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Estado de Minas Online ( Gerais ) - MG - Brasil - 16-02-2015 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Lei Seca de folga no carnaval

Operações integradas de campanha que conscientiza motoristas sobre risco de dirigirem embriagados deixam de ser realizadas durante a folia. Blitzes ficaram só com a PM


Landercy Hemerson



Blitz integrada, como essa que ocorreu na Rua Bárbara Heliodora, no Lourdes, não está sendo realizada durante o maior carnaval de todos os tempos em BH 


A campanha "Sou pela vida. Dirijo sem bebida", como ficou conhecida a fiscalização da Lei Seca mineira, tirou folga neste carnaval em BH. Há blitzes da Polícia Militar, mas nada que enfrente o bombardeio das indústrias de bebidas com suas ações promocionais na folia da capital. Desde o dia 12, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que coordena a campanha, deixou de realizar a operação integrada. Naquele dia, o balanço foi de 161 abordagens e ninguém detido por dirigir sob efeito de bebida alcoólica. 

Realizada desde junho de 2011 em Belo Horizonte, a campanha, além de fiscalizar, desenvolve ações educativas como distribuição de folhetos e orientação de motoristas e passageiros nas blitzes. É realizada pela Seds em conjunto com as polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros Militar, Guarda Municipal e BHTrans. Além de BH, mais 11 cidades de grande porte foram incluídas na campanha. 

O pesquisador Waldir Ribeiro Campos, autor do estudo "Beber e dirigir em Minas Gerais", que considera a iniciativa positiva, criticou a suspensão da ação durante o carnaval. "Fico perplexo, pois isso vai contra todo avanço em direção a uma política para a questão do álcool. Uma campanha educativa deveria ter sido preparada antes do carnaval, pois o contexto é de saúde pública", afirmou. 

Em três dias de festa, não foi divulgado balanço parcial de motoristas flagrados embriagados nas blitzes da PM. Até o fim da tarde de ontem, em 10 horas do plantão policial do Detran, o delegado Fernando Andrade somava cinco motoristas detidos por dirigir sob efeito de álcool, que, segundo informou a assessoria da Polícia Civil, foram detidos em blitzes. 

Na contramão da estratégia da polícia mineira, no Rio de Janeiro, palco do maior carnaval do país, uma megaoperação foi traçada para fiscalizar os mais tradicionais pontos de festejo, como as praias da Zona Sul carioca e a Região dos Lagos, pela manhã e à noite. Serão 75 blitzes com atuação de 250 agentes, até mesmo no Sambódromo.

Em Minas, por questão estratégica, a PM não informa o número de agentes nas operações e nem quantas blitzes serão realizadas. O tenente-coronel Cássio Eduardo, do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), afirma que, desde a sexta-feira, ocorre ação de maior porte, no fim da noite e madrugada, em grandes corredores na área central, com apoio da  Guarda Municipal. "Além da blitz conjunta, todas as nossas equipes, quando não empenhadas em casos de acidentes, estão priorizando a fiscalização", afirmou.

VISIBILIDADE O consultor de trânsito Alfredo Peres, ex-diretor do Denatran, considerou "estranha" que uma campanha como a "Sou pela vida", que integra vários setores de segurança e tem ações educativas, tenha sido suspensa exatamente no período de folia. "Como querer ganhar o jogo com sete jogadores ao contrário de 11?", questionou. O consultor, que integrou a comissão de elaboração do anteprojeto do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é defensor de intervenções educativas no trânsito e participação integrada de estado e município.

Peres destaca que a continuidade de campanhas como a "Sou pela vida" representa maior visibilidade da fiscalização, do número de equipamentos, como bafômetros e viaturas, além de pessoal, com melhores resultados e economia. 



MEMÓRIA:
Copa também sem blitzes

Em plena Copa do Mundo de 2014, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) também deixou de realizar as blitzes da campanha "Sou pela vida. Dirijo sem bebida". Ao longo dos 31 dias de disputa do evento, apenas um motorista foi detido pela Polícia Militar em Belo Horizonte, apesar do aumento do consumo de bebidas alcoólicas na capital, que foi uma das cidades-sede do Mundial. Em média, até a data da suspensão da campanha, no ano passado, eram 36 presos por mês. À época, a justificativa da PM foi que as operações demandavam maior efetivo policial e que durante o torneio de futebol as maiores preocupações eram outras. (Pedro Franco) 



Táxi vira artigo de luxo


Foliões que decidem respeitar Lei Seca enfrentam dificuldade em conseguir transporte no carnaval. Já taxistas comemoram a demanda do período, mas reclamam do trânsito


Pedro Rocha Franco e Paula Carolina


Mateus Moreira (6º à direita) com os amigos de Bambuí só rodam de táxi durante a folia em BH 


Nem cerveja nem água nem catuaba. Item de luxo na ala consciente do carnaval de Belo Horizonte é o táxi. A cada bloco, dezenas de foliões disputam com dedo em riste quem dá sinal para o próximo taxista. Seja para voltar para casa ou buscar o próximo bloco do dia, o transporte é a forma segura para quem quer aproveitar o carnaval, respeitando a Lei Seca e diminuindo o risco de acidentes. 

Não à toa, pela primeira vez, o taxista José Deusdedit decidiu ficar em Belo Horizonte e trabalhar em pleno carnaval. "Antes não tinha sentido nenhum ficar aqui", diz, sobre a baixa demanda por passageiros anos atrás. Segundo ele, basta parar o carro em ruas próximas dos blocos para os foliões "brigarem" para ver quem vai primeiro. Nem mesmo os bêbados incomodam. "Pelo menos eles estão sendo conscientes e preferindo ir de táxi", afirma. Gisele Ribeiro também comemora. "É o dia inteiro e a noite toda (de corridas). Deveria ser carnaval o ano todo". Somente no sábado, a taxista faturou cerca de R$ 400 a mais do que o habitual e ontem e expectativa era ainda maior. 

Direto de Bambuí, no Centro-Oeste mineiro, o universitário Mateus Moreira e uma turma de amigos escolheram aproveitar o carnaval na capital pela primeira vez. Hospedados no Santo Antônio, eles só saem de casa de táxi e perambulam de bloco em bloco. "Só hoje peguei táxi do Santo Antônio para o São Bento, de lá para cá (Avenida Brasil), e depois vamos voltar para o Santo Antônio", diz ele. Além dos amigos, o motorista leva no porta-malas cinco fardos de cerveja e três pacotes de gelo para abastecer a farra dos jovens. De táxi, o administrador de empresas Nelson de Castro e a médica Jaqueline Castro preferiram deixar o carro no estacionamento e cair na folia sem ter que se preocupar com a volta para casa. "Já perdi muito amigo em acidente. Assim, a gente pode beber mais à vontade", diz ela.

Mas, do outro lado, nem tudo é folia. Taxista há quatro anos, Luiz Henrique Nunes Rocha reclama da dificuldade em pegar passageiros. "O trânsito está ruim e a cidade não gira. O pessoal fica todo num lugar só. Quando o bloco acaba, sai todo mundo de uma vez. É claro que não vai ter táxi para todos", afirmou.

EMBRIAGUEZ  Um taxista com sintomas de embriaguez causou um acidente no Bairro Pindorama, Região Noroeste de BH, na tarde de ontem. Segundo a PM, o taxista bateu na traseira de um Onix e  afirmou ter tomado uma cerveja, mas se recusou a realizar o teste do bafômetro. Pedro Moreira Rocha, de 44 anos, foi multado e encaminhado à delegacia do Detran.


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