Diante das dificuldades que se apresentam na área econômica, o governo federal recorre, uma vez mais, a medidas de contenção, começando pela elevação dos juros e da carga tributária, acompanhada da redução de investimentos. o receituário clássico e que em última instância implica repartir com cada indivíduo, trabalhador ou empresário, uma conta que resulta de erros cometidos em outras esferas. Algo, no mínimo, a ser mais debatido, quando menos para que se possa melhorar a compreensão da realidade, evitando que os mesmos erros venham a ser repetidos e as causas estruturais dos problemas detectados possam ser efetivamente abordadas. E, principalmente, para evitar que a estratégia de contenção não se transforme numa armadilha que condene o país ao atraso e à pobreza endêmica.
Ilustrativas, no sentido da busca de uma compreensão mais ampla e mais precisa do que verdadeiramente se passa, são as conclusões de estudos sobre a produtividade no Brasil em comparação com outros países, mais ou menos desenvolvidos. Perdemos e perdemos feio quando repartimos o valor total do Produto Interno Bruto (PIB) pelo número de trabalhadores ocupados. Em 2013 a produtividade no Brasil correspondia a 17,2% da registrada nos Estados Unidos e em toda a América Latina nossa posição só não é pior que a da Bolívia. A produtividade é aumentada quando se produz mais com a mesma quantidade de recursos, sejam eles materiais ou humanos.
O baixo nível de investimentos, que no ano passado ficou entre 17% e 18% do produto interno, contra 26% no Peru e 24% no México, está na raiz do problema, explicando as limitações de infraestrutura e as restrições nas áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento. Na base, atinge a qualidade da educação, que evolui apenas quantitativamente, com mais gente chegando às escolas mas sem encontrar a formação desejada e necessária. Este é mais um dos gargalos - talvez o mais obstruído de todos - que o país enfrenta, e agravado porque a renda do trabalhador aumentou sem a contrapartida de ganhos de produtividade.
Essa conta que não fecha e não se sustenta deveria estar no centro das preocupações e das discussões, aparecendo como um dos eixos capazes de levar às transformações desejadas. Não como um doloroso ajuste, de efeitos apenas temporários e à custa de enormes restrições, mas no caminho da construção de uma economia moderna, eficiente e dinâmica. Capaz de crescer de forma sustentável e continuada, livre das medidas que têm sido recorrentes, em condições de gerar recursos que financiem todas as transformações que continuam sendo postergadas. Um sonho perfeitamente possível, ao alcance da vontade e da determinação.
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