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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 10-03-2015 - 11:10 -   Notícia original Link para notícia
Artigo - Flores de Minas

Cerca de 80% da produção mineira vai primeiro para cidades de São Paulo, para, depois, ser vendida em nosso estado



Flávio de Assis Vieira
Presidente da Associação de Distribuidores e Produtores de Flores da Central de Abastecimento Municipal (APDF), coordenador da Câmara Técnica de Floricultura do Estado de Minas Gerais (CAM)


Publicação: 10/03/2015 04:00


Em que pese o baixo consumo per capita de flores, que é estimado em apenas R$ 26,68 na média nacional, desde 2006 a floricultura brasileira acompanha uma tendência de aumento de consumo que ocorre na maioria dos países, apresentando altas de 8% a 12% em volume e de 15% a 17% em valor. Nos últimos anos, seu volume de negócios saltou de R$ 3,8 bilhões em 2010 para R$ 4,3 bilhões em 2011, R$ 4,8 bilhões em 2012 e R$ 5,2 bilhões em 2013.



Minas Gerais destaca-se nesse cenário como um dos maiores estados produtores de flores e plantas ornamentais do país. As últimas estimativas indicam que existem mais de 500 produtores em quase 2,2 mil hectares cultivando cerca de 160 espécies de flores de corte e de vasos. A economia de Minas Gerais é dinâmica, há terras disponíveis, clima propício, apoio de instituições de pesquisas e disposição de empreendedores para o fortalecimento da floricultura no estado. Isso traz benefícios como a geração de emprego e renda no campo e contribui para estimular uma ampla cadeia de negócios, de suprimento de sementes, equipamentos e insumos agrícolas até o crescente mercado de organizações de festas, eventos e ornamentação floral.



O fator limitante para o incremento da floricultura mineira é um asfixiante gargalo na distribuição e comercialização que provoca inaceitável distorção: 80% das flores colhidas em solo mineiro, em vez de comercializadas de imediato no nosso mercado, saem daqui e vão ser negociadas nos centros de comercialização em cidades paulistas para depois retornar ao consumidor mineiro, o que evidentemente onera o custo dos produtos, além de provocar evasão de receita.



A triste realidade é que o mercado de flores e plantas ornamentais em Minas Gerais está em crescimento, mas a riqueza que isso poderia gerar está se deslocando para São Paulo, que apresenta um vigoroso sistema de comercialização, eficiente, com logística adequada, utilizando tecnologia para acondicionamento, transporte e armazenagem. Para tanto, São Paulo contou com investimentos da iniciativa privada, sobretudo na região de Holambra, mas foi contemplado também com investimentos públicos que resultaram num centro de distribuição na capital, a Ceagesp, e outro no interior, a Ceasa Campinas.



Enquanto isso, a alternativa de abastecimento que existe em Belo Horizonte, responsável por 42% do mercado varejista de flores do estado, é a feira promovida há 15 anos pela Associação dos Distribuidores e Produtores de Flores da Central Municipal de Abastecimento (CAM), num galpão onde não há espaço suficiente para abrigar os produtores que têm flores para comercializar e que não oferece a estrutura de serviços e de apoio necessárias aos compradores. Diante de tal precariedade, é lamentável, mas compreensível, que um número crescente de profissionais mineiros seja obrigado a se abastecer em São Paulo, perdendo tempo em viagens e incorrendo numa série de custos que afetam sua competitividade.



Se houvesse um local adequado para centralizar os negócios do setor de floricultura em Minas Gerais, evitaríamos essa sangria representada pelos expressivos recursos envolvendo distribuição e comercialização que hoje atravessam as fronteiras de Minas, quando poderiam permanecer dentro do nosso território, contribuindo para o desenvolvimento de negócios locais.



Projeto para isso nós já temos e foi desenvolvido pela Ceasa Minas, com base em pesquisas que demonstraram claramente o anseio dos agentes que compõem a cadeia de negócios de flores e plantas ornamentais por um espaço apropriado para realizarem suas compras e vendas. Inspirado nos modelos que funcionam em São Paulo, o projeto da Ceasa Minas, em Contagem, prevê a implantação de um centro especializado e plenamente estruturado para comércio atacadista e varejista de flores, plantas e acessórios. Com isso, Minas daria um passo importante para se tornar um polo de abastecimento relevante para o mercado de ornamentação floral no país, aumentando a criação de empregos e a geração de novos negócios, evitando o êxodo rural e contribuindo para o aumento da arrecadação.


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