GABRIELA VALENTE

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Boletim Focus estima alta maior de juros e inflação. Para indústria, previsão é
de queda de 2,42%

-BRASÍLIA- Quatro dias após o Banco Central prever que a economia brasileira encolherá 0,5% neste ano, o próprio BC divulgou pesquisa com analistas do mercado financeiro que estima retração maior, de 1%. Foi a 13ª piora consecutiva da expectativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deste ano. Na semana passada, a estimativa do Boletim Focus, do BC, era uma queda de 0,83% . E, para completar o cenário ruim para 2015, a projeção para os juros e para a inflação aumentou.

A aposta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 8,12% para 8,13%. Um dos ingredientes da inflação - a cotação da moeda americana - deve ser maior que o estimado antes. A perspectiva para o dólar no fim do ano subiu de R$ 3,15 para R$ 3,20.

SELIC A 13,25% NO FIM DO ANO

O dólar mais caro, que poderia compensar a perda da competitividade da indústria brasileira, não é capaz de melhorar as estimativas do setor. Ao contrário. A queda da produção industrial deve ser de 2,42% neste ano. Até a semana passada, a expectativa era 2,19% de recuo.

Nem mesmo a previsão de uma recessão na economia afasta a possibilidade de um aumento de juros ainda mais acentuado neste ano. A projeção para a taxa básica (Selic) no fim de 2015 passou de 13% ao ano para 13,25% ao ano. Esse foi o entendimento dos analistas após entrevista do diretor de Política Econômica do Banco Central, Luiz Awazu, que indicou que os efeitos do que já foi feito até agora são insuficientes.

- Ele ainda usou a palavra "vigilante", que o BC não usava mais. Com isso, os analistas viram que estavam subestimando a alta de juros e que o Banco Central deve aumentar ainda mais (as taxas) - frisou o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.

Segundo ele, essa alta extra de juros já indica que a projeção do BC para o comportamento da atividade neste ano está defasada. Ele lembra que há economistas que esperam uma retração de 1,5% neste ano.

- A gente acredita que o Banco Central ainda vai ter revisar para baixo sua projeção. E essa alta de juros ainda tem um outro efeito colateral: vai impedir uma boa recuperação da economia no ano que vem. O cenário fiscal (de corte de gastos públicos e investimentos) também não vai ajudar - completou Velho.