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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 31-03-2015 - 11:50 -   Notícia original Link para notícia
Real deve fechar trimestre com maior queda entre 34 divisas

O real caminha para fechar o primeiro trimestre com a maior desvalorização em relação ao dólar para o período desde 1999, ano da maxidesvalorização da moeda brasileira com a mudança para o regime de câmbio flutuante.


O dólar acumula alta de 21,45% no ano. Fechou ontem a R$ 3,2302, com recuo de 0,26% em relação à sexta-feira.


Entre janeiro e março de 1999, a moeda americana avançou 42,4%, de R$ 1,2083 no fim de 1998 para R$ 1,72 em 31 de março de 1999.


Apesar de o real ter sido uma das que mais se valorizaram após a crise financeira de 2008, o ajuste neste ano tem sido mais intenso que em outras economias. A queda da moeda brasileira no ano é de 17,66%, a maior dentre 34 pares. O desempenho confirma que o câmbio vem sendo guiado não só pelo movimento internacional, mas também por questões domésticas. E, mesmo com toda a desvalorização já observada, o fato de a volatilidade permanecer elevada pode indicar que o movimento de alta pode não ter acabado.


De acordo com dados da BM&F, o índice FX Vol - que mensura a volatilidade implícita nos contratos de opções de dólar de 21 dias úteis negociadas na bolsa - estava em 24,16% em 27 de março, último dado disponível, maior nível desde 22 de outubro de 2014, reta final do segundo turno da eleição presidencial. Na prática, isso indica que o mercado projeta uma oscilação dessa magnitude para o dólar ao fim de um período de 12 meses.


A moeda brasileira continua sensível ao noticiário político, o que ficou claro na sessão de ontem, quando a cotação variou sob efeito das declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.


Segundo a "Folha de S.Paulo", Levy teria dito em evento para estudantes da Universidade de Chicago, em São Paulo, na semana passada, que a presidente Dilma demonstra um "desejo genuíno" de acertar, mas não o faz "da maneira mais fácil" e "efetiva", o que causou um mal-estar no mercado.


O ministro da Fazenda tentou desfazer o mal-entendido ontem e destacou que a presidente tem sido explícita e genuína nos objetivos. "Vamos trabalhar junto para chegar a esses objetivos", afirmou durante evento organizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) em São Paulo.


A presidente Dilma também saiu em defesa do ministro da Fazenda, destacando que Levy foi mal interpretado em relação às suas declarações que saíram na mídia no fim de semana. "O discurso conciliador da presidente Dilma contribuiu para tirar qualquer dúvida e acalmar, mas mostra que é uma situação complicada, ", afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos.


Ontem, as taxas de juros futuros recuaram, acompanhando o alívio no câmbio, mas, segundo Petrasssi, esse movimento não é sustentável dado que ainda há muitas incertezas pela frente.


Hoje será votado no Senado o projeto que impõe prazo de 30 dias para regulamentação da mudança do indexador que corrige a dívida de Estados e municípios com a União. Levy destacou ontem que "é essencial manter as condições em que foram negociadas as dívidas dos Estados no passado."


Os investidores ainda aguardam para hoje a divulgação do resultado do governo central de fevereiro, que pode trazer mais volatilidade para os mercados.


O maior risco é que os impasses políticos impeçam a implementação do ajuste fiscal, necessário para evitar um rebaixamento do rating soberano brasileiro.


Para o diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, o mercado ainda vê o cumprimento da meta de superávit primário de 1,2% do PIB neste ano. "Ainda não há uma crença de que o ajuste não vai acontecer, mas o mercado tem a cada dia mais evidências de que esse processo será mais demorado e doloroso", diz.


Curvello lembra que a posição técnica do mercado está muito "comprada" (apostando na alta) em dólar, o que aumenta a chance de uma realização de lucros que se traduza em queda do dólar. "Mas precisa haver um catalisador para isso. Dados fiscais melhores até podem ser esse motivo, mas eles têm de surpreender."


Além disso, riscos relacionados à Petrobras, a baixa popularidade da presidente e a posição técnica pesam sobre o real no curto prazo, segundo o J.P. Morgan. O banco cita em relatório esses elementos para justificar a classificação para a moeda brasileira como "abaixo da média de mercado" no seu portfólio de bônus de emergentes.


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