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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 27-02-2015 - 09:08 -   Notícia original Link para notícia
IGP-M inverte tendência em fevereiro

Desaceleração do índice de preços de mercado, de 0,76% em janeiro para 0,27%, deve continuar em março


Além dos preços dos administrativos pressionados, a inércia dos serviços influencia a alta da inflação CM STORE PUB6coln NOMEDAM6L20A.TXTHJU IM/ 1 /0./Alisson J. Silva


São Paulo - O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) desacelerou de 0,76% em janeiro para 0,27% em fevereiro. Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o IPA-M saiu de 0,56% em janeiro para -0,09% em fevereiro. Na mesma base de comparação, o IPC-M saiu de 1,35% para 1,14%. O INCC-M passou de 0,70% para 0,50%.

O superintendente adjunto de inflação da FGV, Salomão Quadros, acredita que, em março, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) não deve repetir o resultado de deflação registrado em fevereiro. "Devemos ter uma discreta aceleração", afirmou.

Segundo Quadros, a deflação registrada no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - de 0,09% em fevereiro depois de acelerar 0,56% em janeiro, com o maior peso para a desaceleração do IGP em fevereiro -, não deve se repetir, pois alguns dos itens responsáveis por essa pressão não devem ter novas quedas de preços.

"A soja, por exemplo, caiu bastante esse mês, mas já está mostrando elevação. No mês que vem, se vier com queda, ela será menor", disse. O preço da soja em grão registrou uma redução de 6,39% em fevereiro ante queda de 0,74% em janeiro. Já o farelo de soja apresentou deflação de 5,53% ante queda de 2,96% em janeiro.

Quadros reforçou ainda que os preços dos bens intermediários e insumos, que também influenciaram bastante para a deflação de fevereiro, não devem repetir o comportamento em março. "Já houve grande queda nos preços do querosene, por exemplo, que não vai se repetir", afirmou. Segundo a FGV, o querosene de aviação caiu 12,61% em fevereiro ante queda de 1,86% registrada em janeiro.

"Embora eu não acredite em aceleração do IPA, avalio que ele fez uma passagem rápida pelo terreno inflacionário, esse efeito ajudou o IGP, mas não vai se repetir com essa intensidade", explicou.


Pressões - A desaceleração do IGP-M em fevereiro, de 0,27% ante 0,76% em janeiro, é pontual e os IGPs devem acelerar ao longo de março, avaliou o economista tore Sanchez, da LCA Consultores. Segundo ele, a estimativa é de que o IGP-M do terceiro mês deste ano avance para a faixa de 0,60%, assim como os demais IGPs do período.

"O IPA, que é o grande protagonista, deve voltar a ganhar força e o IPC tende a pressionar mais por conta de energia, devido ao eventual reajuste extra, com a revisão tarifária extraordinária das distribuidoras, além do possível aumento das bandeiras tarifárias", explicou, ao referir-se ao Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) e ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC).

Neste mês, os preços no atacado, medidos pelo IPA, tiveram deflação de 0,09%, depois da alta de 0,56% em janeiro. O recuo foi influenciado tanto pelo IPA Agropecuário, que cedeu 0,06% (ante alta de 1,35%), como pelo IPA Industrial, que teve queda de 0,10% (de alta de 0,26%). Já o IPC ficou em 1,14%, após 1,35%, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). "A grande desaceleração vem do varejo, por causa do alívio em Alimentação e também devido à diluição dos reajustes recentes de tarifas de transporte público e de energia elétrica", explicou.

Dentro do IPA, Sanchez ressaltou a queda nos preços do grãos, como a da soja, de 6,39%, que ajudaram na deflação do dado. Segundo ele, os preços devem estar se normalizando e a tendência é que voltem a pressionar à frente. "As commodities agrícolas podem ter um pulso (subida forte) nas próximas leituras", estimou.

A taxa de 0,27% do IGP-M deste mês veio um pouco aquém do esperado pela LCA Consultores, que era de alta de 0,31%. O resultado também veio menor que a mediana das expectativas do AE Projeções (0,28%), obtida das expectativas do mercado, cujo intervalo ia de 0,18% a 0,40%.(AE)



Racionamento de energia gera apreensão


São Paulo - Os preços administrados serão o maior fator de pressão inflacionária este ano. A avaliação é do superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "O preço administrado é, de longe, o foco da pressão de inflacionária esse ano. E isso não vai acabar, vai ter continuação no ano que vem", afirmou.

Uma das principais razões deve ser o ajuste da energia elétrica. "Dificilmente vai se resolver toda a defasagem em um ano só", reforçou. Segundo Quadros, o impacto na inflação gerado por conta de um possível racionamento de energia ainda precisa ser mensurado e vai depender muito do formato em que essa possível restrição ao consumo aconteça.

"Em 2001, quando o governo foi obrigado a recorrer à intervenção, teve uma parcela muito alta de restrição na indústria. Se acontecer agora e cair mais nas costas das famílias pode ter um impacto menor na inflação", explicou, ressaltando que isso desaceleraria o consumo.

Segundo Quadros, além do já esperado impacto dos administrados, a "inércia" nos preços dos serviços também deve influenciar a alta da inflação de 2015. "Neste caso, isso só será mitigado se houver um desaquecimento mais forte do mercado de trabalho", afirmou.

De acordo com a FGV, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de fevereiro está em 7,74%. "Não quer dizer que vai ficar assim, mas não vai baixar muito deste nível e nem deve voltar ao patamar de dezembro, que foi de 6,76%", afirmou. Quadros disse ainda que a influência positiva para minimizar a alta da inflação pode vir do lado dos bens de consumo, que devem ter um comportamento "igual ou um pouquinho melhor do que o do ano passado".

Ele ressaltou, no entanto, que, neste caso, como estão incluídos os alimentos, há outro fator "incerto" que pode alterar o curso dos preços: a crise hídrica. "Muito se fala que essa questão hídrica pode vir afetar a agricultura", afirmou. Para Quadros, porém, o comportamento dos preços dos alimentos "não deve ser um motivo de grande preocupação para os próximos meses". "Administrados e serviços preocupam mais", reforçou. (AE)


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