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Estado de Minas Online ( Especial ) - MG - Brasil - 17-02-2015 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Foi de arrepiar

No maior encontro da história do carnaval em BH, o Baianas Ozadas arrasta 100 mil ao som afro. Festa foi finalizada sob um temporal


Carolina Braga


Quando o bloco tomou a Rua da Bahia, ganhou a companhia da chuva, mas seguiu até a Praça da Estação


Não foi 1 milhão, como a ousadia do vocalista Heleno Augusto lhe permitiu anunciar. Nem os 639 mil, como ele também chegou a celebrar ao microfone. Ainda assim, o Bloco Baianas Ozadas fez história no carnaval de Belo Horizonte ao arrastar cerca de 100 mil foliões do trajeto da Praça da Liberdade até a Praça da Estação. Foram cinco horas da festa que teve um pouco de tudo - de calor escaldante à chuva para lavar a alma. Em meio às intempéries climáticas, impasses com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, os foliões chegaram ensopados ao destino final com o grito na garganta : "Chupa Salvador, aqui é BH!". 

Depois do desfile de ontem, não é preciso mais prova alguma do quanto a festa do Momo encontrou abrigo diferente pelas ruas de Belo Horizonte. "É fenômeno muito bacana. Percebi que a cidade está mais receptiva às diferenças e às pluralidades", observou a socióloga Luciana Dulce, de ganzá na mão, pronta para entrar em ação. Bastava olhar quem se propunha voluntariamente a formar o cordão do amor e mesmo a multidão que acompanhava o Baianas Ozadas que era possível concordar com ela. É um momento não apenas de cores variadas nas fantasias, mas de diversidade estampada no rosto dos foliões.


O que é comum é a disponibilidade para a festa. Todo mundo quer estar perto para compartilhar a alegria, nada mais. "Aqui é o melhor lugar para aproveitar. É uma forma de ficar mais próximo do bloco", afirmou a fonoaudióloga Patrícia Alves, que chegou convicta de que estaria no cordão do amor do Baianas. Trata-se de uma fila de pessoas, todas de mãos dadas, que abrem espaço para que os dançarinos, os músicos e os cerca de 300 ritmistas da bateria consigam prosseguir pelas ruas tomadas de gente. 

O desfile começou com O mais belo dos belos, hit dos baianos do Ilê Aye. Timbalada, Olodum, Araketu, Banda Eva, Banda Beijo e muitos outros sustentaram os 300 minutos de som. Em 2015, o Baianas faz uma homenagem aos 40 anos dos carnavais afro. Com apenas três anos de vida, tem lá suas ousadias e tradições. Descer pela contramão a Rua da Bahia e fazer a parada para a lavagem da escadaria no encontro com o Viaduto de Santa Teresa são algumas delas. Em meio à crise hídrica, o bloco optou por um ato simbólico. Em vez de água, estendeu uma bandeira com a frase "Faça o bem, paz, beije muito, faça amor, consciência, água é vida, respeite, axé". Foi justo nessa hora que São Pedro resolveu refrescar os "ozados". 

A chuva veio com força, o que não diminuiu nem um pouco a empolgação de quem já estava completamente tomado pela energia do bloco, ainda que tenha provocado uma gradativa dispersão. Com o guitarrista protegido na boleia do carro de som, o Baianas seguiu seu percurso com a mesma vibração sonora até a Praça da Estação e a certeza de que o carnaval de Belo Horizonte é, sim, uma festa do povo.

Os mais mais
20 mil
Então, Brilha!

30 mil
Alcova Libertina



100 mil
Baianas Ozadas



Sai, não sai, saiu...


O desfile marcado para começar às 12h só andou para valer por volta das 15h, depois que Belotur, Corpo de Bombeiros, BHTrans e Polícia Militar entraram em um acordo quanto ao porte do caminhão utilizado pelo bloco. Enquanto isso, o público não parava de chegar à Praça da Liberdade por todos os cantos. De acordo com o presidente da Belotur, Mauro Werkema, houve um problema de entendimento sobre o tamanho do carro de som, já que trios elétricos são proibidos na cidade. O curioso é que blocos como o Então, Brilha!, que arrastou 20 mil no sábado, e Pena de Pavão de Krishna, que percorreu ruelas do Bonfim no domingo, usaram o mesmo veículo e nenhuma resistência foi criada. O Baianas Ozadas entrou na mira porque, diferentemente dos outros, optou por divulgar as informações sobre o desfile. 

