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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 14-03-2015 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Alta de preços afeta mais a baixa renda

Índice que mede a inflação de quem recebe até 2,5 salários mínimos, de 8,06% em 12 meses, passa o indicador oficial



As famílias de baixa renda sofrerão mais este ano com a carestia. A alta de preços administrados como o de energia elétrica e da gasolina (que encarece o custo de transporte) e dos alimentos tem peso maior no orçamento dos que ganham menos. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getulio Vargas, que mede a inflação de famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos subiu 8,06%, no acumulado de 12 meses. Acima do IPCA, de 7,7% no mesmo período.

Para o economista André Braz, pesquisador da FGV, há uma grande chance dessas família sofrerem mais com a alta nos preços este ano. "Em março, a gente espera impacto dos aumentos extraordinários na conta de energia e do valor maior das bandeiras tarifárias. Como a energia pesa 4% no índice, só por conta disso o IPC-C1 já sobe mais de 1%", explicou.

Apesar do indicador acumulado estar muito acima da meta de inflação estabelecida pelo governo de 4,5%, houve desaceleração do índice na comparação mensal. A concentração de reajustes de tarifas públicas em janeiro levaram o IPC-C1 a subir 2% naquele mês contra 0,83%, de fevereiro, quando os preços administrados deram uma trégua, apesar de os alimentos se manterem acelerados.

André Braz chama atenção para o perigo da alta do dólar influenciar no aumento do custo de vida para esta faixa de renda. Há tendência é que a alta cotação da moeda norte-americana contamine o preço de alguns produtos, como o pão francês, já que boa parte do trigo consumido no país é importado. "Os produtos com maior chance de repasse são as carnes e os derivados do trigo" afirmou o economista da FGV.

Muito além da meta do governo

Segundo ele, enquanto o IPC geral deve terminar o ano em torno de 8%, o IPC-C1 pode avançar a 8,5%. Ambos são calculados pela FGV. A trajetória do índice mostra que o cenário é factível. "O cenário agora é de pressão, mesmo." A valorização do dólar, que tem feito a cotação da moeda em reais bater recordes diários, também pode pressionar o orçamento das famílias mais pobres, destacou o economista. Isso porque alguns alimentos comercializados no mercado internacional tendem a repassar a alta da moeda americana e deixar as compras no supermercado mais caras. O trigo é um exemplo.

Em fevereiro, o pão francês dobrou o ritmo de alta, para 0,50%, e pode não ter chegado a seu limite. "Os produtos com maior chance de repasse (devido ao câmbio) são as carnes e os derivados do trigo", disse Braz. No mês passado, as carnes bovinas e suínas já ficaram mais caras. Feijão carioca, frutas e hortaliças e legumes desaceleraram, mas ainda assim o aumento foi acima da média. O IPC-C1 mensura a inflação percebida por famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos, e a alimentação compromete um terço do orçamento desses consumidores.


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