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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 02-04-2015 - 09:01 -   Notícia original Link para notícia
Milagre dos peixes baratos

Com alta dos preços e o dólar valorizado, bacalhau cede lugar para os filés de tilápia, piratinga e surubim na mesa do consumidor. Vendas cresceram 30%


Francelle Marzano


Publicação:02/04/2015 04:00


Nem mesmo a inflação alta e a valorização do dólar derrubaram o reinado do bacalhau na preferência do consumidor durante as comemorações da Quaresma e do domingo de Páscoa, mas o consumo da iguaria foi menor que o esperado. Para driblar o orçamento pressionado, as compras do queridinho das mesas de refeição neste ano diminuíram e as donas de casa completam o cardápio da semana santa com os peixes frescos mais baratos, como tilápia, piratinga e surubim. Comerciantes do ramo de Belo Horizonte ouvidos pelo Estado de Minas afirmam que a tradição prevaleceu sobre o consumo da carne vermelha e as vendas de bacalhau e peixes frescos aumentaram cerca de 30% somente nesta semana. Houve filas ontem, em estabelecimentos especializados no Mercado Central de BH, instalado no Centro da capital.

O bacalhau continua sendo o carro-chefe das compras, a despeito do impacto sobre o produto da disparada do dólar, que já chegou a R$ 3,26 na cotação máxima do primeiro trimestre. Na Peixaria Modelo, as vendas cresceram 200% desde segunda-feira, segundo o proprietário do negócio, Alfredo Suarez Fernandes Sobrinho. A temporada é a melhor época de faturamento, e a expectativa é de um movimento intenso até a tarde de hoje, com a comercialização de 10 toneladas de peixes frescos.

"Mesmo com os preços mais altos, as pessoas não deixam de comer o peixe e seguir a tradição de não consumir carne vermelha", disse Alfredo Suarez. Empenhados na pesquisa dos preços, os clientes foram atraídos pelo peixe piratinga, vendido ontem a R$ 21,90 o quilo, e o filé de tilápia, cotado a R$ 38,90 o quilo. Eles foram os campeões de venda. A aposentada Nair Ferreira Reis, de 79 anos, comprou três quilos de peixe para o tradicional almoço da família de amanhã. Descontente com os preços mais altos, ela conta que não há grandes variações, o que diminui a eficácia da pesquisa de preços. "Vim aqui e está caro em todo lugar. Não há escapatória. Tive que gastar R$ 140, muito mais do que eu gastei no ano passado, mas a família estará toda reunida", explica.

Na peixaria São Francisco, na Feira dos Produtores do Bairro Cidade Nova, as vendas se dividem entre o tradicional bacalhau e o peixe fresco. De acordo com o dono do estabelecimento, Francisco Batista de Melo, as vendas aumentaram cerca de 15% nos últimos dias, e a expectativa é vender 300 quilos de bacalhau e 500 quilos de filé de tilápia só às vésperas da sexta-feira da Paixão. "Este é o melhor período para o setor e, mesmo que os preços estejam mais salgados, as pessoas não deixam de consumir, por conta da tradição", afirma. O bacalhau, que ontem era vendido no local a R$ 109 o quilo, já esteve em baixa no início do ano, quando foi vendido a R$ 65.

A professora Romilse Damascena Cardoso conta que enxuga um pouco no orçamento familiar, mas não deixa de cumprir o hábito da famosa bacalhoada na semana santa. Ela afirma ter desembolsado cerca de 40% a mais neste ano, comprando a mesma quantidade referente ao ano passado. "Queria gastar R$ 100, mas vou gastar, no mínimo, R$ 120. Isso porque estou levando o produto mais barato, com pele e espinho, para eu preparar em casa. Se fosse levar o manipulado, gastaria o dobro", comenta.

Já no Empório Ananda, também instalado no Mercado Central de BH, as vendas dobraram em relação aos outros meses do ano. De acordo com o supervisor da loja, Eduardo Carlos de Campos, ainda assim os clientes estão consumindo menor quantidade, devido à situação econômica do país. "Às vezes, as pessoas desejam comprar um ou dois quilos e acabam levando apenas 60% a 70% disso", diz. O bacalhau encareceu cerca de 30% frente a 2014. Também no Mercado Central, a Banca Santo Antônio registrou incremento de 30% a 40% nas vendas do bacalhau somente nesta semana. Segundo o proprietário Rafael Izino, o maior movimento deve ser registrado hoje até as 16h, quando as filas de consumidores se formam.


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