeiramente mais rápida do que se acreditava anteriormente. "Em resumo, é possível dizer que nossa previsão é de estagnação econômica neste ano, seguida de um crescimento modesto de cerca de 1,5% no próximo", diz ele.


Já Enestor dos Santos, economista-chefe para o Brasil do BBVA Research, pondera que a previsão de alta 0,6% para o PIB brasileiro em 2015 pode ser afetada por um aperto maior do que o esperado nas políticas monetária e fiscal e também pela crise na Petrobras. Além disso, avalia Santos, uma queda mais forte dos preços das principais matérias-primas exportadas pelo país pode, em breve, determinar um ajuste da previsão para 2015. "No atual contexto, uma queda do PIB pode ser inevitável".


Olhando para os dois primeiros relatórios de 2015 da FocusEconomics vê-se que as expectativas para o desempenho do PIB brasileiro em 2015 não começaram o ano nas alturas, mas o grupo dos mais pessimistas era bem menor. Do grupo de 28 instituições acompanhadas, em janeiro apenas o HSBC previa queda para a atividade econômica brasileira neste ano, de 0,5%. Ao lado do banco britânico, entre os mais pessimistas, figuravam ainda a Oxford e a consultoria Pezco Microanalysis, que previam alta de 0,1% e estabilidade, respectivamente. Em fevereiro, o grupo rachou, com quatorze instituições prevendo queda da atividade em 2015 e outras quatorze, leve alta.


No último relatório, referente a março, a mediana já indicava queda de 0,6% em 2015. Entre os mais pessimistas, destacavam-se o Banco Bradesco e o Banco Fator, ambos com previsão de queda de 1,5% para o PIB do ano, e o Banco Safra, cuja expectativa era de recuo de 1,3% do PIB.


Os cerca de cem economistas acompanhados pelo boletim Focus, do Banco Central, estão pessimistas. Entre eles, a mediana é de queda de 1,01% para o PIB deste ano, com leve melhora em 2016 ( 1,1%) e alta ao redor de 2% nos anos seguintes.


Para Shearing, da Capital Economics, o Brasil tem potencial para crescer entre 4% e 5%, desde que adote políticas voltadas ao crescimento econômico, como reformas no sistema tributário e no mercado de trabalho. "Mas o principal desafio é mudar um modelo de crescimento baseado no consumo para outro baseado em taxas mais altas de poupança e investimento, o que deve requerer grandes reformas fiscais."


Inflação acima do teto da meta é unanimidade


Por Flavia Lima | De São Paulo


Se entre as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) é possível encontrar alguns economistas que divergem da maioria ao prever uma leve alta para a atividade econômica em 2015, quando o assunto é inflação não há muita discordância. Desde o início do ano, as 28 instituições financeiras acompanhadas pela consultoria FocusEconomics, em seu relatório voltado para a região, o LatinFocus, vêm aumentado suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2015 em ritmos parecidos e de maneira quase homogênea. O movimento ocorre em resposta ao "realismo tarifário" adotado pelo governo, ao recompor preços represados em combustíveis, transporte público e, especialmente, em energia elétrica.


Em janeiro, as previsões para a inflação giravam em torno de 6,5%, teto da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). Das 28 casas, apenas uma delas destoava do grupo, a Capital Economics, cuja projeção para a inflação brasileira no ano era de 5,4%. A média para o IPCA de 2015 também não se movia muito: em janeiro era 6,5%, nos trinta e sessenta dias anteriores à pesquisa ficava em 6,4%, e em 6,3% nos três meses anteriores à pesquisa.


Em fevereiro, a mediana das expectativas para a inflação se moveu para cima, furando o teto da meta e alcançando 7%. A perspectiva mais otimista mais uma vez ficou com a Capital Economics (alta de 6,4%), enquanto a mais pessimista (avanço de 7,6%) foi do Citigroup.


Em março a mediana das expectativas para a inflação subiu por mais um mês, desta vez para 7,5%. Nove das 28 instituições, dentre elas LCA Consultores e ING, já previam avanço para o IPCA do ano igual ou superior a 8%.


Frontier Strategy Group e Banco de Crédito del Peru, no entanto, sustentavam as perspectivas menos pressionadas (alta de 6,6% para o IPCA em 2015).


A mediana das projeções coletadas pela FocusEconomics está ainda abaixo do mediana captada pelo Focus, do Banco Central, de 8,2%. O movimento, porém, deve ser captado no próximo relatório da consultoria, a ser divulgado em meados de abril.


Se as expectativas para a inflação de 2015 só crescem, o relatório indica que as previsões para 2016 pouco se movem. Em janeiro, a mediana das expectativas para 2016 estava em 5,7%, desacelerando para 5,6% em fevereiro e mantendo-se nesse nível em março. A projeção é idêntica à apontada pelo Focus do Banco Central.



