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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 27-03-2015 - 09:04 -   Notícia original Link para notícia
Renda despenca e desemprego sobe para 5,9% em fevereiro

Por Camilla Veras Mota e Robson Sales | De São Paulo e do Rio


O aumento no ritmo de demissões no país no mês passado elevou a taxa de desemprego de 5,3% em janeiro para 5,9%. Além da retração expressiva da ocupação, de 0,9% sobre fevereiro de 2014, a renda aferida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) também deu sinais de que a deterioração das condições do mercado de trabalho esperada para este ano pode se dar em velocidade mais rápida que o antecipado. Pela primeira vez desde outubro de 2011, a renda média real caiu em relação ao mesmo período do ano anterior - 0,5% em fevereiro.


Com o aumento das demissões e a redução da renda real, a massa de rendimentos - o conjunto de recursos que estaria disponível para o consumo - nas seis regiões metropolitanas cobertas pelo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu 1,4% em relação a fevereiro do ano passado.



"O que surpreendeu foi a velocidade de redução da ocupação", afirma Mariana Hauer, do banco ABC Brasil. Contabilizando alguma retração na variável, a economista estimava elevação do desemprego para 5,7% - o que já significava um aumento expressivo na taxa, ressalta, inclusive diante do resultado de fevereiro de ano passado, de 5,1%.


O recuo significativo nos salários, para a economista, "deve muito à inflação alta" - que tem se mantido acima de 7% no acumulado em 12 meses neste início de ano. O aumento no índice de preços também é, para Adriana Beringuy, da coordenação de trabalho e rendimento do IBGE, a principal razão para a queda - a pior desde maio de 2005, quando a renda média real diminuiu 0,7% na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. Ela ressalta ainda que o indicador chegou a cair em termos nominais em fevereiro, 0,3%, na mesma comparação.


Para André Muller, da Quest Investimentos, o desempenho da renda reitera que a "virada" esperada para o mercado de trabalho está de fato acontecendo. Nos próximos meses, avalia, os indicadores de emprego devem andar mais em linha com as demais variáveis de atividade. Nesse sentido, a população economicamente ativa - que caiu 0,7% em 2014 e recuou 0,1% em fevereiro, em relação ao mesmo intervalo do ano passado - deve entrar em campo positivo e exercer cada vez mais pressão sobre a taxa de desemprego, especialmente diante da desaceleração mais forte dos rendimentos. Na estimativa da Quest, a taxa fechará o ano com a média de 6,3%, mais de um ponto percentual acima dos 4,8% apurados em 2014.


A piora nos números foi disseminada entre as regiões, observa Mariana, do ABC Brasil. Em Salvador e em Porto Alegre, o aumento do desemprego resultou da procura maior por trabalho - nos dois locais, a população economicamente ativa aumentou 4,5% e 2,8%, respectivamente. Nas demais, o avanço das demissões pesou mais na alta do indicador. Em São Paulo e em Belo Horizonte, a ocupação cedeu 1,7%, sempre na comparação com o mesmo período do ano anterior. No Rio de Janeiro e no Recife, a queda foi de 0,9%.


A perda de dinamismo na capital gaúcha, que conta com um mercado de trabalho mais consolidado que nas cidades nordestinas, por exemplo, com mão de obra mais qualificada e geração de postos dos mais diversos tipos, é mais um indício de que a piora nas condições no mercado de trabalho acontece em todo o país, pondera Mariana. Lá, a taxa de desemprego cresceu quase um ponto percentual, de 3,8% para 4,7% - nível ainda bastante inferior ao da média do país.


Nas análises por idade e anos de estudo, o desemprego cresce em praticamente todas as aberturas. Nos dois primeiros meses do ano, a população desocupada aumentou 15,1% entre aqueles que têm mais de 11 anos de estudo e 22% entre os que têm mais de 50 anos. O grupo dos desempregados com menor escolaridade, menos de 8 anos de estudo, avançou 12,4% sobre janeiro e fevereiro de 2014.


Entre os setores, a indústria e a construção civil lideram as perdas, com retração de 7,1% e de 5,9% no confronto com fevereiro do ano passado. Os serviços também registraram desaceleração importante, ressalta Fabio Romão, da LCA Consultores. Tomando como base todos os serviços abrangidos pela pesquisa - aqueles prestados a empresas, administração pública etc -, o aumento da população ocupada no setor passou de 1,4% em dezembro para 1,3% em janeiro e 0,7% no mês passado.


