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Valor Online ( The Wall Street Journal ) - SP - Brasil - 01-04-2015 - 10:06 -   Notícia original Link para notícia
Vale do Silício é a nova fronteira das montadoras

Vale do Silício é a nova fronteira das montadoras


Quarenta anos atrás, as montadoras japonesas anteviram a demanda dos Estados Unidos por carros mais econômicos e lançaram modelos que pegaram de surpresa as três gigantes de Detroit - Ford, General Motors e Chrysler -, alterando para sempre o ranking das maiores montadoras do mundo.


Hoje, é no Vale do Silício que estão surgindo os novos revolucionadores da tecnologia automotiva. Enquanto gigantes de software e empresas novatas se apressam para desenvolver veículos inteligentes, as montadoras tradicionais lutam para não se tornar vítimas de outra transformação na indústria. A resposta mais comum delas? Abrir suas próprias áreas de pesquisa na região californiana, o quintal da indústria de tecnologia dos EUA.


A transição técnica para um carro conectado já está ocorrendo. A consultoria IHS Automotive estima que, atualmente, entre 10% e 25% do custo de produção de carros e caminhonetes esteja relacionado ao software. Por décadas, grande parte do valor econômico de um veículo foi calculado com base em milhares de peças físicas provenientes de uma cadeia de suprimentos coesa. Isso acabou.


"O que aconteceu com o smartphone na indústria de celulares está para acontecer com o carro", diz Jen-Hsun Huang, diretorpresidente da Nvidia Corp., fabricante de chips de Santa Clara, Califórnia. A Nvidia, que fabricava processadores gráficos para computadores pessoais, tem agora um papel importante no setor automotivo. Ela fornece o sistema de informação e entretenimento do Model S, da Tesla Motors Inc., e também tem contratos com montadoras japonesas e europeias. "Seu carro vai ser um computador maravilhoso rodando pela rua", disse Huang em uma conferência no início de abril.


Embora a Tesla venda menos de 100 mil carros por ano, a capacidade da fabricante de veículos elétricos, que também é sediada no Vale do Silício, de fazer mudanças rápidas em seus modelos por meio de uma conexão de internet, em vez de em uma concessionária, mostra como seus concorrentes estão ainda bem atrás dela - e como o software se tornou um elemento dominante num carro.


Outras montadoras também têm aderido à internet. Alguns dos veículos atuais de alto padrão, como o sedã S550 da Mercedes-Benz, oferecem um vislumbre do futuro dos carros conectados. O sedã, que custa US$ 94 mil nos EUA, tem um aplicativo para desbloquear portas usando o telefone, massageadores para as costas e um purificador de ar interno.


Segundo a IHS, o valor econômico do software de controle do S550 pode chegar a US$ 23 mil, ou o preço de um carro médio ou um pequeno utilitário esportivo nos EUA. Embora sua tecnologia de direção autônoma seja responsável por grande parte do valor do software, muitos de seus componentes eletrônicos devem aparecer em carros mais baratos no futuro próximo.


Para chegar lá é necessário passar pelo Vale do Silício. A maioria das grandes montadoras e muitas das principais fornecedoras de peças, como a Robert Bosch GmbH e a Delphi Automotive PLC, possuem áreas de pesquisa na região. A Ford Motor Co. abriu recentemente um novo escritório em Palo Alto, na Califórnia, e planeja quadruplicar seus funcionários lá este ano. As marcas de luxo alemãs vêm buscando talentos e tecnologia na região desde a década de 90. O lugar permite que elas tenham acesso às potências tecnológicas da área, incluindo o Google Inc. e a Apple Inc., que estão disputando uma fatia do mercado automotivo.


No início do ano, a gigante americana de áudio Harman International Industries Inc. pagou US$ 950 milhões para comprar empresas de software na Califórnia e em Israel. O diretor- presidente, Dinesh Paliwal, diz que as aquisições dão à Harman um melhor posicionamento no setor de software para carros, incluindo programadores extremamente necessários.


As aquisições da Harman aconteceram depois que a Ford comprou a "startup" de software Livio, em 2013. No ano passado, a Volkswagen AG adquiriu o laboratório de pesquisa e desenvolvimento da BlackBerry Ltd. na Alemanha, com 200 funcionários.


A montadora alemã contratou designers de videogames da Electronic Arts Inc. e engenheiros do estúdio de animação Pixar, da Walt Disney Co., para trabalhar em sistemas multimídia e projetos de direção autônoma. Não é raro que funcionários da Volks visitem os escritórios das também alemãs BMW AG e Mercedes- Benz no Vale do Sílicio.


"A verdadeira fronteira do automóvel está aqui", diz Ewald Goessmann, que dirige o escritório da Volkswagen em Belmont, na Califórnia, que tem 150 funcionários. Sua equipe tem engenheiros trabalhando nas fabricantes de chips das redondezas para desenvolver semicondutores direcionados a aplicações automotivas. Equipamentos eletrônicos de carros normalmente precisam ser mais resistentes a mudanças de temperaturas do que os de smartphones ou PCs.


Os carros de hoje possuem até 100 microprocessadores controlando os sistemas de freios, velocidade, motor e transmissão, assim como os sistemas de entretenimento e muitas outras funções. Há 20 anos, eles tinham só uns poucos processadores e configurações mecânicas para os controles.


Bill Ford Jr., presidente do conselho de administração da Ford, já expressou seu receio de que a empresa se transforme numa "fabricante de celulares" na qual todo o valor é agregado por fabricantes de software.


A fabricante de chips Qualcomm Inc., que licencia tecnologias para conectar veículos à internet, está apostando que o setor automotivo vai se transformar no seu segundo maior mercado, atrás do de smartphones. A firma, que é sediada em San Diego, afirma que vai abrir um escritório em Detroit para estar mais perto das montadoras.


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