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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 04-03-2015 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
BC deve deixar em aberto futuro do ciclo de alta

Por José de Castro e Silvia Rosa | De São Paulo


BC tende a evitar indicações claras sobre os próximos passos da política monetária tanto no comunicado quanto na ata do Copom, diz Alexandre de Ázara, do Modal


No mercado de juros futuros está consolidada a aposta na alta de 0,50 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que termina hoje. A grande dúvida é quanto ao recado que o Banco Central enviará no comunicado divulgado ao fim da reunião.


Para alguns analistas, o BC deve deixar em aberto a possibilidade de continuar o ciclo de aperto monetário, podendo decidir o ritmo de alta para a reunião de abril de acordo com o comportamento do câmbio, da inflação e da implementação das medidas de ajuste fiscal.


"O mercado está esperando um comunicado bastante semelhante ao de janeiro", afirma Jankiel Santos, o economista-chefe do Besi Brasil.


O economista-chefe do Banco Modal, Alexandre de Ázara, também acredita que o BC tende a evitar indicações mais claras sobre os próximos passos da política monetária, tanto no comunicado quanto na ata a ser divulgada na semana que vem, devendo oferecer mais subsídios para um ajuste nas expectativas do mercado apenas no Relatório Trimestral de Inflação, que será divulgado no segundo trimestre.


Para a reunião de abril, as apostas no mercado de juros futuros se mostram no meio do caminho entre um acréscimo de 0,25 ponto e 0,50 ponto.


Ázara diz acreditar que a Selic será elevada em 0,50 ponto percentual na reunião de hoje e terá um acréscimo final de 0,25 ponto no encontro de abril.



Santos, do Besi, lembra que os riscos no quadro internacional continuam altos, a questão fiscal doméstica ainda inspira cautela e os efeitos dos ajustes de preços relativos ainda são desconhecidos.


A economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, espera que o BC traga alguma indicação na próxima ata do Copom de que a política fiscal caminha da zona de neutralidade rumo ao campo contracionista, o que não exigiria um esforço tão grande da política monetária.


A Capital Markets prevê mais duas altas da taxa Selic de 0,25 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Copom, devendo encerrar o ano em 12,75%.


O grande risco para esse cenário é a aprovação das medidas fiscais com o governo enfrentando dificuldades para angariar o apoio da base aliada.


Ontem, a notícia sobre a ausência do líder do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), no jantar promovido pela presidente Dilma Rousseff para se aproximar da cúpula do principal partido da base aliada trouxe dúvidas sobre a capacidade do governo em aprovar as medidas fiscais, essenciais para evitar um rebaixamento do rating soberano do Brasil.



Para Luciano Rostagno, do Mizuho do Brasil, à medida que os resultados fiscais vierem melhores até abril, a pressão de alta do câmbio deve diminuir, o que abriria espaço para o BC desacelerar o ritmo de alta da taxa Selic. "Na minha opinião, o BC já deve preparar o terreno para uma desaceleração do ritmo de alta em abril."


O banco Mizuho prevê uma alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic na reunião de hoje, dado que o real acumula uma desvalorização de 10,93% frente ao dólar desde o último encontro do Copom e a inflação continua surpreendendo para cima.


Ontem, o dólar comercial fechou em alta de 1,11%, a R$ 2,9264, maior patamar desde 3 de setembro de 2004, diante de dúvidas sobre a implementação das medidas fiscais e em relação à atuação do BC no câmbio.


No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 fechou a 13,11%, ante 13,13% do ajuste do pregão anterior, enquanto o DI para janeiro de 2021 subiu para 12,43%, ante 12,41 do fechamento anterior.


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