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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 23-03-2015 - 07:39 -   Notícia original Link para notícia
Volume de 'minicontratos' de dólar bate recorde após moeda disparar

Número de operações, que são de alto risco, triplicou na Bolsa este mês


A disparada de 25% na cotação do dólar nos últimos dois meses, acompanhada de forte instabilidade, levou muitos investidores a correrem atrás de proteção. O resultado foi um volume recorde nos chamados "minicontratos" de dólar, um produto que tem a possibilidade de ganhar com a alta da moeda americana, mas que embute grande risco e não é indicado para iniciantes. Em março, somente até o dia 18, o número de contratos negociados foi de cerca de 1,5 milhão, mais que o triplo dos 459 mil de todo o mês de março do ano passado.



DANIELA DACORSO Cautela. Leandro Vichy conta que demorou a investir em 'minicontratos': 'Comecei devagar porque queria aprender'


O minicontrato de dólar é um tipo de investimento do mercado futuro negociado no segmento BM&F da Bolsa. Assim, funciona como uma aposta sobre a cotação dentro de um determinado período. Cada minicontrato representa um lote de US$ 10 mil - por isso ele é chamado de "mini", já que equivale a 20% de um contrato inteiro de dólar, conhecido como "dólar grande", que é de US$ 50 mil e é usado por grandes empresas e investidores. Por causa do valor reduzido, o produto é acessível a investidores pessoas físicas.


O chamado "dólar mini" acompanha diretamente a variação do câmbio. A referência usada pela Bolsa para calcular a cotação que valerá para as operações é o valor em reais de US$ 1 mil, com base no câmbio à vista. Assim, se esse montante sobe, por exemplo, de R$ 3.000 para R$ 3.100 em determinado período, o ganho do investidor que apostou na alta é de R$ 1 mil - os R$ 100 de diferença multiplicados por dez, já que cada minicontrato equivale US$ 10 mil. Se esse investidor hipotético tivesse comprado cinco contratos, seu lucro teria sido de R$ 5 mil. Mas, se apostar na alta e a moeda cair, ele perde na mesma proporção.


- O investidor precisa ter algum conhecimento do mercado financeiro. Trata-se de um derivativo do mercado futuro, então esse aplicador precisa estar consciente dos riscos. Por isso, quem quer fazer apenas uma viagem e se proteger da variação, esse não é o melhor caminho, na minha opinião - alerta Paulo Ferreira, da WinTrade, home broker da corretora Alpes.


Vale lembrar que o investidor não precisa ter os US$ 10 mil para entrar no mercado. É uma operação alavancada: a Bolsa exige uma margem de garantia variável (cerca de 15% do valor da aplicação), mas as corretoras costumam permitir que o investidor trabalhe com contratos com valores de quatro a cinco vezes superiores ao que tem em conta. Ou seja, ajuda quem quer entrar sem ter tanto dinheiro, mas eleva ainda mais os riscos em caso de perda.


- Caso aconteça uma queda ou alta brusca do dólar, isso pode "lamber" o depósito do investidor - afirma Flávio Lemos, coordenador da Trader Brasil Escola de Investidores..


MAIORIA FAZ 'DAY TRADE'


Leandro Vichy, um dos novos investidores do "dólar mini", só entrou nesse mercado depois de adquirir muita experiência com ações. Sua primeira aplicação aconteceu nos últimos meses, com dois contratos:


- Quando o dólar ultrapassou os R$ 2,80, percebi que ele não tinha mais sustentação. Procurei o "dólar mini" porque considerei uma boa proteção. Mas comecei devagar porque queria primeiro aprender.


No dia 13, a BM&FBovespa registrou recorde no volume diário de negociações, com 159.032 contratos. O recorde anterior datava de poucos dias antes. Com cerca de 3,6 milhões de contratos negociados este ano, 2015 já representa metade do volume total do ano anterior e 51% mais que em todo o ano de 2013.


O movimento coincide com a recente valorização do dólar, que iniciou o ano valendo R$ 2,65 e já está em torno de R$ 3,30. Mas o que mais importa para investidores de "dólar mini" é a oscilação, uma vez quem a maioria faz o chamado "day trade", entrando e saindo do mercado no mesmo dia. A negociação acontece entre 9h e 18h. Segundo Paulo Ferreira, da WinTrade, são poucos os investidores que "carregam" a aplicação por mais de um dia. Dessa forma, sempre que o dólar varia há oportunidade de lucro.


IMPOSTO DE RENDA DE 15%


Mesmo que o dólar esteja em queda, investidores podem ganhar com a operação, já que pode-se entrar tanto "comprado" (apostando na alta da moeda) quanto "vendido" (na queda) nesse mercado.


- É uma forma de se proteger da forte variação do câmbio sem precisar comprar moeda. A aplicação pode ser usada, por exemplo, por quem planeja estudar no exterior e terá uma despesa fixa em dólares ou para um comerciante que faça alguma importação ou exportação, mesmo de pequeno porte - explica Lemos.



Além de taxas de corretagem e pagamento de emolumentos à Bolsa, sobre a aplicação incide Imposto de Renda. A alíquota- base é de 15% sobre o lucro líquido, mas ela sobe para 20% quando o ganho aconteceu no "day trade".


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