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Estado de Minas Online ( Política ) - MG - Brasil - 11-03-2015 - 09:42 -   Notícia original Link para notícia
PM convoca 15 mil para acompanhar protestos

Corporação vai usar o mesmo esquema adotado nas copas do Mundo e das Confederações para tentar evitar tumultos nas manifestações contra a presidente Dilma no domingo


Não é apenas a presidente Dilma Rousseff e seus aliados que estão preocupados com a dimensão dos protestos marcados em todo país para o próximo domingo, 15 de março. Em Minas Gerais, o serviço de inteligência da Polícia Militar (PM) está vasculhando redes sociais para traçar estratégias de atuação nas manifestações e usará modelo semelhante ao esquema montado durante as copas do Mundo e das Confederações. A corporação já convocou 15 mil homens para acompanhar os atos, que devem se alastrar pelo estado e contam com confirmações em 12 cidades, além de Belo Horizonte. Insatisfeitos com a política nacional e inspirados nos caras pintadas de 1992, grupos prometem pintar o rosto com as cores da bandeira do Brasil e pôr a boca no trombone contra a corrupção, o escândalo na Petrobras e até a favor do impeachment de Dilma.

Embora o foco seja os eventos do domingo, a operação da PM começa na sexta-feira, quando estão marcadas manifestações em apoio à presidente. Capitaneada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a mobilização defende as conquistas sociais do governo do PT, mas pode não ocorrer. Ontem, o próprio governo pediu à Central que cancele o evento para evitar que ele estimule mais manifestantes a participar dos protestos no domingo. 

Os eventos a favor e contra o governo aumentaram a atenção da PM. "Vamos usar o efetivo da Região Metropolitana de BH, que é de 15 mil homens. Contaremos com policiais das unidades administrativas e o reforço da academia. O comandante também pode, caso ache necessário, transferir tropas do interior para a capital. Temos logística para isso", afirma o major Gilmar Luciano, da assessoria de imprensa da PM. Somente na capital, seis aeronaves estarão à disposição dos militares.

Amanhã, com a conclusão da análise de conteúdos compartilhados em aplicativos de celular e redes sociais, a corporação anunciará detalhes da operação. "Posso dizer que estamos preparados para qualquer tipo de situação", afirma o major. Uma das orientações, anunciada na segunda-feira pelo prefeito de BH, Marcio Lacerda, é proibir o bloqueio total de ruas e avenidas pelos manifestantes, com objetivo de garantir o direito de ir e vir daqueles que não participarão dos protestos.

Se depender da adesão no Facebook a eventos marcados para o domingo, a PM terá trabalho de sobra. Somente em Belo Horizonte, uma manifestação pelo impeachment de Dilma Rousseff, às 10h, na Praça da Liberdade, conta com 26 mil presenças confirmadas. Outro evento semelhante, às 15h, tem 9,4 mil adeptos. Mas, na página "Manifestação pelo Impeachment de Dilma Rousseff", os organizadores avisam que o protesto é pacífico e que não irão permitir o uso de camisas ou bandeiras de partidos políticos. Tampouco os vândalos e black blocs, que serão, segundo eles, "entregues à polícia".

Uma das organizadoras, a médica Flávia Figueiredo, 42 anos, acredita que pelo menos 20 mil pessoas estarão presentes na Praça da Liberdade. Apesar de estar no nome do evento, o afastamento da presidente não chega a ser um pleito. "Ninguém quer que ela (Dilma) continue, mas o foco principal é a luta contra a corrupção. O impeachment em si é um símbolo para mostrar que estamos insatisfeitos com o que está ocorrendo no Brasil", explica.

Interior A onda de protestos está se espalhando pelo interior: já há manifestações marcadas em 12 municípios, além da capital - Betim, Curvelo, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora, Montes Claros, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Uberlândia, Uberaba e até na pequena Brasília de Minas, Região Norte. Insatisfeitos com o arrocho da economia, o aumento do preço da gasolina e a corrupção na Petrobras, a maior parte dos participantes, que se anuncia como apartidária, pede o impeachment da presidente. A convocação é para que, assim como em 1992, no afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello, manifestantes compareçam com caras pintadas e vestidos com as cores da bandeira do Brasil.

