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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 24-02-2015 - 08:54 -   Notícia original Link para notícia
Levy vê 'escorregadinha' no controle fiscal e defende ajuste

RONALDO D'ERCOLE ronaldod@sp.oglobo.com.br swap Colaborou Rennan Setti


Déficit nominal de 6,7% do PIB em 2014 foi um dos maiores do mundo


Ao defender o ajuste , o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que houve "uma escorregadinha" nas contas públicas e que o déficit fiscal de 2014 "não é muito sustentável". Na verdade, o déficit nominal do Brasil é de 6,7% do PIB, o quarto maior entre 42 países. Na posse de Miriam Belchior na CEF, Levy ouviu gritos da plateia contra o ajuste. -SÃO PAULO E RIO- O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a defender as medidas de ajuste propostas pelo governo para que o país retome o equilíbrio fiscal. Falando a uma plateia de empresários e executivos na Câmara de Comércio Brasil-França, Levy afirmou que houve "uma escorregadinha" no controle das contas públicas, mas que o senso de responsabilidade fiscal veio para ficar.



MARCOS ALVESCom cautela. Para Levy, déficit de quase 7% "não é muito sustentável"


- Um país mostra sua maturidade quando certos princípios são adotados por um grupo maior de pessoas, como houve com a responsabilidade fiscal nos últimos anos. A gente pode ter tido uma escorregadinha, mas a realidade agora é esse comprometimento, que vai permitir que os juros tenham redução. O sentimento hoje é de uma curva longa declinante - disse ele, lembrando que o país experimentou um desequilíbrio fiscal significativo em 2014, quando as contas públicas fecharam com déficit nominal de quase 7% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). - Um déficit fiscal de 7% não é muito sustentável.


Em 2014, o déficit nominal brasileiro foi de 6,7% do PIB. Segundo dados da Economist Intelligence Unit publicados na última edição da revista "Economist", entre 42 países, estão em situação pior que a do Brasil apenas Venezuela, com déficit de 13% em 2014, Egito, com 12%, e Japão, com 8%. A Grécia, em meio a uma complicada negociação de socorro financeiro, teve déficit de 4,2%.


DESAFIO DAS REFORMAS


Diferentemente de outro evento com empresários no início do mês, quando afirmara que o governo não mais permitirá a valorização artificial do real ante o dólar, Levy foi cauteloso ao falar sobre o câmbio. Lembrou que a volatilidade cambial é um fenômeno mundial e que o Banco Central trabalha para evitar flutuações excessivas do dólar:


- O BC tem atuado exatamente para diminuir a volatilidade. O programa de cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) tem esse objetivo e tem tido sucesso, sendo bastante responsável nesse papel.


Levy reafirmou a disposição do governo de acabar com desonerações e incentivos fiscais, as chamadas ações anticíclicas da gestão de seu antecessor, Guido Mantega. Segundo ele, tais ações acabaram afetando a economia sem a contrapartida de aumento de empregos e competitividade. Por isso, enfatizou, o desafio hoje envolve "reformas estruturais significativas". Ele destacou ainda como ponto estratégico o ataque a "distorções" em instrumentos como o seguro-desemprego e as pensões por morte.


- O conceito de seguro se distingue do conceito de complementação (de renda). Segurodesemprego e pensão por morte têm como objetivo proteger (o trabalhador) contra o inesperado, não estabelecer um sistema de suporte - disse Levy, que destacou o fato de os desembolsos do seguro-desemprego terem saltado de 0,5% para 1,1% do PIB nos últimos anos. - A ideia é tornar esses instrumentos mais fortes para as funções para as quais foram desenhados.


Levy voltou a dizer que, de agora em diante, o BNDES não terá mais o fôlego financeiro dos últimos anos, devendo restringir seus repasses às suas captações, sem as transferências de recursos subsidiados pelo Tesouro:


- Parte do aumento da dívida pública, quase R$ 500 bilhões, se deve ao BNDES, cuja atuação foi importante, mas teremos que ter alternativa para isso.


FOCUS VÊ QUEDA DE 0,5% NO PIB


Mas, apesar do discurso, o mercado financeiro está mais pessimista com a economia brasileira. Pela oitava semana seguida, analistas ouvidos pelo Banco Central reduziram suas projeções para o PIB. A estimativa de queda, segundo o boletim Focus divulgado ontem, passou de 0,46% para 0,5%.


A previsão de inflação para este ano subiu de 7,27% para 7,33%. O teto da meta do governo, pelo IPCA, é de 6,5%. Se o dado se confirmar, será a maior inflação desde os 7,6% de 2004.


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