IPCA deve ir a 3,9% no 1º trimestre, preveem economistas



Por Tainara Machado | De São Paulo


O "realismo tarifário" aplicado às contas de luz deve levar a inflação a ter a maior alta desde 1995, considerando apenas meses de março. De acordo com a média das estimativas de 20 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 1,38% no mês passado, após altas de 1,24% em janeiro e de 1,22% em fevereiro.


A última vez que o índice oficial de inflação teve variação acima de 1% por três meses consecutivos foi no primeiro trimestre de 2003, quando a inflação acumulada no período foi de 5,13%. No período entre janeiro e março deste ano, com alta de mais de 30% das tarifas de energia elétrica, o IPCA deve subir 3,9% (caso se confirmem as projeções para março), o equivalente a 60% do teto permitido pelo regime de metas de inflação para o ano inteiro, de 6,5%.


Com esse resultado, o IPCA acumulado em 12 meses deve ultrapassar a marca de 8%, ao alcançar 8,18% no período encerrado em março, mantendo-se neste nível até o fim do ano.



Para Fabio Romão, economista da LCA Consultores, boa parte do avanço esperado para o índice oficial de preços no mês passado está relacionado ao novo aumento da tarifa de energia elétrica no período. Depois de subir 11,68% no primeiro bimestre, o economista estima que a conta de luz deve ter ficado 23,9% mais cara em março.


Romão lembra que a tarifa aumentou porque a taxa extra aplicada às contas de luz quando a bandeira está vermelha (o que sinaliza maior custo de geração) subiu de R$ 3,00 para R$ 5,50 por 100 kWh consumidos.


Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) concedeu uma série de reajustes extraordinários para distribuidoras, de modo a compensar o fim dos repasses do governo federal em auxílio à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).


Nos cálculos de Romão, o IPCA em março subiria 0,53% caso a tarifa de energia não tivesse sido reajustada no mês passado.


Para Leonardo Costa França, economista da Rosenberg & Associados, a alta de 21,02% da conta de luz em março deve ter adicionado 0,67 ponto percentual ao IPCA de 1,39% esperado pela consultoria no mês. Por causa desse aumento, o grupo habitação deve ser a principal fonte de pressão sobre a inflação nesta leitura, ao passar de avanço de 1,22% para um aumento de 5,05% na passagem mensal.


Romão, da LCA, menciona que além desse grupo, os alimentos e bebidas devem ter voltado a acelerar, com alta esperada de 1,23% em março, após aumento de 0,81% em fevereiro. "O primeiro trimestre já é de fortes altas de alimentos, por causa do período de chuvas, mas neste ano as precipitações ficaram mais concentradas em março, o que reforçou a sazonalidade", afirma o economista. As paralisações de caminhoneiros em vários pontos do país também parecem ter contribuído para esse movimento, diz, com aumento dos preços de leites e derivados, por exemplo. Nos cálculos do Itaú Unibanco, que estima alta de 1,33% para o índice em março, os alimentos e bebidas devem adicionar 0,29 ponto percentual à inflação do mês.


Do lado mais positivo, França, da Rosenberg, ressalta que o grupo transportes deve perder força, ao passar de aumento de 2,2% em fevereiro para avanço de 0,69% em março, já que os efeitos do aumento de impostos sobre combustíveis começam a sair da conta.


Para o economista, como os reajuste de itens administrados, como gasolina e transporte público, ficaram concentrados no primeiro trimestre, é possível que o IPCA tenha variações mais moderadas nos próximos meses. Ainda assim, a alta de quase 4% do índice oficial de inflação apenas no primeiro trimestre deve levar o IPCA a encerrar o ano em 7,9%, bem acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, de 6,5%.


Romão, da LCA, concorda. Em sua avaliação, os preços devem ceder gradativamente nos próximos meses, com alta em torno de 0,7% em abril, 0,5% em maio e algo como 0,25% em junho. Ainda assim, diz, não será uma desaceleração suficiente para que a inflação no acumulado em 12 meses fique abaixo de 8% em algum momento deste ano. Para Romão, o pico deve ser alcançado em agosto, com IPCA de 8,4%, mas o índice deve encerrar 2015 com alta de 8,1%, diz.



Mercado já vê índice em 8,2% em 2015, aponta Focus


Por Ana Conceição | De São Paulo


As expectativas dos participantes do mercado financeiro para a inflação deste ano continuaram a se deteriorar, mas as previsões para 12 meses em diante cederam novamente. A mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015 subiu pela 14ª semana consecutiva, de 8,13% para 8,20%, de acordo com analistas do boletim Focus, do Banco Central.


