Por Marvin G. Perez | Bloomberg

O ouro está voltando a perder a preferência dos investidores.

Fundos de hedge realizaram a maior redução de sua posição líquida altista em futuros e opções em Nova York desde novembro, mostram dados do governo americano. A valorização do dólar e os ganhos das ações estão tornando o ouro menos atraente como opção de ativo.

Os preços em Nova York registraram recuo durante três semanas consecutivas, eliminando um ganho inesperado em janeiro, que foi o maior avanço mensal desde 2012.

As preocupações com o crescimento global, que provocaram a valorização do ouro no mês passado, estão começando a diminuir. A economia da Europa ganhou impulso no final do ano passado, segundo dados apresentados na última semana. O Conselho Mundial do Ouro estima que a demanda pelo metal atingiu em 2014 seu menor valor em cinco anos devido à desaceleração das compras da China.

"Os recentes movimentos do ouro foram impulsionados pela valorização do dólar, e as coisas estão indo bem aqui nos Estados Unidos", afirma Dan Denbow, gerente de carteira do USAA Precious Metals Minerals Fund, de US$ 760 milhões, em San Antonio, em entrevista por telefone no dia 12 de fevereiro. "Muita demanda por ouro vem da China. Se a economia desse país recuar ainda mais, poderia haver um impacto real sobre os preços do ouro", diz.

As posições líquidas longas recuaram 17%, para 133.964 contratos, na semana encerrada em 10 de fevereiro, segundo dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC). As posições curtas subiram pela primeira vez desde meados de dezembro.

Os preços futuros recuaram 0,6% na semana passada, para US$ 1.227,10 por onça na Comex, em Nova York. O Bloomberg Dollar Spot Index caiu 0,3% após atingir seu pico em dez anos no dia 11. O índice acionário Standard & Poor's 500 deu um salto de 2% e alcançou um recorde na sexta-feira.

O ouro caiu 29% nos dois anos anteriores e registrou os primeiros declínios anuais consecutivos desde 1998, porque as ações cresceram rapidamente e a economia dos EUA ganhou impulso. A melhoria do mercado de trabalho americano tem redobrado a preocupação de que o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) aumente as taxas de juros, reduzindo o atrativo do metal.

A demanda mundial diminuiu 4%, para 3.923,7 toneladas em 2014, seu menor nível em cinco anos, disse o Conselho Mundial do Ouro em relatório na semana passada. Na China, a aquisição de barras e moedas como forma de investimento caiu 50%, e a compra de joias recuou depois de bater um recorde, segundo o grupo com sede em Londres.

Apesar de a demanda dos investidores ter caído, a demanda por joias feitas do metal nos EUA atingiu seu maior nível em cinco anos em 2014, mostram dados do Conselho Mundial do Ouro. Os preços futuros recuperaram 8,6% desde que chegaram a US$ 1.130,40 em 7 de novembro, menor valor desde abril de 2010.