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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 24-02-2015 - 09:34 -   Notícia original Link para notícia
Déficit da indústria atinge US$ 63,5 bilhões

Por Marta Watanabe | De São Paulo


Em dez anos, a balança comercial da indústria de transformação passou de superavitária, com saldo de US$ 24,06 bilhões em 2004, para deficitária, com resultado negativo de US$ 63,5 bilhões no ano passado. A deterioração foi generalizada. De 19 setores industriais que o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) acompanha, 8 tinham déficit na balança comercial em 2004.


No ano passado, foram 14 com saldo negativo. O número de segmentos que conseguiram elevar a exportação em relação ao ano anterior caiu de 15 em 2004 para 5 no ano passado.


A comparação feita pelo Iedi mostra o impacto do período de valorização do real frente ao dólar sobre a indústria doméstica. Rogério César de Souza, economista do Iedi, destaca que há dez anos os saldos negativos se concentravam mais em setores industriais mais intensivos em tecnologia e nos quais o déficit era mais explicado pelo alto grau de importação, como por exemplo farmacêutica, material de escritório e informática, equipamentos de TV e comunicação e instrumentos médicos de ótica e precisão.



Segundo o levantamento, esses quatro segmentos totalizavam déficit de US$ 9,26 bilhões em 2004. Dez anos depois o saldo negativo dos mesmos setores se ampliou para US$ 31,53 bilhões. Souza destaca que a valorização da moeda nacional deu maior ritmo às importações e tirou o fôlego das exportações.


O efeito disso, no entanto, não foi somente aprofundar o resultado negativo de quem já tinha déficit. No decorrer dos últimos dez anos, setores menos intensivos em tecnologia, como têxteis, couros e calçados, assim como segmentos tradicionalmente superavitários, como o setor automotivo, passaram a apresentar balança comercial negativa.


O setor têxtil, de couros e calçados, que exibia superávit de US$ 3,79 bilhões em 2004, amargou saldo negativo de US$ 2,15 bilhões no ano passado. O segmento automobilístico contribuiu há dez anos com o terceiro maior superávit entre os segmentos da indústria de transformação, com resultado de US$ 5,67 bilhões. Em 2014, o déficit foi de US$ 9,55 bilhões.


O relatório classifica por intensidade tecnológica os 19 segmentos da indústria de transformação acompanhados pelo Iedi. Em 2004, o déficit se concentrava mais no grupo dos setores de maior intensidade tecnológica. A exceção ficou por conta do segmento de aeronáutica e aeroespacial, que se manteve superavitário em 2014. O saldo positivo, porém, encolheu de US$ 1,76 bilhão para US$ 1,02 bilhão.


O setor em que mais se generalizou o déficit foi o de média-alta intensidade tecnológica. Em 2004, dois dos cinco segmentos apresentaram saldo comercial negativo. Com déficit nos segmentos de produtos químicos e máquinas e equipamentos elétricos, o grupo tinha saldo negativo total de US$ 2,52 bilhões. No ano passado, o déficit se estendeu para os segmentos de veículos automotores, equipamentos ferroviários e máquinas e equipamentos mecânicos. O saldo negativo do grupo saltou para US$ 59,48 bilhões.


O relatório do Iedi destaca que dos 19 ramos, 12 registraram déficit com vendas externas em queda. O estudo salienta também os setores importantes que tiveram superávit no ano passado, mas com exportações declinantes. É o caso do segmento de alimentos industrializados, bebidas e fumo, que fecharam 2014 com saldo positivo de US$ 34,2 bilhões, mesmo com queda de 6,5% nas exportações em relação ao ano anterior.


Foi esse segmento que contribuiu decisivamente para o superávit de US$ 38,1 bilhões no setor de baixa intensidade tecnológica, o único com saldo positivo no ano passado, dentre os quatro grupos de classificação usados pelo Iedi.


Para Souza, os déficits persistentes da indústria e o agravamento da situação em novos setores mostram que o câmbio não é a única variável importante para as empresas recuperarem exportações. "O câmbio é um fator importante, mas é uma saída de curto prazo. No médio e longo prazo são necessárias mudanças estruturais que deem à indústria maior competitividade e a possibilidade de participar das cadeias globais de valor."


