Helibras e empresas fornecedoras de autopeças cortam empregos diante da retração da economia do país

Leonardo Francia

A Helibras implantou PDV que já resultou em 40 desligamentos de funcionários/Alisson J. Silva

Os fabricantes de autopeças do Sul de Minas estão sentindo o impacto da retração da economia e do setor automotivo, especialmente. Embora ainda não tenham sido registrados números que configurem um processo de demissão em massa no segmento, as empresas fornecedoras da cadeia automotiva já estão reduzindo o quadro de pessoal.

A Helicópteros do Brasil S/A (Helibras), em Itajubá, lançou no início do ano um programa de demissão voluntária (PDV) e há riscos de cortes de funcionários, segundo informações do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Itajubá, Paraisópolis e Região.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, Paraisópolis e Região, José Carlos dos Santos, informou que a Helibras implementou um PDV, pelo qual 40 funcionários já foram desligados. Porém, segundo ele, a empresa não deu garantias de que não haverá demissões fora do programa.

"Já nos reunimos com a direção da Helibras pedindo um plano de redução de custos que não envolvesse demissões e ele não foi entregue. Além disso, pedimos garantias da empresa de que funcionários não seriam mandados embora fora do PDV, o que também não aconteceu. Estamos nos preparando para parar a fábrica caso haja demissões, a exemplo do que aconteceu na planta da Mercedes-Benz em São Bernardo", afirmou Santos.

Conforme já publicado, desde o ano passado, a Helibras estaria sofrendo com o plano de contingenciamento de verbas do governo federal, com redução das compras de equipamentos para as Forças Armadas. Algumas demissões, inclusive, já teriam acontecido por causa da redução do ritmo de produção ao longo de 2014, mas a empresa afirmou, à época, que as dispensas foram pontuais. A reportagem procurou a Helibras, mas até o fechamento desta edição não conseguiu retorno.

Santos acrescentou que não é só a Helibras que vive um situação de redução de postos de trabalho. De acordo com ele, fabricantes de autopeças instalados em Itajubá também estão demitindo. "Ainda não podemos dizer que demissões em massa, mas as empresas estão demitindo a conta-gotas. Isso preocupa", disse.

Em Poços de Caldas, empresas do setor de manutenção mecânica, montagem e fabricantes de lanternas para veículos já começaram a demitir. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Poços de Caldas e Região, Ademir Angelino, em alguns casos as demissões já representam 20% do quadro de pessoal.

Alcoa - "As empresas estão alegando reestruturação, além da alta do dólar, queda de encomendas e falta de pagamento da Petrobras em caso de fornecedores da estatal. Estamos preocupados e acredito que 2015 nãos erá um ano bom", afirmou o dirigente sindical. Segundo ele, a Alcoa Alumínio S/A, instalada em Poços de Caldas, já demitiu cerca de 40 trabalhadores.

No caso de Pouso Alegre, as demissões estão relacionadas aos fornecedores de autopeças para caminhões instalados na cidade, como explicou o presidente do Sindicado dos Metalúrgicos de Pouso Alegre e Região, Francisco Pereira dos Santos Filho. Uma das empresas que já demitiram, conforme ele, foi a Flamma Automotiva (antiga Automotiva Usiminas). "Já estão ocorrendo demissões no setor de autopeças sim", pontuou.