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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 13-02-2015 - 07:37 -   Notícia original Link para notícia
IBC-Br reforça projeção de estagnação no 4º tri

Por Arícia Martins e Eduardo Campos | De São Paulo e de Brasília


A tendência negativa registrada pela economia em dezembro, quando o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,55% sobre novembro, feitos os ajustes sazonais, já refletiu o aumento de incertezas em relação a 2015 e deve se aprofundar no início do ano, segundo economistas. O indicador, que tenta se aproximar do desempenho mensal do PIB, medido pelo IBGE, reforçou perspectivas de estagnação da atividade no quarto trimestre de 2014, seguidas de deterioração no primeiro semestre deste ano.


Na média do ano passado, a atividade medida pelo índice do BC encolheu 0,15%, comportamento próximo da estagnação prevista pelo consenso de mercado para o PIB no período - a última previsão coletada pelo boletim Focus no início desta semana conta com expansão de 0,07%.



O IBC-Br, que tinha subido 0,5% nos três meses encerrados em setembro, recuou 0,2% no trimestre terminado em dezembro, considerando a comparação trimestral com ajuste. Como o índice do BC e o PIB têm diferenças de cálculo e ajustes sazonais também divergentes, a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, manteve sua projeção para a variação da economia no período em avanço de 0,1%, mesmo desempenho do terceiro trimestre.


Mesmo assim, diz Thaís, o IBC-Br veio em linha com o quadro de retração da economia observado em outras pesquisas, com destaque para a produção industrial, que recuou 2,8% entre novembro e dezembro, e o volume de vendas no comércio varejista ampliado (que inclui automóveis e material de construção), que encolheu 3,7%.


Para a analista da Rosenberg, houve certo movimento de antecipação das compras de Natal nos dois meses anteriores, estimulado pelos descontos da Black Friday, o que levou as vendas a perderem fôlego no fechamento de 2014. Do lado da indústria, dezembro foi marcado por férias coletivas, devido acúmulo de estoques.


Segundo Alberto Ramos, diretor de pesquisas econômicas para América Latina do Goldman Sachs, o maior nível de incertezas sobre a economia em 2015 e o início do ajuste econômico explicam o tombo da atividade no fim do ano passado, que deve se acentuar. Em seus cálculos, o PIB teve crescimento nulo no último trimestre de 2014, mesma estimativa para o acumulado do ano. "A confiança continuou bastante deprimida, com inflação alta, juros subindo, crédito desacelerando e consumidores e empresários mais na defensiva", disse Ramos, para quem uma série de fatores indica que o país deve entrar em recessão já no primeiro semestre.


Entre as principais explicações para sua previsão de queda de 0,5% a 1% para o PIB neste ano - que não incluem racionamentos de água e energia - o economista menciona o esperado ajuste das políticas fiscal e parafiscal, o aumento dos juros, condições mais restritivas de crédito, o enfraquecimento do mercado de trabalho, o maior acúmulo de estoques em setores industriais relevantes, preços de commodities mais baixos e, por fim, a baixa confiança de consumidores e empresários.


Depois de incorporar o impacto de um racionamento de água e da redução dos investimentos da Petrobras, a Tendências Consultoria revisou seu cenário para o PIB de 2015, de uma queda de 0,5% para retração de 1,2%. Para o economista Rafael Bacciotti, a atividade também deve ter entrado no campo negativo no último trimestre do ano passado, com redução de 0,1% em relação aos três meses anteriores. "Vários pontos negativos começaram a pesar sobre a atividade. O racionamento de água já tem atingido uma parte da população e do comércio e São Paulo, e a confiança segue muito fraca", disse.


Já Thaís, da Rosenberg, já inclui em suas estimativas para este ano uma contenção na oferta tanto de água quanto de energia, que, em seus cálculos, vai levar o PIB a recuar 1,5% em 2015. A consultoria ainda não tem projeções fechadas para o comportamento da economia no primeiro e segundo trimestres do ano, mas ela antecipa que haverá queda nos dois períodos, levando em conta a comparação trimestral com ajuste sazonal.


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