Ao fim, deu certo, ainda que no início três carros particulares tenham se enfiado em meio à multidão na Rua Gonçalves Dias, ficando ilhados O impasse geral apenas atrasou o início do percurso, que passou pelas avenidas João Pinheiro e Afonso Pena, pela contramão na Rua da Bahia até alcançar a Praça da Estação. Assim que o acordo de manter uma distância de pelo menos 20 metros da frente do carro de som foi selado, a multidão desceu o trajeto em ritmo acelerado, sem perder o pique dos clássicos de axé que agitaram o repertório.



Surfando na onda


Emiá Dára fez maquiagens e vendeu turbantes


A designer de moda Emiá Dára tem realizado o desejo de quem gostaria de entrar no clima dos blocos mas não tem talento para tanta produção. Nem por isso deixou de se aproveitar da onda. Ela e a colega Iraê Mariano montaram barraca para fazer turbante e maquiagem nos foliões do Baianas Ozadas. O preço? A promoção de um por R$ 12 e dois por R$ 20. "As pessoas estão mais interessadas agora nos blocos afros do que antigamente", reparou Iraê Mariano, enquanto trabalhava.



BLOCO DO EU SOZINHO »Tambor À flor da pele


Renan Damasceno



A Lei de Newton de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço foi por Avenida João Pinheiro abaixo, ontem. Cem mil pessoas foram ao Baianas Ozadas, o maior bloco da história da capital. Cem mil foliões! Dois Mineirões lotados; maior que a população de 46 nações ou territórios independentes reconhecidos pela ONU; do que 822 municípios mineiros, segundo estimativa de residentes feita pelo IBGE no ano passado; o triplo do número de moradores do Principado de Mônaco; 30% mais que o número de pagantes da final da Copa do Mundo; três vezes mais que o público somado dos seis jogos da terceira rodada do Campeonato Mineiro.
Cem mil pessoas concentradas da Praça da Liberdade à Avenida Afonso Pena, superlotando João Pinheiro e adjacentes, sob calor que chegou a 31°C. Espremidos entre bateria, árvores e canteiros, em fila indiana, avançando um quarteirão por hora em passos calculados para não esfolar o calcanhar do folião à frente. É tanta gente que corre-se o risco de perder o namorado ou namorada e só voltar a encontrá-lo na quarta-feira de cinzas.


A ousadia dos blocos como o Baianas Ozadas transformou Belo Horizonte na cidade do batuque, dos tambores e alfaias, da guitarra elétrica e contrabaixo; do repique, chocalho, cuíca, agogô e reco-reco; do cavaco, do pandeiro e do tamborim; ou de qualquer instrumento improvisado que sacie os belo-horizontinos - que, depois de tantos anos com a fantasia no armário, parecem dispostos a tirar o atraso.


A bateria de 300 integrantes do Bainas Ozadas ainda aquecia quando, no fim da manhã, os violões davam o tom no Bloco da Esquina, em Santa Tereza, com clássicos do Clube da Esquina. O naipe de sopros ditava as marchinhas da Corte Devassa, na Rua Sapucaí, no Floresta, ao passo que as alfaias ecoavam uma mistura de maracatu, congo e mangue beat no Unidos do Barro Preto. O bloco reuniu pouco mais de 500 pessoas cobertas de lama e argila, no Barro Preto, agregando ao carnaval de Belo Horizonte a essência da música afro, com bateria pequena porém potente e repertório de Caetano Veloso e João Donato a Chico Science e Nação Zumbi - uma batida forte e vibrante que faz renascer da lama o carnaval de Belo Horizonte.



