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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Economia ) - MG - Brasil - 21-02-2015 - 10:47 -   Notícia original Link para notícia
Setor de serviços perde o fôlego em Minas

Enquanto o desempenho da área no Estado fechou 2014 com alta nominal de 2,6%, no Brasil o índice chegou a 6%


Mara Bianchetti


O menor ritmo observado na indústria mineira ao longo do ano passado fez com que o setor de serviços em Minas Gerais encerrasse 2015 com crescimento inferior ao da média nacional. Enquanto o desempenho do setor no Estado fechou 2014 com alta nominal de 2,6%, no Brasil o índice chegou a 6% em relação ao exercício anterior. Em ambos os casos houve desaceleração do desempenho, já que em 2013 os crescimentos haviam sido de 5,9% para Minas e de 8,5% para o país, sempre na comparação com ano anterior.

Os dados foram divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e de acordo com o técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do instituto, Roberto Saldanha, refletem a situação da atual conjuntura econômica não somente do Estado, mas de todo o Brasil. O cenário também justifica o fato de o crescimento de Minas Gerais ter sido inferior ao da média nacional no decorrer de 2014.

"O crescimento do setor de serviços em Minas vem se situando um pouco abaixo da média, mas isso não quer dizer que o segmento não seja forte no Estado, até porque, as principais unidades da federação onde identificamos uma forte participação de serviços é São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal", explica.

Ele ressalta também que o fato de o conjunto "serviços de comunicação e informação" ter apresentado sucessivas reduções na demanda em 2014 influenciou no resultado final de Minas. "Trata-se de um segmento que basicamente depende da indústria para que seu desempenho se destaque positivamente. Como o ano passado não foi satisfatório para o setor, conseqüentemente afetou a área de serviços também. Em novembro observamos uma recuperação e em dezembro um crescimento pequeno, mas ainda assim o ano foi encerrado em queda. Vamos ver como vai ser a partir de agora e a influência no resultado de 2015", avalia.


Setores - De acordo com o relatório do IBGE, entre os setores analisados em território mineiro, a maior variação na análise anual ocorreu em serviços prestados às famílias (5,7%), seguida por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (5%).

Depois vieram: serviços profissionais, administrativos e complementares (3,5%) e outros serviços (2,3%). O resultado negativo, neste caso, ficou por conta de serviços de comunicação e informação, com queda de 2,3% no ano.



No país, setor de serviços tem menor crescimento em três anos


Rio - O setor de serviços registrou em 2014 o pior desempenho em três anos, período em que a Pesquisa Mensal de Serviços passou a ser apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A receita nominal avançou 6% no ano passado, sem descontar a perda causada pelo aumento de preços. Em 2013, o setor havia tido expansão de 8,5% na receita bruta.

A magnitude da desaceleração, mais evidente a partir do segundo semestre, levou entidades e consultorias a calcular que os serviços tiveram retração no ano passado, considerada a inflação do período. Nas contas da consultoria Tendências, o recuo foi de 1,1% em termos reais. Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o tombo foi maior, de 2,5%.

O IBGE, porém, não crava nenhuma avaliação. O próprio instituto divulgou que, em 2014, a inflação oficial ficou em 6,41%, e o aumento dos preços de serviços foi de 8,32%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mas o emprego mais adequado dos índices de preços para obter um dado de volume de serviços, que vai permitir visualizar a evolução do setor independentemente do efeito da inflação, ainda está em estudo.

"Temos de ter cuidado. Não temos ainda como fazer uma interpretação, pois não temos os dados deflacionados", afirmou o técnico Roberto Saldanha, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.

Os segmentos de informação e comunicação e de transportes foram os que mais desaceleraram no ano passado, diante da menor demanda de empresas e governos, disse Saldanha. Juntas, as atividades detêm o maior peso no índice.

Pontualmente em dezembro, os transportes ensaiaram uma recuperação, com aumento na receita de transportes de carga e de passageiros por via terrestre. Mesmo assim, acabaram o ano com avanço de 6,4% na receita nominal.


Informação - Já nos serviços de informação e comunicação, houve queda na receita bruta no último mês do ano. Isso significa que, antes de descontar os efeitos da inflação, a atividade já estava no vermelho. No acumulado do ano, o segmento teve o pior resultado, com alta de 3,4% na receita.

"O setor de serviços atua de forma complementar ao setor industrial, ao setor comercial, aos governos. Uma vez que se verificou desaceleração nesses outros setores, os serviços acompanham esse desaquecimento", disse Saldanha.

As famílias também puxaram o freio de mão e contribuíram para que o setor de serviços avançasse a passos mais lentos em 2014. A alta de 9,2% no ano passado foi inferior ao registrado em 2013 (10,2%). Apenas no mês de dezembro, a receita nominal dos serviços avançou 4,2% ante igual mês de 2013, depois de ter registrado um mínimo histórico em novembro.

Para o economista Rafael Bacciotti, da Tendências, a perda de vigor da atividade de serviços reflete os condicionantes de demanda menor do mercado de trabalho, que tem oferecido menos vagas, e também sofre influência da desaceleração da renda real, da restrição do crédito às famílias e da confiança dos consumidores, que está deprimida.

"Isso tem se amplificado para alguns setores. Há um enfraquecimento do consumo e também vemos que a parte da atividade industrial vem demandando menos serviço", afirmou Bacciotti.

O economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo, avaliou que os dados da pesquisa colocam viés de queda no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado. "Traz algum risco, mas não é nada exagerado", ponderou. O resultado do PIB de 2014 será anunciado pelo IBGE em 27 de março, mas o cálculo da renda gerada pelos serviços é mais amplo, já que a PMS não inclui os segmentos de saúde, educação, administração pública e entidades filantrópicas.

Em 2015, a atividade de serviços pode perder ainda mais fôlego caso as condições do mercado de trabalho e da renda se deteriorem mais. A GO Associados projeta um crescimento de 3% na receita nominal do setor neste ano, metade do verificado em 2014 Além do emprego, a inflação mais pressionada deve continuar deprimindo a demanda, segundo a consultoria. (AE)


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