Cenário de retração da economia e os escândalos de corrupção atingiram em cheio a confiança do empresário

Fiemg detectou que industriais têm expectativas negativas com relação às exportações/Divulgação

No primeiro mês de 2015, a situação da indústria mineira não mudou em relação a 2014: produção em queda; emprego em retração e sem perspectivas de geração de novos postos de trabalho nos próximos meses; elevado índice de capacidade ociosa; estoques acima do planejado e expectativas negativas. Foi isso que mostrou a Sondagem Industrial e o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei/MG), divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Além da situação do setor, o cenário de retração da economia nacional e os escândalos políticos de corrupção também afetaram diretamente a confiança do empresário mineiro. Conforme os dados da Fiemg, o Icei para janeiro fechou negativo em 35,5 pontos, o menor índice desde o início da série histórica, em abril de 2005, e 5,2 pontos abaixo do de dezembro de 2014.

"O ambiente econômico e político é completamente desfavorável e impactou na confiança dos empresários", resumiu a economista da Fiemg �rika Amaral. O estudo mostrou ainda que os industriais mineiros continuam mostrando insatisfação diante das condições atuais de negócio (29,1 pontos).

A insatisfação cresce ainda mais quando se trata da economia brasileira (19,9 pontos), da economia do Estado (22,6 pontos) e até da própria empresa (33,3 pontos). "O cenário é tão ruim que o empresário está perdendo confiança nos próprios negócios", disse a economista. No que se refere às expetativas para os próximos seis meses, o índice também ficou negativo em 38,6 pontos.

Produção - A Sondagem Industrial da Fiemg mostrou que o indicador de produção da indústria de Minas continua negativo e chegou a 38,9 pontos em janeiro. Em relação ao índice de dezembro do ano passado, que atingiu 35,9 pontos, porém, houve uma pequena melhora, com acréscimo de três pontos.

O menor índice relativo à produção na divisão por porte de empresas em janeiro de 2015 foi apurado nas pequenas indústrias, com 31,6 pontos, quatro pontos abaixo do valor apurado um mês antes. "Em momentos de crise, com juros altos e dificuldade de crédito, são as pequenas empresas que mais sofrem", justificou �rika Amaral.

O indicador de nível de emprego industrial para janeiro foi de 43 pontos, ficando 0,9 ponto acima do registrado em dezembro de 2014 (42,1 pontos). Nas empresas de pequeno porte, o indicador também ficou abaixo da média, em 40,8 pontos. O nível de uso da capacidade instalada em janeiro (34,4 pontos) foi menor do que o do mês anterior, com recuo de 1,1 ponto em relação ao índice de dezembro (35,5 pontos).

O indicador de estoques de produtos finais atingiu 48,9 pontos em janeiro, 6,8 pontos acima do de dezembro de 2014. Porém o índice de estoques efetivo planejado cresceu caiu 2,6 pontos e marcou 51,1 pontos na mesma comparação, indicando que os estoques estão além do previsto pelos empresários.

Se o estoque está acima do planejado, a tendência é de que no mês seguinte a produção tende a diminuir ainda mais. Outra interpretação que pode ser dada é que se o estoque está acima do desejado, o capital de giro da empresa está comprometido em produtos e isso afeta a situação financeira da empresa e o acesso ao crédito porque os bancos analisam o fluxo de caixa das empresas.

A Sondagem da Fiemg ainda mostrou que os empresários industriais do Estado também têm expectativa negativas com relação à demanda, exportações, compra de matéria-prima e contratações de funcionários. Em todos os casos, os piores índices foram apurados junto a pequenas empresas.

O destaque entre as piores perspectivas dos industriais ficou por conta das contratações. O indicador referente à expetativa de geração de empregos ficou negativo em 41,9 pontos e quase dois pontos abaixo do índice do mês anterior.