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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 01-04-2015 - 10:30 -   Notícia original Link para notícia
Burger King mais que dobra perda

Burger King mais que dobra perda


A rede de restaurantes Burger King, controlada pela 3G Capital, de Jorge Paulo Lemann, tem ampliado vendas no Brasil, mas as perdas também crescem num ritmo acelerado. Expansão de investimentos em lojas, reflexo da estratégia de crescimento definida anos atrás, pressionaram as despesas e afetaram os números.


Desde que os investidores da 3G adquiriram a rede, em outubro de 2010, a empresa nunca teve lucro anual no país e, por aqui, tem adotado uma estratégia oposta àquela implantada nos EUA, a sede mundial. Está comprando de forma acelerada as lojas dos franqueados no Brasil. Segundo fontes do mercado, a empresa tem interesse de adquirir o maior número possível das lojas franqueadas no país.


Dados publicados pela companhia ontem mostram que entre 2011 e 2014, as perdas no país pularam de R$ 3,8 milhões para R$ 18,8 milhões, aumento de quase 400% em quatro anos. Em igual intervalo, a receita líquida disparou mais, passando de R$ 2,8 milhões (quando havia 12 lojas) para R$ 660,5 milhões. Hoje são 557 pontos, entre próprios e franquias.


O Burger King, administrado sob os conceitos que norteiam os negócios da 3G - ganhos de eficiência e corte agressivo de custos - amplia as vendas, mas não sai do vermelho, em parte, porque tem aumentado gastos, mostra o último relatório da administração.


Entre 2013 e 2014, a receita líquida subiu 49,3%, mas com a elevação nos custos das mercadorias vendidas (alta de 56,8% em 2014) e das despesas financeiras e operacionais (esta última subiu quase 45% no ano passado), o prejuízo mais que dobrou, de R$ 8 milhões em 2013 para R$ 18,8 milhões em 2014. Os prejuízos acumulados da rede somam R$ 38,26 milhões.


Os gastos com lojas, que incluem os novos pontos próprios, passaram de R$ 265,7 milhões em 2013 para R$ 385 milhões em 2014, alta de 45%. É uma das despesas que mais crescem no grupo. Outros indicadores mostram melhora: o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 54%, para R$ 84,7 milhões. A margem Ebitda foi de 12,6% para 13% em 2014. A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu de 2,4 para 0,6.


A empresa está ampliando investimentos na compra de lojas franqueadas. O número de pontos próprios da rede chegou a 293 ao fim de 2014, e eram 193 em 2013. Em 2014, a empresa somou 557 unidades. Deste total, 136 eram quiosques e 421 lojas. Ou seja, 70% das lojas do Burger King no Brasil já estão sob controle da 3G.


A estratégia de aquisição das lojas ganhou força maior após emissão de debêntures anunciada em dezembro, no valor de R$ 100 milhões. Um dos principais objetivos com a entrada de recursos, informou a companhia na época, é a aquisição de pontos e fazer um "reperfilamento" dos passivos das lojas adquiridas, que pode envolver ampliação de prazo de vencimento das dívidas dos pontos. O valor captado também será utilizado em investimentos em novas lojas.


O processo de ampliação de lojas próprias ocorre num caminho contrário ao da estratégia da rede no mundo e nos EUA. Por lá, a 3G Capital acelerou significativamente a expansão com pouco investimento próprio. O Burger King completou no ano passado a venda de quase todos os seus restaurantes.


Segundo dados de 2014, a rede operava diretamente apenas cerca de 50 lojas no mundo, menos de 1% do total de 14,3 mil unidades da marca em funcionamento. Dois anos atrás, eram 400 pontos próprios e 12 mil franquias.


Se de certa forma, "terceirizar" investimentos trazendo novos franqueados reduz despesas e acelera expansão orgânica, a adoção de caminho oposto, como no Brasil, colocando mais lojas sob controle da empresa, pode pressionar custos, mas acaba sendo uma sinalização de que a empresa acredita no modelo. E tende a se engajar mais nos problemas do formato, dizem especialistas. Também acaba gerando menos ruídos na relação com franqueados.


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