No coração do bloco


Repórter do EM conta como é estar no meio da bateria, entre os 300 ritmistas, revelando que 'tocar no carnaval é um universo à parte'


Flávia Ayer


Há muitos músicos entre a turma que dá o tom ao desfile, mas também estudantes, arquitetos, dentistas, advogados e outros profissionais 



Tudo começa com uma oração. "Mas tem que ser para o santo certo, senão desanda", alerta a baiana da ala dos agbês, instrumento feito com cabaça e contas. Para garantir, pedi para todos os santos da Bahia, pois tocar na bateria do bloco mais aguardado do carnaval de BH, o Baianas Ozadas, requer fé, e muita, muita disposição. Folia tem sede de música, e não dá para fazer feio diante de um público de 100 mil foliões. O jeito é vencer o amadorismo e prestar atenção nos comandos regente Peu Cardoso, a baiana simpática que fica em cima do carro de som. Sorte que eu, jornalista tocadora de ganzá (uma espécie de chocalho), não sou a única inexperiente. Somos 300 pessoas - arquitetos, dentistas, advogados, estudantes, aposentados, e até músicos profissionais - tentando fazer jus à canção e mostrar que "a coisa mais linda de se ver é o Ilê Aiyê".

Tocar no carnaval é viver um universo à parte, enfrentar todas as adversidades e, ainda assim, ter todos os motivos para sorrir. Na concentração, a luta é para estar bem posicionado. Sobrei. Fiquei quase no canto e ao fundo, o lugar mais apertado e que exige a força para afastar o público e abrir espaço para a bateria. Mas, mesmo debaixo de um sol de rachar, a gente esquece de tudo quando, duas horas depois do horário previsto para o início do desfile, o vocalista Geo Cardoso, começa a cantar: "Quem é que sobe a ladeira do Curuzu?/ E a coisa mais linda de se ver/ É o Ilê Aiyê/ O mais belo dos belos/ Sou eu, sou eu".

A emoção toma conta da turma, que toca o surdo, balança o ganzá, sacode o agbê, acelera no repinique e, de repente, se encanta com o canto da cidade inteira envolvendo a bateria. Daniela Mercury está coberta de razão: "Eu vou andando a pé pela cidade bonita/O toque do afoxé e a força de onde vem/Ninguém explica, ela é bonita". Mas estar um bloco que não aceita cordão nem abadá é também saber a hora de parar de tocar para conseguir andar, é implorar para o folião arredar um pouquinho e pedir para a turma cantar mais alto a música na versão de BH: "E canta, canta Salvador, canta, canta/Canta, meu amor, canta, canta/Olodum do Belô".

A bateria cheia de axé do Baianas Ozadas aceita de tudo: homem, mulher, , idoso. O único requisito é ser solidário. Pelas filas de instrumento, compartilha-se água, energético, açaí com guaraná, cerveja, catuaba selvagem. As bebidas, compradas pelos organizadores, vão passando de mão em mão. E haja hidratação. Desde a concentração, às 11h, na Praça da Liberdade, até a chegada na Praça da Estação, às 17h30, ninguém para nenhum minuto, nem debaixo de temporal. Quem é da bateria não tem direito de sentir fome nem de ir ao banheiro.

Mas, para a falar a verdade, não dá tempo de pensar nisso. Ao chegar à Avenida Afonso Pena e se espantar com a multidão de gente na ladeira da Avenida João Pinheiro, a vontade é só de agradecer a cada um por estar ali curtindo a folia e fazendo história. "Hoje sou feliz e canto/Só por causa de você/Hoje sou feliz, feliz e canto/Só porque amo, amor, você". 


À SOMBRA DAS SOMBRAS
10h

Preparação do figurino de baiana: vestido branco, colares de conta, turbante branco na cabeça

11h
Concentração do bloco na Praça da Liberdade

13h
Bateria começa a tocar 

14h30
Por problemas com o Corpo de Bombeiros, bloco não consegue sair do lugar

15h
Com dificuldade por causa da quantidade de foliões, bateria alcança a Avenida João Pinheiro

16h15
Chegada à Avenida Afonso Pena

16h40
Lavagem simbólica da escadaria do edifício Sulacap, na Rua da Bahia

17h30
Sob chuva, fim do desfile na Praça da Estação


EU, FOLIÃO
. Sidney Coutinho, aposentada
A bateria do Baianas Ozadas ainda nem havia se posicionado e lá estava a desenhista aposentada Sidney Coutinho. Cadeirante, ela não perde o bonde do carnaval de Belo Horizonte. "Está todo mundo abrindo caminho. Estou adorando", festeja. A foliã, além de esbanjar ousadia no bloco mais populoso deste 2015, marcou presença na apresentação de Aline Calixto e no Moreré, na quinta-feira passada.