Os analistas veem um arrefecimento da alta dos preços após a disparada deste ano, embora ainda não vislumbrem o IPCA na meta de 4,5% até o fim de 2016. A mediana das projeções para 12 meses à frente caiu de 6,30% para 6,11%. Em dezembro do ano que vem, a inflação deve ter cedido a 5,60%, estimativa que se manteve inalterada em relação à semana anterior.



As estimativas para a inflação do Top 5, grupo dos analistas que mais acertam as projeções, se deterioraram ainda mais. Esse conjunto de analistas acredita que o IPCA vai subir 8,44%. Antes, esperavam alta de 8,33%. A estimativa refere-se à mediana de médio prazo do grupo. Para 2016, as projeções são parecidas e foram mantidas. O Top 5 vê a inflação subindo 5,64%


Os analistas do Focus também não alteraram a expectativa para o juro e vê a Selic subindo de atuais 12,75% ao ano para 13,25% ao fim de 2015. Em 2015, o juro começaria a diminuir, chegando a 11,50%. Os analistas também ajustaram as projeções para o câmbio, com o dólar a R$ 3,25 no fechamento de 2015. A estimativa anterior era de R$ 3,20.


As estimativas para a atividade foram pouco alteradas. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano passou de recuo de 1% para -1,01%, enquanto a de 2016 subiu de 1,05% para 1,10%. As projeções para a indústria, contudo, continuaram a piorar e os analistas agora preveem queda de 2,64% na produção deste ano, ante recuo de 2,42% estimado antes. Para 2016, a estimativa do mercado passou de aumento de 1,68% para avanço de 1,50%.


Os analistas mantiveram as estimativas para o superávit primário deste ano em 0,9% do PIB, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central. A projeção refere-se ao setor público consolidado, ou seja, inclui Estados, municípios, Banco Central, estatais e governo central.


Na semana passada, o Banco Central informou que o setor público consolidado teve déficit de R$ 2,3 bilhões em fevereiro, mas o resultado foi positivo em R$ 18,76 bilhões no primeiro bimestre por causa do forte resultado de janeiro.


Tanto em janeiro quanto em fevereiro, as economias de Estados e municípios melhoraram o desempenho fiscal ao registrarem superávit de R$ 10,994 bilhões e de R$ 5,581 bilhões, respectivamente. O governo central teve déficit nos dois meses.


Para este ano, o governo federal tem como meta economizar um total R$ 66,3 bilhões, um esforço que respondia por 1,2% do PIB, antes da revisão das contas nacionais feita pelo IBGE.


Para ajudar as contas do governo, ainda na semana passada, a presidente Dilma Rousseff restabeleceu a cobrança de PIS e Cofins, de 0,65% e de 4%, respectivamente, sobre as receitas financeiras de pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa. A medida deve atingir 80 mil empresas não financeiras e elevar a arrecadação em R$ 2,7 bilhões de agosto a dezembro deste ano.




Melhora percepção sobre emprego e preços, diz CNIC


Por De São Paulo


Melhorou a percepção do brasileiro com relação à inflação e ao emprego, mas houve piora na avaliação sobre a renda e a situação financeira. No saldo entre uma situação e outra, o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) se manteve estável em março, na comparação com fevereiro e, assim, interrompeu a trajetória de quatro meses consecutivos de queda.


O indicador, no entanto, continua em patamar baixo e, juntamente com o índice de fevereiro, é o menor desde junho de 2001, conforme informou a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta segunda-feira. Na comparação com março do ano passado, o Inec caiu 8,1%.


Dos seis componentes analisados pela pesquisa, houve melhora em relação a três deles: na percepção dos consumidores sobre a evolução dos preços, as compras de bens de maior valor e o emprego.


Na comparação com fevereiro, o índice de inflação cresce 10,6%, indicando menor preocupação das pessoas em relação ao aumento dos preços. Já o indicador de compras de bens de maior valor aumenta 9,9% em março ante o mês anterior.


O índice de desemprego, que mostra alta de 5% no período e aponta maior confiança dos brasileiros na manutenção das vagas de trabalho.


Por outro lado, houve piora da percepção dos brasileiros em relação à renda pessoal, à situação financeira e ao endividamento. O índice de renda pessoal apresentou recuo de 11%, o de situação financeira mostra queda de 10,6% e o de endividamento cai 4,3% frente a fevereiro, revela o levantamento da CNI.


"O resultado sinaliza pessimismo sobre o aumento da renda nos próximos seis meses, piora da situação financeira e acréscimo no número de dívidas em relação aos últimos três meses", comenta, em nota, a área da CNI responsável pela pesquisa.


Feito em parceria com o Ibope, o Inec deste mês ouviu 2.002 pessoas em 142 municípios entre os dias 21 a 25 de março.


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