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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 24-03-2015 - 08:58 -   Notícia original Link para notícia
Focus projeta inflação de 8,12%

Pela décima segunda semana consecutiva, os analistas revisam para cima as expectativas                                      


Com preços pressionados, a Selic pode chegar a 13,25% em junho/Divulgação


Brasília - Com a alta de 1,24% do IPCA-15 de março, analistas do mercado financeiro mexeram novamente em suas projeções para a inflação para cima. A mediana das previsões para o IPCA de 2015 passou de uma alta de 7,93% para 8,12%. Há um mês, a mediana das estimativas para o indicador estava em 7,33%. Esta é a décima segunda semana consecutiva em que há alta das previsões para o IPCA deste ano.

A expectativa de que o BC não entregará, portanto, a inflação de 2015 sem estourar o teto de 6,50% da meta também pode ser vista no Top 5 de médio prazo, que é o grupo dos economistas que mais acertam as previsões. Para esses profissionais, a mediana para o IPCA deste ano segue acima da banda superior da meta e permaneceu em 8,33% de uma semana para outra. Quatro semanas atrás, estava em 7,12%.

Para o final de 2016, a mediana das projeções para o IPCA foi levemente ampliada de 5,60% para 5,61%. Já no Top 5, a projeção para a inflação no final do ano que vem que estava em 5,61% subiu para 5,64% - um mês antes estava em 5,65%. As expectativas para a inflação suavizada 12 meses à frente seguem elevadas, mas diminuíram. Nessa divulgação do boletim Focus, essa variável passou de 6,58% para 6,49% - um mês antes estava em 6,55%.

No curto prazo, as projeções sobre preços mostram mais descontrole. Depois da alta de 1,24% de janeiro, revelada pelo IBGE, e de 1,22% em fevereiro, a projeção para a taxa em março, também segue acima de 1%. De acordo com o boletim Focus, a mediana das estimativas passou de 1,31% para 1,40% - um mês antes, estava em 0,79%. Algum refresco para a inflação mensal é aguardado apenas para abril, quando o índice deve ter alta de 0,62%. Esse indicador, na semana anterior, porém, estava em 0,60% e quatro edições da Focus atrás, em 0,57%.

O Banco Central trabalha com um cenário de alta para o IPCA nos primeiros meses deste ano. A expectativa é a de que a pressão dos preços administrados fique circunscrita ao primeiro trimestre deste ano. De qualquer forma, o foco do BC em relação à meta é apenas 2016, quando promete entregar uma inflação de 4,5%.



Selic - A depender das expectativas dos analistas consultados para o boletim Focus, foi abandonada a previsão de que a Selic subiria mais um degrau, leve, de 0,25 ponto porcentual, na reunião de abril. E de que assim permaneceria até, pelo menos, o final do ano. Os executivos financeiros estão divididos sobre o tamanho da alta na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do mês que vem, mas o consenso é o de que, em junho, a taxa básica de juros estará em 13,25% ao ano. A dúvida, portanto, é sobre se o colegiado optará pelo mesmo ritmo de alta que vinha mantendo agora ou se dividirá a dose em dois encontros.

Pelas séries estatísticas do BC obtidas com os economistas, a Selic ficará 13,25% até a reunião de outubro. Apenas na última edição do encontro deste ano, em novembro, é que voltaria a ceder para 13,00%. Em março, o colegiado aumentou a taxa básica de juros de 12,25% ao ano para 12,75%, conforme o esperado. Agora, a pesquisa Focus mostra uma alta de 13,13% para o encontro do mês que vem, o que revela uma incerteza sobre uma nova alta de 0,50 ponto porcentual, para 13,25%, ou de redução do ritmo de elevação, para 0,25 pp, o que levaria a taxa para 13,00%.

Por causa dessas alterações ao longo do ano é que, apesar de ter havido um congelamento das estimativas em 13,00% para o encerramento de 2015, a taxa média do ano foi ampliada de 12,88% ao ano para 13,03%. Isso embute, como foi visto nas séries estatísticas, que a perspectiva é de que o Copom elevará mais a Selic ao longo de 2015 para depois reduzi-la ao final do ano.

Barbosa minimiza peso dos resultados do BC

O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, minimizou a previsão do mercado, expressa no boletim Focus, do Banco Central, de que a inflação poderá superar o patamar dos 8% em 2015. Para Barbosa essa é uma expectativa "de mercado", que pode ser revista. "O governo trabalha para trazer a inflação para o centro da meta o mais rapidamente possível. O ano está começando tumultuado, com preços flutuando", disse. "A expectativa de mercado é volátil, não significa que será nesse patamar".