Em Montes Claros, no Norte de Minas, a concentração está marcada para às 11h30, na Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária), na região Central. Também está sendo organizada uma carreata com saída, às 9h, da Praça dos Jatobás. Embora se apresente como movimento pró-impeachment, nem todos os participantes concordam com esse objetivo."Vou participar do protesto, mas não para pedir impeachment. Vejo isso como forma de manifestar a nossa insatisfação e denunciar uma situação de corrupção, inércia e incompetência. Esta é uma maneira democrática de se manifestar. Não tem nada a ver com derrubar governo", afirma o servidor público Valeriano Lopes Braga.

Em Ipatinga, no Vale do Aço, o ato, marcado para o dia 15, às 9h30 em frente à prefeitura, conta com 2,1 mil adesões. Na página do evento no Facebook, os organizadores afirmam que "a cada dia fica mais clara a culpa (por omissão ou negligência) da presidente Dilma nos bilionários escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras". Já em Sete Lagoas, na Região Central, 1,2 mil pessoas confirmaram presença em manifestação na Praça da Feirinha, na Orla Lagoa Paulino, às 16h. Mais cedo, às 8h, um grupo combinou de seguir em carreata para participar dos eventos em Belo Horizonte.

Idealizador do movimento "Queromedefender", que tem 276 mil seguidores no Facebook, o advogado Cláudio Camargo Penteado, um dos organizadores das manifestações de domingo, afirma estar surpreso com o crescimento do movimento. "As redes sociais são impressionantes, atingem pessoas não somente nas grandes capitais, mas em locais muito distantes", afirma Penteado, que não defende o impeachment, mas vai para as ruas protestar contra a impunidade e a corrupção. (Com Isabella Souto, Juliana Cipriani e Luiz Ribeiro)


Defesa marcada pela indignação


Anastasia usa a tribuna do Senado para se defender das acusações que o levaram à lista de investigados do MP na Operação Lava-Jato. Ele classificou a denúncia como uma 'infâmia'



"Estou tranquilo, pois não deixarei de provar que as acusações supostamente incriminadoras não passam de devaneio do acusador, uma vez que não se encontram indícios e muito menos elementos para abertura da peça administrativa", Antonio Anastasia (PSDB-MG), senador



O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ocupou pela primeira vez a tribuna do Senado, desde que foi empossado, em fevereiro deste ano, para se defender da acusação de que teria recebido propina do esquema de desvios da Petrobras. O nome do senador faz parte da lista de políticos que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participação em irregularidades na estatal. Anastasia classificou como uma "infâmia de grandes proporções" e disse que, em seus 30 anos de vida pública, exerceu cargos relevantes e de responsabilidade e jamais teve sua "ética", "retidão" e "probidade" questionadas. O senador disse estar sendo caluniado de forma "vil e abjeta" e lamentou o fato de usar a tribuna pela primeira vez para se defender de uma "sórdida mentira". Anastasia disse que seu discurso, batizado por ele de "A grande indignação", foi o mais importante de toda sua carreira. "Defendo aquilo que tenho de mais precioso em 30 anos de vida pública: minha honra e minha história", afirmou o senador.


