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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 02-04-2015 - 08:47 -   Notícia original Link para notícia
Dólar recua com alívio da tensão política

Por José de Castro e Silvia Rosa | De São Paulo


O cenário externo mais calmo e a menor tensão no cenário político doméstico trouxeram um alívio para os mercados de câmbio e juros na quarta-feira. O alívio veio com o adiamento da votação do projeto de lei que altera o indexador da dívida de Estados e municípios.


Com os altos prêmios embutidos no mercado futuro de juros e a valorização de 20% do dólar no primeiro trimestre, a sinalização de um entendimento entre o Executivo e a base de apoio no governo no Senado permitiu a correção de excessos nos preços dos ativos. No entanto, o cenário ainda é de cautela e volatilidade, uma vez que ainda há muita dúvida sobre o processo de ajuste fiscal.




Ontem, o dólar caiu 0,61% acompanhando o exterior, encerrando a R$ 3,1729, no terceiro dia consecutivo de queda. Isso também permitiu o recuo dos juros futuros. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 recuou para 13,36% ante 13,5% do ajuste anterior. Já o DI para janeiro de 2021 cedeu de 12,94% para 12,76%.


O adiamento da votação do projeto de lei que altera o indexador da dívida de Estados e municípios na terça-feira, que estava na pauta do Senado, foi bem visto pelo mercado, sinalizando uma vitória do governo nas negociações com o Legislativo. Além disso, ficou acertado que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) vai apresentar uma emenda ao texto do projeto de lei para que ele seja regulamentado até 31 de janeiro de 2016. Evitará, assim, um prejuízo de R$ 3 bilhões para o governo, o que afetaria o resultado fiscal deste ano. A notícia contribuiu para o recuo dos juros futuros. Mas o mercado segue cauteloso uma vez que essa questão ainda está na pauta, afirma Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimentos do Brasil.


O avanço do ajuste fiscal pode abrir espaço para o Banco Central desacelerar o ritmo de aperto monetário. Com o recuo dos DIs ontem, a aposta na alta da taxa básica de juros para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em abril, recuou e agora reflete um aumento entre 0,5 ponto percentual e 0,25 ponto percentual. Para junho, a curva reflete maior probabilidade de elevação de 0,25 ponto percentual.


A aparente menor pressão do câmbio também reforça a percepção de que o BC pode estar próximo de encerrar o ciclo de alta da Selic.




De acordo com o diretor de operações internacionais do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues, a queda recente do dólar foi resultado de uma melhora no cenário externo e de algum alívio nas preocupações fiscais. Foi o que abriu espaço para um desmonte de posições "compradas" (apostando na alta) na moeda americana. Esse movimento ainda tem, porém, caráter temporário e só deve virar tendência caso o mercado passe da fase de conceder o "benefício da dúvida" ao governo e tenha certeza da evolução favorável para o ajuste fiscal.


O diretor diz que a tendência predominante ainda é de desvalorização do real, dado que as incertezas do lado político e econômico persistem. Isso não significa, contudo, que a moeda brasileira possa passar por períodos de correção.


Para o Morgan Stanley, a recente depreciação do real abre espaço para uma recuperação técnica da moeda no curto prazo, já que "muitas notícias negativas já estão no preço", aponta o banco em relatório. A perspectiva para o médio prazo é, entretanto, de mais perdas. Em cena há a necessidade de o Brasil ganhar competitividade o cenário mais fraco para fluxos de portfólio com a redução de liquidez com o esperado aperto monetário nos Estados Unidos. O banco prevê o dólar a R$ 2,90 no fim do ano e taxa Selic a 13,50% até junho. O BC voltaria a cortar a taxa de juros no fim do ano, que deve encerrar em 12,50%.


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