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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 20-03-2015 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Dólar sobe e fecha perto dos R$ 3,30

Moeda norte-americana retoma fôlego e volta a mostrar força; alta provoca reajuste médio de 8% nos produtos à base de trigo


Paulo Silva Pinto


Em meio à ressaca da crise política e à dissipação do otimismo quanto à perspectiva para os juros nos Estados Unidos, o dólar subiu ontem 2,56%, fechando a R$ 3,296, a maior cotação desde 1° de maio de 2003. Chegou a atingir R$ 3,308 na máxima do dia. "Ultrapassamos a barreira psicológica dos R$ 3,30", notou o economista Ricardo Nogueira, superintendente de operações da Corretora Souza Barros. As apostas pessimistas contaminaram também o mercado de capitais: a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) fechou em baixa de 1,11%, aos 50.953 pontos.

Um dos fatores destacados por analistas foi nova crise na relação entre o Executivo e o Legislativo, que culminou com a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes, na quarta-feira. "Nesse ambiente de instabilidade em que estamos, a situação política acaba tendo um peso até maior do que merece", afirmou Nogueira. Não que os efeitos nessa área sejam negligenciáveis, porém. Para o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, as dificuldades do governo no parlamento vão impedir o alcance do superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) almejado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Acho mais provável que ele consiga algo em torno de 0,8%", disse Velho.

Ainda assim, o economista mantém a aposta na manutenção do grau de investimento do país pelas agências de classificação de risco, a menos que as dificuldades políticas levem o superávit a um patamar inferior a 0,5% do PIB. O grande trunfo do ministro da Fazenda, na avaliação de Velho, será o contingenciamento das despesas previstas no Orçamento, que pode ser anunciado em breve. "Será algo em torno de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões".

No horizonte de Eduardo Velho, no entanto, mesmo que o grau de investimento seja mantido, a tendência é de que o dólar continue subindo de forma intensa. "O novo piso de cotação da moeda será R$ 3,50, devido a fatores domésticos e externos", avaliou. Internamente, ele listou, além da combinação de complicações fiscais e políticas, a resiliência da inflação e a queda na atividade econômica.

IMPACTO Sem condições de absorver o aumento dos custos, por conta da alta do dólar e das tarifas de energia, a indústria de massas, biscoitos, pães e bolos vai reajustar os produtos em 8%, e média, para o varejo. A medida deve ter um efeito cascata que vai alcançar o bolso dos consumidores. Isso porque, também pressionado por despesas cada vez mais elevadas, o comércio deve repassar o aumento dos derivados de trigo para os preços das mercadorias nas prateleiras de supermercados e padarias.

Conforme o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), Cláudio Zanão, o Brasil produz menos da metade do trigo consumido no país e precisa importar grandes quantidades de farinha de países do Mercosul, sobretudo da Argentina, do Canadá e dos Estados Unidos. Com a alta do dólar, que se valorizou 24% este ano, o custo de produção disparou e está anulando as margens de lucro das empresas do setor.

"Nas massas, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 40%, e nos pães e bolos, de 30%. Qualquer variação do preço do trigo tem impacto no setor", destacou Zanão. Além da alta do dólar, a indústria alimentícia se ressente dos reajustes de energia elétrica e do efeito da alta do diesel no custo dos fretes para transporte das mercadorias.


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