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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 02-04-2015 - 10:39 -   Notícia original Link para notícia
Pessimismo atinge nível recorde em varejo e serviços

Por Alessandra Saraiva | Do Rio


Dois indicadores divulgados ontem mostram que a confiança dos empresários do varejo e de serviço atingiu nível recorde de baixa, devido fatores como queda de demanda, crédito mais caros e sinais de turbulência política, que afetam a condução da política econômica. Segundo especialistas, o pessimismo dos empresários desses setores, os maiores empregadores do país, pode levar ao aumento no ritmo de demissões ao longo de 2015.


O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), elaborado pela Confederação Nacional de Comércio, Bens e Serviços (CNC), aponta quedas de 7,7% em março em relação a fevereiro, a mais forte da série, iniciada em março de 2011. Na comparação com março do ano passado, o recuo foi de 19,5%, atingindo 93,9 pontos. É a primeira vez que o indicador da CNC fica abaixo de 100 pontos.


Segundo o economista da entidade, Fábio Bentes, os fatores que influenciaram o recuo na confiança do empresário do comércio, em março, devem perdurar até o fim de 2015. "Não há sinais de melhora [nesses fatores]. Assim, nossa previsão é que não haja crescimento em geração de vagas no varejo este ano", disse o economista.


O setor de serviços apresenta cenário semelhante, afirma Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). O Índice de Confiança do Setor de Serviços (ICS) mostrou recuo de 12,1% em março ante fevereiro, para 82,4 pontos, o nível mais baixo da série, iniciada em junho de 2008. Foi a segunda vez consecutiva que o ICS registrou recorde negativo.


Segundo Sales, 22,9% das empresas ouvidas informaram esperar ritmo menor de emprego nos próximos três meses, percentual mais alto para essa questão desde o início da série.


O economista chama a atenção para o fato de que os sinais de turbulência política, bem como a greve de caminhoneiros, ajudaram a derrubar a confiança do empresário de serviços. No entanto, mesmo sem esses elementos, o pessimismo entre os empresários do setor persistiria, avalia, porque não há sinais de melhora nem na demanda interna, nem na atividade econômica, no curto e médio prazos. "A confiança de serviços está em campo negativo", afirma o consultor do Ibre.


Um dos aspectos mais preocupantes do atual ambiente negativo, tanto para comércio quanto para serviços, é o peso que as duas atividades têm na composição do mercado de trabalho, diz Sales. "No conceito PIB, onde os serviços englobam comércio, intermediação financeira e administração pública, a participação no total do emprego, com dados do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], chega aos 73%", afirma.


O consultor do Ibre considera difícil a reversão dos atuais patamares de confiança de comércio e de serviços até o fim do ano. "É possível que, caso seja mantida uma 'firmeza' no ajuste fiscal, com maior clareza nos rumos de política econômica no segundo semestre, que agora estão permeados por turbulências políticas, podemos ter, no segundo semestre, sinal de recuperação" afirmou. "Mas isso [uma possível recuperação] não é muito visível agora", afirmou.


Sem perspectiva, confiança recua entre pequenos empresáriosCompartilhar:



Por Eduardo Belo | De São Paulo


O cenário desfavorável continua levando à queda os indicadores de confiança na economia brasileira. Pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisas em Estratégia do Insper e pelo Santander mostra que a confiança do pequeno e do médio empresário para o período abril a junho recuou 2% ante o primeiro trimestre do ano. Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN) ficou em 57,7 pontos.


O recuo levou o indicador para perto da mínima, o segundo trimestre de 2009, quando o auge da crise internacional levou o indicador para 57,2 pontos (em uma escala até 100).


Gino Olivares, professor do Insper e responsável pela pesquisa, considera preocupante o fato de o indicador ter chegado perto da mínima histórica. "Naquela ocasião, o mundo todo estava em crise e o Brasil tinha ferramentas para agir", diz. "Hoje, o mundo não está nenhuma maravilha, mas está muito melhor. O problema é mais do Brasil que, além disso, não dispõe mais de mecanismos de ação." Para Olivares, mesmo que o pior já tenha passado, não há perspectiva de saída rápida da crise.