Virou febre pelas redes sociais


Jefferson da Fonseca Coutinho


Muita gente migrou de folia em folia pela cidade até terminar no Baianas Ozadas 



Não fosse a chuva, os 100 mil foliões que fizeram história ontem em Belo Horizonte teriam seguido noite adentro na Praça da Estação. Antes do temporal, porém, um mar de gente como nunca se viu em carnavais da cidade. Desde a Praça da Liberdade, quando o caminhão de som, enfim, ganhou a Avenida João Pinheiro, a aglomeração não parava de crescer. Dobrou em menos de duas horas - segundo as estimativas da PM. Pelas redes sociais nos aparelhos celulares os convites se multiplicavam pela beleza da festa, dos meninos e das meninas no arrastão do axé noventista do bloco.

Os amigos Lúcio e Breno, do Bairro Sion, na Região Centro-Sul, criaram grupo no Whatsapp para não perder o movimento de nenhum dos melhores blocos de BH. Já são mais de 50 amigos e familiares conectados com o que de "mais legal tá pegando". É a segunda vez que Breno fica na cidade no carnaval. Antes, o programa era Cabo Frio, no Rio de Janeiro. "Tá melhor ainda que no ano passado. Ontem, a gente foi ao Alcova e os caras são doidos demais. O melhor até agora. O de hoje também é bom", avalia o estudante de direito. Para Lúcio, também aluno de direito, o Baianas é o bloco mais animado. "Porque é música da Bahia", justifica. Mas o que ele quer é ver gente na rua. "Velho, sei lá%u2026 é bom demais ver tanta gente fazendo carnaval. Nem importa a música. A galera quer é se divertir", diz.

Para o Marcelo, não fosse o carro ter ficado preso na Avenida João Pinheiro, estaria tudo bom demais. "Nas faixas de aviso estão falando para não estacionar depois das 18h. Parei o carro cedo e aconteceu isso%u2026", aponta os arranhões na lataria do veículo. Ele não foi o único. 

Selma Lima, de 27, vem acompanhando vários blocos desde os ensaios. Estava no Barro Preto e soube pela amiga, Cristina, que o Baianas estava "bombando". "Subi pra fazer companhia pra ela. Senão, ela ia se perder aqui. Ela não tem juízo", diverte-se. Não demorou para que as duas se juntassem a outros amigos vindos do Barro Preto, de latinhas na mão.

UM OU OUTRO Diego Parreira estava em dúvida. Não sabia se ia para o Corte Devassa, na Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, ou se seguia o Baianas até a Praça da Estação. Por fim, os colegas convenceram-no a ficar. Quando o bloco dobrou a Rua da Bahia na contramão, o céu já estava pronto para desaguar. A multidão ainda tomava conta da Avenida Afonso Pena. Sob as águas, parte dos foliões buscou as marquises. Bares e lanchonetes ficaram lotados e o público começou a se dispersar, ainda que o entorno do carro de som - num raio de mais de quilômetro - se mantivesse tomado.

Milhares não deram a mínima para a chuva. Mesmo depois do encerramento do bloco, ainda havia muita gente dançando e cantando na Praça da Estação. Mais um dia para ficar na história da cidade.



Somos todos foliões


Luciane Evans


O clima de festa em Belo Horizonte incorporou as fantasias ao cotidiano dos moradores 



Belo Horizonte já não é mais a mesma. Além dos blocos que invadiram a cidade fazendo história para a capital, a folia já levanta a bandeira de que, aqui, não há barreiras nem hora marcada, tampouco espaço que não seja ocupado pelo espírito de carnaval. Andar por BH exige agora olhares mais atentos, risos mais soltos e braços mais abertos. Isso porque é possível esbarrar com super-heróis em supermercados, baianas dentro dos ônibus, homens com cabelos coloridos em pleno posto de gasolina ou em restaurante self-service. Coisa que, antigamente, só se via em redutos da folia, mas não por aqui. "Algumas pessoas estranham um pouco, mas outras já estão no clima. Brincam e se divertem. Não tem mais jeito, BH virou uma outra cidade", comenta a estudante Ana Guerra, de 21 anos, que entrou em um supermercado em Santa Tereza, na Região Leste, com a cara pintada, pronta para aproveitar a festa de Momo.