Ao todo, 12 senadores serão investigados. Segundo o Ministério Público, um ex-policial federal, Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido por "Careca", disse em depoimento à Polícia Federal que, a mando do doleiro Alberto Youssef, entregou R$ 1 milhão pessoalmente ao tucano em 2010, quando Anastasia disputava a reeleição ao governo estadual, em uma casa no Bairro Belvedere, Zona Sul de Belo Horizonte. Careca disse que na época não sabia quem ele era e que só veio a reconhecê-lo depois que viu uma reportagem sobre sua reeleição. "Basta a simples leitura do que já foi disponibilizado para se verificar as contradições e incongruências: não há identificação da tal casa, seu endereço ou seu proprietário, não se sabe a data, a hora, o meio de transporte, nada. A identificação feita por foto é por mera semelhança", afirmou o senador. Segundo ele, o depoimento do próprio Careca foi contestado por Yousseff, por meio de seus advogados. Anastasia garante que as não conhece, nunca falou e nunca esteve pessoalmente com nenhum dos investigados.


"A fala de um desqualificado, sem qualquer compromisso com a verdade e sem qualquer prova do que alega, não pode macular 30 anos de ilibada vida pública", afirmou o senador, que disse estar tranquilo e à disposição da Justiça para prestar qualquer tipo de esclarecimento. "Estou tranquilo, pois não deixarei de provar que as acusações supostamente incriminadoras não passam de devaneio do acusador, uma vez que não se encontram indícios e muito menos elementos para abertura da peça administrativa", disse o ex-governador de Minas Gerais, por dois mandatos consecutivos. Durante sua fala, ele também agradeceu a solidariedade que vem recebendo desde que as denúncias vieram à tona, pela primeira vez, em janeiro deste ano.


Após o discurso, alguns senadores manifestaram apoio a Anastasia. O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, comparou Anastasia a Tancredo Neves e Ulysses Guimarães e disse ter confiança "na lisura de sua vida pública. "A vida me deu o privilégio de conviver com homens como Tancredo Neves, de conviver com homens como Ulysses Guimarães, como Teotônio Vilela, dentre tantos outros, que tiveram, sim, uma extraordinária dimensão política no tempo em que atuaram. Mas eu digo aqui, na tribuna do Senado Federal, que do ponto de vista pessoal, moral, nenhum supera vossa excelência", disse Aécio. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), a inclusão do nome de Anastasia na lista dos investigados é uma das maiores injustiças da história. "Tenho certeza absoluta de que isso será esclarecido o mais rápido possível. A justiça e a verdade devem prevalecer", afirmou Tasso. Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a vida de Anastasia transformou honestidade "em substantivo". O tucano cobrou uma investigação rápida para que a verdade e a justiça venham à tona e criticou o esquema de corrupção que atinge a Petrobras. Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) a "acusação não fica de pé".


Toffoli deve presidir julgamento


Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli vai deixar a 1ª Turma e ser um dos cinco julgadores da Operação Lava-Jato na 2ª Turma. Em maio, ele deve presidir o colegiado. A mudança ocorre após um acordo costurado entre pelo menos três ministros e que foi anunciado na tarde de ontem, mas acabou concluído só à noite. O pacto era para evitar que a presidente Dilma Rousseff nomeasse um ministro especificamente para analisar a operação que apura a corrupção na Petrobras. Toffoli trabalhou para o PT nas eleições de 2006 e atuou como advogado-geral da União no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.


Ontem à tarde, os ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes e Celso de Mello, da 2ª Turma do tribunal, acertaram pedir à 1ª Turma que um dos colegas aceitasse trocar de colegiado e assumir a vaga. Era, segundo eles, um meio de impedir que o novo magistrado a ser indicado pela presidente Dilma Rousseff fique sob a pressão de julgar os processos da Lava-Jato de determinada maneira. O colegiado é o que cuida de 21 dos 25 inquéritos sobre desvios de verbas na Petrobras, mas tem uma vaga aberta há oito meses por falta de indicação da presidente.


Pelo regimento interno do STF, se mais de um ministro se oferecesse para a vaga aberta, a preferência seria do mais velho. Isso daria a "vantagem" da escolha a Marco Aurélio Mello, mas ele afirmou que não deseja mudar de turma. Ontem à noite, Toffoli se ofereceu para trocar de colegiado e assumir a vaga na 2ª. O pedido vai ser analisado hoje pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, mas não há como negá-lo.


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