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Estadão ( Economia ) - SP - Brasil - 27-03-2015 - 10:22 -   Notícia original Link para notícia
Venda a chineses não afeta fábricas no Brasil, diz presidente global da Pirelli

FERNANDO SCHELLER - O ESTADO DE S.PAULO


27 Março 2015 | 02h 04


Com quatro fábricas no Brasil, empresa avaliada em 7 bilhões de euros concentra mais de um terço de seu negócio na América Latina


Marco Tronchetti Provera quer levar tecnologia da Pirelli às fábricas chinesas. A italiana Pirelli anunciou nesta semana que se tornará, em breve, uma companhia de controle chinês. A ChemChina fechou a compra de 26% da companhia na segunda-feira e deverá ter pelo menos 50,1% do negócio a partir de julho. Além de dinheiro novo, os chineses trarão à Pirelli capacidade de produção suficiente para dobrar a produção de pneus para ônibus e caminhões da empresa. Isso levou a rumores de que a Pirelli poderia fechar fábricas ao redor do mundo, incluindo no Brasil. O presidente global da companhia, Marco Tronchetti Provera, negou, porém, qualquer plano de fechar unidades no País.RELACIONADASPirelli, símbolo da indústria italiana, terá controle chinêsExecutivo vende Pirelli, mas mantém poder


"Estamos no Brasil há mais de 80 anos e temos uma posição local muito forte. Nós garantimos que não vamos fechar fábricas", disse Provera em entrevista ao Estado, ontem. A questão do mercado brasileiro, frisou o executivo, não é a entrada ou não do sócio chinês na Pirelli, mas a própria crise do setor automotivo local, que sente uma forte queda nas vendas. "Há um problema no mercado brasileiro", frisou o executivo.


É por isso que, embora descarte o fechamento de fábricas por causa de uma reorganização global, a Pirelli deverá fazer cortes na operação brasileira para se ajustar à demanda mais fraca. De acordo com a Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), as vendas totais de veículos - incluindo caminhões, ônibus e tratores - caíram mais de 26% em relação ao mesmo período do ano passado.


Por isso, todas as montadoras estão fazendo ajustes, com demissões, férias coletivas e suspensões de contratos de trabalho. A Pirelli, que depende basicamente da demanda dessas fabricantes, já anunciou que deverá fazer o mesmo, embora ainda não tenha definido o tamanho do corte.


Prioridades. Segundo Provera, o produto chinês - que ganhará o "upgrade" da tecnologia desenvolvida pela Pirelli - não deverá disputar o mercado brasileiro, onde a empresa mantém quatro fábricas e produz quase toda a sua linha de produtos.


As fábricas de Feira de Santana (BA), Gravataí (RS), Campinas e Santo André (ambas em São Paulo) concentram hoje cerca de 12 mil funcionários. A América Latina é, ao lado da Europa, o principal mercado da Pirelli, concentrando 34% das vendas. O Brasil basicamente concentra quase a totalidade da produção para a região, embora a companhia mantenha fábricas de pequeno porte na Argentina e na Venezuela.


O sócio chinês trará à Pirelli uma fatia maior do mercado chinês e também pode ser uma porta de entrada no mercado americano, onde a Pirelli não tem presença relevante.


Ao se associar à ChemChina, explicou o executivo, a empresa dobra sua presença global no segmento industrial, que concentra pneus para caminhões, ônibus e tratores. "Eles têm porte na China, mas os produtos são de baixo valor. Agora, eles ganham acesso à nossa tecnologia", explicou Provera.


Reorganização societária. A fatia de 26,2% relativa ao acordo fechado esta semana pertencia à Camfin, uma holding que tinha como sócio principal o próprio presidente global da Pirelli. A ChemChina pagou 15 por ação da Pirelli, em um negócio que avaliou a italiana em 7,1 bilhões. O grupo de Provera deverá participar, ao lado da ChemChina, da operação de fechamento de capital da companhia, previsto para julho. Dependendo da receptividade do mercado para a operação, a fatia chinesa na Pirelli deverá variar de 50,1% a 65%.


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