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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 06-03-2015 - 10:02 -   Notícia original Link para notícia
Dólar passa de R$ 3

Moeda norte-americana tem alta de 1,03%, chega a R$ 3,012 e atinge o maior valor desde agosto de 2004 com tensão entre governo e Congresso no ajuste fiscal. Cotação de R$ 4 entra no horizonte


Brasília - O dólar rompeu a barreira dos R$ 3 ontem, com alta de 1,03%, cotado a R$ 3,012, o maior valor desde 16 de agosto de 2004. A crise política entre governo e Congresso e a indefinição do Banco Central a respeito da manutenção do programa diário de venda de dólares no mercado futuro acabaram por antecipar em quase dois anos a desvalorização do real. O mercado financeiro só previa uma cotação acima dos R$ 3 no fim de 2016. Porém, nos últimos quatro dias, a divisa dos Estados Unidos acumulou alta de 5,44% e já subiu 13,27% no ano.
Como cada 10% de valorização da moeda norte-americana impacta em 0,5 ponto percentual na inflação do país, que já está em 7,14% no acumulado em 12 meses fechando em janeiro, a carestia pode chegar a 9% em 2015 se a escalada do dólar continuar. Um índice muito acima do teto da meta do Banco Central (BC), que é de 6,5%. As previsões mais pessimistas apontam que a moeda pode bater nos R$ 4 facilmente. Isso se o Brasil perder o grau de investimento, o que pode ocorrer se o ajuste fiscal prometido pelo governo continuar encontrando resistência na base aliada no Congresso.
"O ajuste de preço vai fazer a moeda subir bastante num primeiro momento, para depois recuar e encontrar o câmbio justo", destacou o ex-diretor do BC Carlos Eduardo de Freitas. Tal ajuste, segundo o economista, precisa corrigir o valor real da moeda norte-americana, mantido artificialmente pelo programa de intervenções diárias do BC, que vende contratos de dólares no mercado futuro. A indefinição da autoridade monetária quanto a seguir com o programa, cujo prazo termina em março, também pressiona o mercado e impulsiona a alta do dólar.

Fundamentos Para o analista da Tendências Consultoria Rodolfo Oliveira, o impasse político sobre o ajuste fiscal não teria tanta influência na cotação do dólar se os fundamentos econômicos do Brasil não estivessem tão frágeis. "Há um componente político, certamente, mas a desvalorização do real sofreu com a pressão global. A moeda se fortaleceu em todo mundo. No Brasil, o baque foi maior por causa da deterioração da economia do país, com inflação alta, contas externas e contas públicas desajustadas e um crescimento zero, próximo de uma recessão", disse.
Para o economista sênior do Besi Brasil, Flavio Serrano, o ruído político também não é o único culpado da alta volatilidade do dólar, apesar de ontem ter ganhado novos contornos com o embate na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. "O mercado já antecipava uma depreciação forte do real. O que surpreendeu foi o timing, ou seja, o momento que ocorreu. A desvalorização chegou mais cedo e muito rápida. Mas, com a perspectiva de aumento de juros nos Estados Unidos, já se sabia que a correção seria necessária", explicou.
Serrano acredita que é possível a moeda norte-americana recuar um pouco abaixo dos R$ 3 e depois se fixar em torno dos R$ 3,20. Ele disse, ainda, que não teme um impacto tão forte do câmbio na inflação porque a economia do país está estagnada. "A pressão inflacionária ocorre conforme as condições econômicas. Nesse momento, deve ser menor e com um impacto mais curto. Basta ver a projeção do mercado, que é de carestia de 8% este ano, mas com redução já em 2016", disse. A projeção do Boletim Focus - com as previsões das 100 maiores instituições financeiras do país - era de uma inflação mediana de 5,80 para o ano que vem, e caiu 0,30 pontos percentuais, para 5,50%, de acordo com o economista do Besi.

No mundo A tendência do dólar ontem foi de valorização global, subindo frente a 15 das 16 principais moedas do mundo. O real foi a quarta divisa no ranking das que mais perderam força diante da moeda norte-americana. Mas o grande destaque do dia no mercado de câmbio foi o euro, cuja cotação frente ao dólar caiu pela primeira vez em 11 anos abaixo de US$ 1,10. O movimento foi influenciado pelas expectativas com o início do programa de relaxamento quantitativo - conhecido como Quantitative Easing - do Banco Central Europeu (BCE). Ontem, Mario Draghi, presidente da instituição, afirmou que as compras de bônus soberanos terão início na segunda-feira.



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