O ministro disse que o aumento é temporário e deve cair rapidamente, uma vez que o próprio mercado já vê uma "pequena redução" para 2016. Segundo Barbosa, o governo faz um levantamento com todos os ministérios sobre restos a pagar com o intuito de saldar todos os pagamentos de obras em atraso. "Pode haver atrasos pontuais, mas vamos pagar todas as obras concluídas e as que estão em dia. A previsão depende de cada ministério", afirmou, reforçando que o governo está pagando todos os seus compromissos em prazo adequado.

A afirmação foi uma resposta à informação de que empresas com obras contratadas pelo governo, mesmo dentro do Programa de Aceleração do Crescimento, estão em atraso ou quase paradas pela falta de previsão de pagamentos. Em vários casos, as empreiteiras começam a demitir funcionários. Ao contrário de outros anos, em que era possível apelar para empréstimos bancários, desta vez, por causa da crise desencadeada pela Operação Lava Jato - que pegou diretamente parte das maiores empreiteiras do País - os bancos estão mais reticentes.

De acordo com Barbosa, cada ministério recebeu um limite financeiro e a previsão dependerá de cada um. "O pagamento poderá ser feito por ordem cronológica, por importância estratégica, vai depender de cada ministério. Mas é possível ir saudando todos os compromissos dentro desse limite", afirmou. (AE)



PC-S desacelera 1,47% na terceira quadrissemana       


São Paulo - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) desacelerou para 1,47% na terceira quadrissemana de março, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado ficou 0,02 ponto porcentual abaixo do registrado na segunda leitura do mês, quando o indicador apresentou alta de 1,49%.

Das oito classes de despesa analisadas, seis apresentaram decréscimo em suas taxas de variação: Transportes (de 2,05% para 1,42%), Alimentação (de 1,25% para 1,09%), Educação, Leitura e Recreação (de 0,94% para 0,68%), Vestuário (de -0,09% para -0,22%), Despesas Diversas (de 0,99% para 0,83%) e Comunicação (de 0,07% para -0,06%).

Em contrapartida, apresentaram acréscimo em suas taxas de variação os grupos Habitação (de 2,58% para 3,19%) e Saúde e Cuidados Pessoais (de 0,71% para 0,83%).


Transportes - Com o recuo de 2,05% na segunda quadrissemana de março para 1,42% na terceira leitura do mês, o grupo de Transportyes foi o que mais contribuiu para a desaceleração do IPC-S, que caiu 0,02 ponto porcentual, de 1,49% para 1,47% entre os dois períodos.

Dentre as seis classes de despesas que registraram decréscimo em suas taxas de variação, a FGV destacou o comportamento dos itens Gasolina (de 6,48% para 4,56%), em Transportes; hortaliças e legumes (de 8,38% para 6,24%), em Alimentação; salas de espetáculo (de 2,26% para 1,19%), no grupo Educação, Leitura e Recreação; roupas femininas (de -0,29% para -0,61%), em Vestuário; cigarros (de 0,84% para 0,49%), em Despesas Diversas, e mensalidade para TV por assinatura (de 0,55% para 0,15%), no grupo Comunicação.

De forma isolada, os itens com as maiores influências de baixa foram batata inglesa (de -5,19% para -5,38%), tarifa de telefone residencial (de -0,56% para -0,82%), camisa masculina (de -1,13% para -1,36%), blusa feminina (de -0,50% para -1,12%) e frango em pedaços (mesmo diminuindo o ritmo de deflação, de -2,00% para -1,46%).

Já os cinco itens com as maiores influências de alta foram tarifa de eletricidade residencial (de 13,29% para 18,36%), gasolina (apesar da desaceleração, de 6,48% para 4,56%), condomínio residencial (de 3,51% para 4,25%), refeições em bares e restaurantes (mesmo com o recuo, de 0,94% para 0,86%) e aluguel residencial (apesar da diminuição do ritmo de alta, de 0,99% para 0,93%).


Desaceleração - O consumo mais enfraquecido no mercado interno pode estar limitando a transmissão dos efeitos da depreciação cambial para os preços de alguns produtos ligados ao dólar. A expectativa de uma reversão nas tendências foi apresentada pelo economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, ao avaliar os resultados dos indicadores sobre o comportamento da inflação.

"As condições para repasse do câmbio estão bem pouco favoráveis. Até por conta disso, o grupo industrializados deu uma declinada", disse, ao referir-se à taxa de 0,43% dos industrializados na terceira leitura do mês.

"Os industrializados interrompem a trajetória de alta que era devagar, mas contínua, e justamente no momento em que o dólar atingiu a maior cotação desde 2003. óbvio que o repasse não é imediato. Por outro lado, é óbvio também que as condições atuais provavelmente vão mostrar que o efeito não só vai demorar mais que no passado como também poderá ser pouco intenso", explicou. (AE)


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