Leitura de notícia
Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 02-04-2015 - 10:35 -   Notícia original Link para notícia
Balança mostra sinais melhores e ano caminha para superávit

Por Marta Watanabe e Lucas Marchesini | De São Paulo e de Brasília


O crescimento das exportações de soja nos últimos sete dias úteis de março reverteu o déficit acumulado nas três primeiras semanas do mês e fez com que a balança comercial terminasse com o primeiro superávit do ano. A diferença entre as importações e exportações foi positiva em US$ 458 milhões neste mês, mas era negativa em US$ 273 milhões até o dia 22, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento (Mdic). O resultado de março também foi beneficiado por uma queda maior na importação do que nas exportações. Essa tendência, se mantida, possibilitará superávit comercial no ano, segundo analistas, com o embarque de soja mantendo papel importante na formação do saldo comercial.


Enquanto as vendas para o exterior caíram 16,8% na média diária, a redução nas importações segundo o mesmo quesito foi de 18,5%. Os embarques internacionais passaram de US$ 17,628 bilhões no terceiro mês de 2014 para US$ 16,979 bilhões em março deste ano. Já os desembarques internacionais saíram de US$ 17,510 bilhões para US$ 16,521 bilhões na mesma comparação.



Herlon Brandão, diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Mdic, descartou que tenha começado uma substituição das importações devido a alta do dólar. "O que a gente tem falado [de dólar] é que o efeito não é imediato. Ele melhora rentabilidade dos exportadores, mas as quantidades demoram um pouco para reagir."


Para os próximos meses, o diretor do MDIC espera um superávit na balança comercial porque "o comportamento sazonal é de superávit, então há tendência de superávit de próximos meses". Isso deve ajudar 2015 a reverter o déficit anual apurado em 2014, que foi de US$ 3,9 bilhões. "O ministério continua com expectativa de superávit na balança."


Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a tendência é que a queda da importação se acelere a partir de agora até o fim do ano, num ritmo maior que o recuo das exportações, num reflexo da queda da demanda doméstica. Se mantida a tendência, diz ele, a balança no acumulado pode inverter o sinal e ter superávit em junho ou julho. O que deve contribuir de forma decisiva para um eventual resultado positivo é o embarque de soja. Nesse período, diz ele, o Brasil já deverá ter embarcado boa parte da safra do grão. "A soja fará a grande diferença no saldo comercial", diz ele.


Embora o embarque do grão tenha contribuído bastante para o superávit de março, com elevação de exportação de 422,8% em relação a fevereiro, há recuo de 39,3% na comparação com igual mês do ano passado. "Isso acontece porque em 2014 houve antecipação de exportação de soja para aproveitar os preços melhores. Este ano acontece o contrário. O embarque está sendo adiado na expectativa de que o preço suba."


Para Castro, os preços atuais, em torno de US$ 395 a tonelada de soja, devem se manter ao longo dos próximos meses. Isso pode mudar mais proximamente ao segundo semestre, quando inicia-se a safra do grão no hemisfério norte e os Estados Unidos devem anunciar sua intenção de colheita."


Para Rodrigo Branco, pesquisador do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento da Uerj (Cedes /Uerj), um superávit positivo no acumulado será possível somente em meados do segundo semestre. "Como esse ano não há a antecipação de embarque da soja, provavelmente o período de exportação se estenderá até setembro. Somente aí será possível um resultado positivo no saldo acumulado." Para ele, no segundo semestre também podem aparecer sinais mais fortes de efeitos da desvalorização do real frente ao dólar, seja contribuindo para a redução da importação, seja para a elevação dos embarques. Ele pondera, porém, que o aumento de exportação será pequeno e um eventual superávit comercial ao fim de 2015 deve ficar próximo de zero.


Por enquanto, o superávit na balança comercial de março atenuou o déficit acumulado no ano, que agora é de US$ 5,557 bilhões. Esse resultado é o segundo pior da série histórica, perdendo apenas para o primeiro trimestre de 2014, quando o rombo foi de US$ 6,078 bilhões.


A diminuição no déficit trimestral foi ajudada também por uma melhora na conta petróleo, que foi negativa em US$ 4,548 bilhões nos três primeiros meses de 2014 e deficitária em US$ 3,261 bilhões entre janeiro e março deste ano. Essa conta, diz Branco, deve contribuir de forma mais positiva para o resultado geral da balança em 2015 por conta da queda de volume de importação e do efeito da redução dos preços internacionais da commodity.


Entre os destinos de exportação, os embarques aos Estados Unidos estão com desempenho melhor que a média. Em março, a exportação para os americanos caiu 4,8% na comparação com igual mês do ano passado, no critério da média diária. Na mesma comparação os embarques totais recuaram 16,8%. No trimestre o valor exportado aos americanos ficou estável contra iguais meses de 2014, sempre no critério da média diária. As exportações totais caíram 13,7% no período.


As expectativas de melhora de exportação de manufaturados em 2015 estão direcionadas aos EUA, por conta não só de um câmbio mais favorável como também pelo crescimento americano lento, mas sustentado.


Mesmo com o início dos embarques mais volumosos do complexo soja, os embarques para a China, grande compradora do grão brasileiro, caíram 37,2% em março contra mesmo mês de 2014. No trimestre, os embarques para o país asiático continuam caindo mais que a média, em 35,4%. As exportações para a zona do euro caíram 13,6% em março e 8,4% no trimestre.


OMC define juízes para Inovar-AutoCompartilhar:



Por Assis Moreira | De Genebra


A disputa aberta pela União Europeia (UE) contra o programa Inovar-Auto e outros programas do Brasil começará enfim a ser examinada na Organização Mundial do Comércio (OMC), com a seleção dos três juízes para o caso.


O diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, apontou o norueguês Eirik Glanne como presidente, além de Toufiq Ali, de Bangladesh, e Álvaro Espinosa, do Chile, para examinarem se os programas violam ou não as regras internacionais, como alegam os europeus.


Participam como terceira parte com interesses econômicos em questões como Inovar-Auto países como Estados Unidos, Argentina, Austrália, Canadá, China, Colômbia, Índia, Japão, Coreia, Rússia, África do Sul, Taiwan e Turquia. O escritório Barral M Jorge Consultoria Associados participará da defesa do lado brasileiro.


A UE denunciou formalmente o Brasil no ano passado, cinco dias depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Bruxelas acusa o governo brasileiro de conceder subsídios considerados ilegais a vários setores, no que será o maior litígio comercial contra o país. A interpretação na ocasião era de que a política comercial brasileira não sofreria alterações, mas alguns subsídios estão sendo retirados.


Em todo caso, os europeus contestam o centro da política industrial implementada até o ano passado pelo governo de Dilma Rousseff, incluindo exigências de conteúdo local, que são normalmente proibidas pelas regras da OMC.


Também apontaram o que considera uma série de medidas fiscais discriminatórias adotadas pelo governo brasileiro contra produtos estrangeiros e, ainda, da concessão de "ajuda proibida" aos exportadores nacionais.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.