Após os resultados de ontem, a LCA revisou para baixo as projeções para o mercado de trabalho em 2015. A queda na ocupação passou de 0,1% para 0,2% e a taxa de desemprego, de 5,7% para 5,8%. A estimativa para a renda foi a que mais caiu - de alta de 0,6% para aumento de 0,2% no ano.


Em seu Relatório Trimestral de Inflação, também divulgado ontem, o Banco Central dedicou um boxe para tratar da piora recente no mercado de trabalho. Entre os "sinais de distensão", a instituição destaca o aumento na taxa de desemprego, o avanço menor da renda e a geração mais fraca de vagas com carteira assinada.


Aumento de demissões dificulta mudança proposta no seguro


Por Denise Neumann | São Paulo


O dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgados pelo IBGE, reforçam os sinais de rápido crescimento das demissões no país, já apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.


O aumento da desocupação - que passou de 5,3% em janeiro para 5,9% em fevereiro, maior taxa desde junho de 2013 - vai jogar contra a intenção do governo de alterar a regra do seguro-desemprego. Ficará politicamente mais difícil negociar a redução do acesso ao benefício em um cenário de aumento de demissões. Sozinha, a mudança nas regras visa uma economia anual de R$ 9 bilhões.


Pela PME, as demissões começaram em dezembro do ano passado e, desde então, já foram fechadas 608 mil vagas de trabalho formais e informais nas seis principais regiões metropolitanas do país. Esse ritmo de 202 mil demissões/mês supera o do corte de vagas da crise de 2009. Naquela ocasião, as demissões duraram praticamente quatro meses e somaram 618 mil vagas, o que representava média mensal de 154 mil dispensas. Se for considerado apenas o primeiro bimestre, o corte de vagas em 2009 foi maior, mas os dados sugerem um impacto maior na atual crise. E a velocidade surpreende.


Em 2009, a economia passou por uma queda abrupta e depois entrou em recuperação. O PIB recuou expressivos 3,9% e 1,6% no quarto trimestre de 2008 e no primeiro de 2009 em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Os dados até agora conhecidos mostram que o Brasil teve uma pequena recessão no primeiro e no segundo trimestres de 2014 e estabilizou no terceiro e quarto trimestres, fechando um ano inteiro de economia parada. Apesar disso, em 2014 o desemprego não cresceu. Ele começou a subir no fim do ano.


No ano passado, a taxa de desemprego manteve-se praticamente estável e o número de ocupados oscilou mês a mês, ora crescendo um pouco, ora caindo, e fechou o ano com volume de vagas semelhante ao do fim de 2013.


Os dados da PME mostram que o aumento das demissões é o principal motivo pelo qual a taxa de desemprego aumenta. E ela poderia aumentar ainda mais se todas as pessoas demitidas passassem imediatamente a procurar emprego. Isso não aconteceu em fevereiro. Apesar do corte de 229 mil vagas no mês, o total de desocupados aumentou em 131 mil pessoas. Pelos dados da PME, 84 mil pessoas a mais se declararam fora do mercado de trabalho.


Esse movimento de "saída" (seja para ficar em casa, seja para estudar) ajudou a manter a taxa estável no ano passado e voltou a aparecer em fevereiro, mas havia perdido fôlego no fim de 2014. Esse comportamento também será chave para o futuro da taxa de desemprego, mas os dados de queda da renda real reforçam as estimativas de que as pessoas voltarão a procurar emprego e com isso aumentarão a dor de cabeça do governo na gestão do ajuste fiscal.


Enquanto o desemprego caía, o governo não teve vontade política para mexer nas regras do benefício. As despesas com o seguro seguiram ordem inversa da taxa e subiram exponencialmente. Reduzir o contingente de desempregados com acesso ao benefício no momento em que aumentam as demissões é medida que reforça o discurso das centrais e da base aliada, de que as medidas estão, sim, ferindo benefícios trabalhistas.