Ele entende que a crise é mais grave para os empresários de pequeno e médio porte porque, em geral, são os que têm menos informação para identificar se o problema é com o negócio, com o setor ou com o país. Com isso, demoram mais para agir, podendo inclusive complicar sua saída da crise.


De acordo com o pesquisador, o país vive uma situação sui generis, em que, ao contrário do que ocorre normalmente, é grande o pessimismo em relação à atividade e à inflação o mesmo tempo. Isso fica claro na pesquisa quando se questiona o que os empresários de pequeno e médio porte esperam de 2015. A maioria, 44%, diz que não pretende elevar preços, sinalizando que a demanda fraca não permite repasses. Mas 26% acham que terão de fazer reajustes, o que pode indicar uma pressão de custos.


O professor entende que "em algum momento a racionalidade vai prevalecer", mas o país deve viver nessa contradição de inflação alta com demanda baixa por mais algum tempo. "Em 2014 tivemos crescimento zero com inflação de 6,5%. Este ano, devemos ter crescimento negativo com inflação acima de 8%", comenta.


De acordo com a pesquisa, o IC-PMN no 2º trimestre de 2015 foi bastante afetado pelo nível de confiança do setor de serviços, o qual registrou queda de 3,18%, para 58,4 pontos. A indústria manteve-se praticamente estável no período, subindo de 58,4 para 58,9 pontos entre o primeiro e o segundo trimestre. No comércio, a confiança baixou 2%, para 57 pontos.


O quesito com maior baixa foi a confiança na economia, com baixa de 6,2% para 48,4 pontos. A expectativa dos empresários consultados é de queda do faturamento - indicador que baixou 1,7%, para 63,6 pontos.


No plano regional, o Nordeste teve aumento da confiança em 3,1%, chegando a 59,8 pontos. Também houve melhora no Centro-Oeste (2,2% para 57,5 pontos) e no Sul (0,7% para 56,7 pontos). Sudeste e Norte caíram 5,3% (para 57 pontos) e 2,7% (para 62 pontos), respectivamente. O Insper realizou 1.328 entrevistas com pequenos e médios empresários.


Intenção de endividamento cresce em SP


Por De São Paulo


A intenção de endividamento pelas famílias paulistanas cresceu em março, segundo a Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento da FecomercioSP. De acordo com o levantamento, das famílias consultadas, 25,3% manifestaram intenção de contrair financiamento, resultado 33,5% maior que o registrado no mesmo mês de 2014. Em relação a fevereiro deste ano, houve queda de 7,5%.


De acordo com a entidade, a disposição de obter crédito caiu, mas está muito acima da manifestada em 2014. Para a assessoria econômica da FecomercioSP, houve aumento do risco entre os não endividados, que, devido ao aperto orçamentário dos últimos meses, reduziram sua poupança. Com isso, o índice de segurança de crédito na parcela dos não endividados passou de 103,1 pontos em março de 2014, para 77,8 pontos em fevereiro de 2015, e para 90,9 pontos em março deste ano - em uma escala até 100.


O índice de segurança de crédito dos endividados se manteve, com 72,7 pontos em março contra 76,5 pontos em fevereiro deste ano, e 66,1 pontos em março de 2014. O indicador que mede a segurança do crédito avançou em março (7,5%), na comparação com o mês anterior, mas recuou 2,4% em relação a março de 2014.


A Fecomercio considera que a movimentação em direções opostas dos índices relacionados a financiamento e segurança reflete a situação mais difícil para geração de emprego e a inflação em alta. Com isso, fica mais difícil para as famílias obterem crédito, comprometendo orçamento doméstico em um momento de alta dos preços administrados, como tarifas de energia e transporte. A pesquisa é feita com base em 2,2 mil entrevistas feitas na cidade de São Paulo.



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