Leitura de notícia
Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 18-03-2015 - 09:50 -   Notícia original Link para notícia
Arcos Dorados sente efeito da crise na AL

Acabou virando uma dessas máximas preferidas do mercado, desde que o analista Patrick Doyle, da Doyle Publishing, escreveu em relatório, no fim do ano passado: "Quando o McDonald's pega uma gripe, a Arcos Dorados acaba tendo uma pneumonia". É o tipo de análise que considera especialmente índices como retorno sobre capital investido, margem operacional e lucro por ação, com base em dados de 2014. "Se parece que Mcdonald's teve um mau ano, Arcos Dorados teve um ano muito pior", escreve Doyle.


É fato que a operação da rede de restaurantes na América Latina, administrada pela Arcos Dorados, não caminha muito bem, e para alguns indicadores, pior do que o McDonald's. Mas isso não acontece porque o McDonald's daqui vende em ritmo menor do que o McDonald's de lá. Ou porque é uma operação mais cara ou ineficiente hoje. O negócio na América Latina cresce mais rápido do que nos EUA e Europa, e tem reduzido custos gerais. Mas a forte perda de valor das moedas na região tem complicado a vida da empresa.


Instabilidades políticas e econômicas na Venezuela, Argentina e no Brasil desvalorizam as moedas locais, com impacto negativo da variação cambial nos números. De certa forma, paga-se o preço por estar em países (apesar do alto potencial de consumo) com economias, no mínimo, cambaleantes.


Números publicados pela Arcos Dorados ontem mostram que as vendas do grupo tiveram queda de 12,7%, alcançando US$ 913,6 milhões no quarto trimestre de 2014. Ao se descontar as variações cambiais das moedas locais, o crescimento foi de 16,4%. Em termos de vendas "mesmas lojas" (pontos em operação há mais de um ano), houve aumento considerável de 15,4%. E foi esse índice o que o mercado viu ontem, levando a uma alta nas ações da empresa de 20% na bolsa americana Nyse.


As despesas operacionais chegaram a cair 10% no quatro trimestre, mas com as vendas (em dólar) diminuindo mais rápido (12,7%), a conta não fechou. O lucro líquido foi de US$ 10 milhões no trimestre, queda de 69% frente ao apurado de outubro a dezembro de 2013.


Em 2014, as vendas consolidadas foram de US$ 3,7 bilhões, queda de 9,5% sobre 2013. Sem variação cambial e excluindo a Venezuela (que fez uma mudança na política de compra e venda de dólar), o crescimento foi de 9,6%.


Em vendas "mesmas lojas", houve alta de 10%. Novamente, as despesas caem no ano (6%), mas com as vendas diminuindo 9,5% (e resultado negativo de câmbio dobrando para US$ 74 milhões), o lucro líquido de 2013, em US$ 53,9 milhões, se transformou em perda em 2014, de US$ 109,3 milhões.


No McDonald's fora da América Latina (Ásia, África, Europa, EUA e Oriente Médio), num ambiente de forte pressão concorrencial em restaurantes, mas melhora do cenário econômico, as vendas diminuíram 7% para R$ 6,57 bilhões no trimestre. O lucro líquido caiu 21%, para US$ 1,09 bilhão - com lucro por ação 16% abaixo do previsto por analistas. Vendas "mesmas lojas" caíram 0,9% (na Arcos Dorados subiram 15%).


No acumulado de 2014, as vendas do McDonald's encolheram 2% e o lucro caiu 15%. Índice de vendas "mesmas lojas" teve queda de 1%.


Pelos cálculos de analistas, enquanto a Arcos Dorados atinge crescimento (descontando câmbio) de 7% a 10% trimestral, com prejuízo no último ano (e franquias que custam US$ 500 mil, em média), o McDonald's apura alta na faixa de 2% a 5%, mas lucra com franquias que custam de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões.


Em comum às duas operações estão anúncios dos comandos para tentar reverter a atual fase. A Arcos Dorados informou ontem que não pagará dividendos em 2015, para aumentar a geração de fluxo de caixa livre e reduzir a alavancagem. O McDonald's reforçou, em teleconferência com analistas em janeiro, que deve abrir menos lojas em mercados mais desafiadores.


No Brasil, a empresa informou ontem que teve queda de 2,2% nas vendas de outubro a dezembro, quando a soma atingiu US$ 467,5 milhões. Ao se desconsiderar efeito da variação cambial, houve alta de 9,4% nas vendas no país.


Em 2014, a rede vendeu US$ 1,81 bilhão no Brasil em 2014, recuo de 1,4%. Sob moeda constante, houve avanço de 7,6%. As vendas "mesmas lojas" no quarto trimestre subiram 5%. O lucro antes de juros impostos e depreciação no país (Ebitda) no quarto trimestre diminuiu 0,8%, e a margem Ebitda aumentou 0,24 ponto, para 17,4%.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.