E como os carnavalescos pedem passagem pela capital, o Estado de Minas acompanhou a viagem dos foliões para a festa e também a convivência deles com o que já é da cidade. Antes das 10h, BH ainda adormecia. Anfitriã de uma festança que vara madrugadas, acordar na capital virou "coisa para mais tarde" entre os foliões. Mas, por volta das 11h30, a cidade mudou. Grupos subiam a Rua da Bahia, desciam o Bairro Floresta, chegavam à Praça da Liberdade, ou pegavam o metrô na Praça da Estação. Gente com todo tipo de fantasia. No Centro, na Rua Guaicurus, chamava a atenção um ponto de ônibus com cerca de 400 pessoas vestidas para a folia. "Que bloco é esse?", perguntou um ambulante. Em fila, os foliões, que atraíam os olhares de quem passava por ali e aguçavam a curiosidade de vendedores, esperavam o ônibus para embarcar rumo ao Bloco Filhos de Tchatcha, na Região Norte. "Estou embarcando fantasiada em ônibus, táxi, metrô. Não me importo", comentou Yonanda Santos, de 24, que, vestida de unicórnio, tentava se segurar dentro do ônibus alugado pela organização do bloco para levar os foliões até a ocupação Esperança.


 



Cenas que antes poderia parecer estranhas aos olhos da população, agora fazem parte da paisagem urbana da capital mineira

Enquanto o Bloco Baianas Ozadas atraía multidão na Praça da Liberdade, carnavalescos de vários pontos da cidade traçavam seu trajeto para chegar a tempo. No Bairro Cidade Nova, no coletivo que seguia pela Avenida Cristiano Machado, no sentido Centro, não havia espaço para mais ninguém. "Não tem como se estressar com isso, tem de levar na brincadeira. A gente acaba se divertindo", comentou o motorista Osvaldo do Nascimento. Dos mais de 30 passageiros em pé, mais da metade estava. Além dos risos e conversas altas, o trajeto nos coletivos em tempos de carnaval em BH contam, ainda, com batuques e retoques dos foliões. Fácil ver por ali mulheres se maquiando e aqueles que se arriscam a cantar músicas.

harmonia Para quem está fantasiado, encontrar alguém no mesmo clima por pontos da cidade virou cumplicidade e certeza de que BH está no caminho certo. "É uma troca. Chegar em um lugar comum, onde não há bloco, e se deparar com alguém também no mesmo ritmo é muito gostoso. Quando íamos imaginar isso em Belo Horizonte?", comentou a estudante Gabriela Arcas, de 18, que, ontem, fazia compras com a amiga Ana Guerra, ambas fantasiadas, em um supermercado em Santa Tereza. Segundo ela, não há belo-horizontino que tem achado ruim essa interação com os carnavalescos.



 



Cenas que antes poderia parecer estranhas aos olhos da população, agora fazem parte da paisagem urbana da capital mineira

Até mesmo em restaurantes a folia mudou o ambiente. Nesses três dias de carnaval, comerciantes já estão se acostumando a atender baianas, mascarados, homens vestidos de mulheres, palhaços, pessoas com turbantes e mulheres com roupas de homens. "Isso não é tão comum assim aqui?", questionou a turista Janaína Andrade, que veio com mais quatro amigos de Brasília, somente para curtir o carnaval em BH. Segundo ela, no Distrito Federal, realmente, não há tanta interação como em BH e nem tanta gente fantasiada pelas ruas. "Pelo que tenho visto, achava que em BH isso já era tradição", comentou. Em um restaurante em Santa Tereza, ela nem chamava tanto a atenção assim, já que centenas de pessoas também estavam fantasiadas e se serviam no self-service. Com essa invasão na cidade, os carnavalescos, sejam eles de fora ou não, mudaram a cidade, trouxeram novos hábitos e despertaram novos olhares.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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