Desvalorização do real provoca salto em preços no atacado, preveem analistas

Por Tainara Machado | De São Paulo


A desvalorização de quase 11% do real em relação ao dólar ao longo de março deve ter levado os preços no atacado a dar um salto na passagem mensal. Como a inflação ao consumidor continua bastante elevada, devido a novos reajustes de energia, a média das projeções de 14 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) avançou 0,93% no mês, variação bem mais forte do que a alta de 0,27% registrada em fevereiro.


As estimativas para o indicador, que será divulgado segunda-feira, vão de alta de 0,88% a 1%. No acumulado em 12 meses, o índice deve ceder de 3,86% no mês passado para 3,1%. Em igual período de 2014, o índice avançou 1,66%.



Para Basilik Litvac, economista da MCM Consultores, os preços no atacado devem ter ficado mais pressionados em março por causa dos produtos agropecuários, com alta esperada de 2,15%, contra deflação de 0,06% no mês anterior. Depois de quedas mais fortes de grãos, como soja e milho, nos meses anteriores, a deflação das commodities dá sinais de perda de força, o que abre espaço para que os efeitos da desvalorização do câmbio fiquem mais visíveis nos preços ao produtor. Por isso, diz Basilik, o Índice de Preços ao Produtor (IPA), que responde por 60% do IGP-M, deve sair de deflação de 0,09% no mês passado e subir para 0,8%.


Leonardo Costa França, da Rosenberg & Associados, estima que o IPA-Agro tenha subido 2,35%, também por causa da expectativa de deflação menor dos grãos. A desvalorização do câmbio também deve atenuar o forte movimento de queda do minério de ferro. Em fevereiro, o preço da commodity registrou queda menor, ao passar de deflação de 5,62% para 3,52%. Neste mês, diz França, a tendência deve continuar, mas o item vai seguir em deflação.


"Não é uma mudança de comportamento das commodities, que vão seguir com cotações baixas, mas apenas o efeito da mudança de nível de câmbio no mês", diz. No período de coleta do IGP-M, entre 21 de fevereiro e 20 de março, a taxa média foi de R$ 3,05, desvalorização de 10,96% na comparação com igual período do mês anterior.


O IGP-M também deve ter alta mais forte por causa da inflação ao consumidor, diz Basiliki. De alta de 1,15% no mês passado, o Índice de Preços ao Consumidor-Mercado (IPC-M), deve ter subido 1,43% em março. "A conta de luz teve alta importante no mês", diz.


Para França, da Rosenberg, o grupo habitação, com aumento de 3,25% neste leitura, contra alta de 1,19% no mês passado, deve ser a principal pressão sobre a inflação ao consumidor, com alta projetada de 1,4% no mês.


Faturamento do varejo em SP tem queda real de 5,5%


Por De São Paulo


O faturamento do varejo na cidade de São Paulo registrou queda real em dezembro do ano passado. No total, as vendas somaram R$ 16,5 bilhões no mês, resultado 6,7% abaixo do obtido no mesmo mês de 2013. O desempenho levou o comércio da capital paulista a uma perda de 5,5% no faturamento real na comparação com o ano anterior, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP).


Em dezembro de 2014, as quedas foram mais acentuadas no segmento que reúne as áreas de vestuário, tecidos e calçados, conforme a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV).Em relação às demais regiões do Estado de São Paulo, a queda de vendas da capital só foi superada pelas regiões do litoral, Campinas e ABCD.


Em relação a dezembro de 2013, três dos oito setores com taxas de retração nas vendas mostraram queda de dois dígitos. Os principais destaques foram o setor de vestuário, tecidos e calçados, que contraiu 24,7%, o de lojas de móveis e decoração, com redução de 13,8%, e o setor de concessionárias de veículos, com recuo de 10,6%. Os três segmentos juntos tiveram queda de R$ 1,1 bilhão no faturamento total comparado ao volume de vendas de dezembro de 2013.


Com queda de 1,3%, os supermercados também registraram baixo desempenho, fechando dezembro como o quinto mês consecutivo de retração. Mesmo assim, os supermercados fecharam o ano no azul, com aumento de 0,8% no acumulado das vendas.


Os segmentos de combustíveis - incluído no grupo de "outras atividades", cuja alta foi de 3,4% - e o de farmácias (alta de 3,3%) lideraram os resultados positivos.


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