Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Opinião ) - MG - Brasil - 28-03-2015 - 09:46 -   Notícia original Link para notícia
O retrato da estagflação

O retrato da estagflação


Os brasileiros ficaram mais pobres em 2014. É o que revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao divulgar, ontem, a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano passado, em relação ao ano anterior: 0,1%. Embora positiva, não é taxa que possa ser chamada de crescimento. Perto demais do zero, é, na verdade, apenas a medida da estagnação econômica. E, para ter uma ideia do que isso significa, basta lembrar que, segundo as projeções do IBGE, a população brasileira tem crescido, em média, 0,86% ao ano. Ou seja, em 2014, tivemos menos renda para distribuir para mais pessoas. Resultado: a chamada renda per capita ficou em R$ 27.229, queda de 0,7%.

Devem estar envergonhados os economistas do primeiro governo de Dilma Rousseff, que defendiam a perigosa ideia de que valia a pena um pouco de inflação em troca de taxas de crescimento da economia que continuassem garantindo o emprego e o acesso das pessoas mais pobres ao consumo. São os mesmos que levaram o governo a atropelar os fundamentos de política econômica que, aliados a bons preços das commodities exportáveis, vinham garantindo ao país um período de expansão da atividade econômica e de aumento da renda da população.

Terminamos 2014 sem uma coisa nem outra. Pelo contrário, o que temos é uma estagnação, que, por pouco, não se transforma em recessão, aliada a uma corrida de preços (6,4%, em 2014) que ninguém, nem mesmo o Banco Central, se anima a prever algo menor do que 7,9% para 2015. A inflação é só um dos fundamentos atropelados, já que o governo fechou 2014 com déficit fiscal. A política de desonerações fiscais localizadas, em vez de um esforço horizontal de melhoria do ambiente de negócios e redução da carga tributária geral, custou R$ 25 bilhões ao governo, ajudando provocar o déficit sem render a esperada reanimação da economia e a retomada dos investimentos.

A propósito, é no desânimo dos empresários em aplicar capital nos próprios negócios que deve repousar uma das principais preocupações com os próximos meses. Como mais um efeito colateral das falhas de condução da política econômica, os dados do PIB de 2014 revelam uma queda de 4,4% na taxa de investimento das empresas privadas. Também nesse ponto o governo não fez sua parte: os investimentos estatais recuaram 21% em relação a 2013. Com isso, a clássica medida do que se investe na produção, conhecida como formação bruta de capital fixo, ficou em 19,7% do PIB, ante 20,7% em 2013, percentual que já estava bem abaixo dos 25% recomendados para manter em ritmo razoável a expansão da economia brasileira.

Para piorar, todos os sinais captados neste começo de ano são de que os projetos de expansão e modernização da capacidade produtiva do país permanecem nas gavetas, à espera de que vingue o ajuste fiscal destinado a devolver credibilidade ao governo. Mas, a esta altura, está claro que o governo terá de fazer mais para reanimar a economia, como acelerar o processo de concessões no setor de infraestrutura e se livrar de antolhos ideológicos e estatizantes.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.