A desvalorização cambial, diz o economista, deve favorecer o exportador brasileiro, ao mesmo tempo em que o ritmo de importação deve cair este ano em razão de uma economia doméstica menos aquecida. O fator câmbio, porém, diz ele, deve ter efeito relativo, com o desaquecimento de economias importantes, como China, Europa e Argentina. Os Estados Unidos, diz ele, devem ter maior demanda, mas o exportador brasileiro enfrentará grande concorrência.


Disparada do câmbio surpreende e dá alguma ajuda ao setorCompartilhar:



Por Rodrigo Pedroso, Marta Watanabe e Tainara Machado | De São Paulo


O recente movimento de desvalorização cambial surpreendeu economistas e analistas da indústria e de comércio exterior pela rapidez - ontem o dólar chegou a bater R$ 2,90. Caso se mantenha no nível atual, o real mais fraco deve dar uma pequena ajuda ao saldo comercial neste ano e aumentar o número de empresas exportadoras. A inflação persistente, o recuo dos preços das commodities e o movimento global de fortalecimento do dólar, no entanto, retiram força do ganho de competitividade dado pelo câmbio.


Apesar da preocupação das empresas com a volatilidade, indústrias já trabalham com a expectativa de dólar médio a R$ 3 em 2015, contra cerca de R$ 2,50 projetados no fim do ano passado, diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Para ele, condições externas estão influenciando a desvalorização do real frente ao dólar, já conduzida por fatores domésticos.


"A oscilação dos preços do petróleo e a situação da Rússia estão fazendo os investidores aplicar em títulos americanos, o que pressiona o dólar", diz ele, que destaca, porém, que apesar da tendência de desvalorização há uma volatilidade muito forte no câmbio. Roriz pondera que o dólar mais caro é melhor para a competitividade da indústria, mas as flutuações intensas deixam o exportador receoso.


De acordo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o dólar deve oscilar ao redor de um patamar de R$ 2,80 ao longo de 2015, o que deve incentivar mais empresas brasileiras a buscar o mercado externo para vender produtos. Ano passado, 22,3 mil empresas exportaram. Neste ano, a AEB projeta que o total de exportadores deve crescer entre 5% e 10%.


Os setores de calçados, confecções, têxteis e de móveis, menos intensivos em tecnologia, são os que se beneficiam mais rapidamente da desvalorização cambial. O efeito maior do real mais barato deve aparecer nas estatísticas de comércio exterior no segundo semestre.


"Esse incentivo à exportação será mais direcionado e absorvido pelos Estados Unidos, que vão crescer neste ano. A América do Sul, tradicional compradora de industrializados brasileiros, vai diminuir importações neste ano. Mesmo o real mais fraco não vai ser suficiente para impulsionar as vendas para a região", diz.


Parceiros comerciais importantes do Brasil, como Argentina e Europa, também registram desvalorização de suas moedas contra o dólar, observa Rodrigo Alves de Melo, economista-chefe da Icatu Vanguarda. Por isso, diz, a contribuição do real mais fraco para a balança comercial em 2015 pode ser modesta. Ele estima superávit entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões neste ano.


Balança tem saldo negativo de US$ 4,9 bilhões no anoCompartilhar:

Por Lucas Marchesini | De Brasília


A balança comercial teve déficit de US$ 1,754 bilhão na segunda e terceira semanas de fevereiro, que juntas tiveram oito dias úteis. Foram US$ 5,330 bilhões em exportações e US$ 7,084 bilhões em importações no período. O déficit acumulado é de US$ 1,779 bilhão. No ano o rombo chega a US$ 4,953 bilhões.


A média diária das exportações caiu 13% nas três primeiras semanas de fevereiro em relação ao mesmo mês de 2014, passando de US$ 796,7 milhões para US$ 692,9 milhões. Esse resultado se deve a uma queda na venda de produtos básicos, semimanufaturados e manufaturados.


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