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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 11-02-2015 - 10:22 -   Notícia original Link para notícia
Vendas caem 13% e ociosidade bate recorde

Por Eduardo Laguna | De São Paulo


A indústria nacional de autopeças terminou 2014 com queda de 12,7% no faturamento, num reflexo não apenas das menores encomendas de montadoras, que cortaram produção, mas também do desempenho ruim tanto das exportações como do mercado de reposição.


O setor ficou no vermelho em todos os canais de venda. Só para as montadoras - principal cliente, responsável por dois terços das vendas dos fabricantes de autopeças -, as entregas caíram 16,3% no ano passado. Já no mercado de reposição, houve queda de 3,8%, enquanto as exportações cederam 5,7%, com base no faturamento convertido em reais.


As vendas intrassetoriais - de um fabricante de autopeças a um grande sistemista que atende diretamente as montadoras, por exemplo - também terminaram 2014 em baixa, de 9,9%. As estimativas foram divulgadas pelo Sindipeças, entidade que representa a indústria nacional de componentes automotivos, a partir de pesquisa com 87 empresas associadas, que representam 28,5% do faturamento total desse setor.


O levantamento mostra que em dezembro as fábricas de autopeças operaram com ociosidade equivalente a 37,7% da capacidade instalada, como consequência das férias coletivas promovidas pelos fornecedores para acompanhar as paradas das montadoras. É a maior ociosidade já medida pelo Sindipeças desde que o departamento de economia da entidade revisou a metodologia de cálculo na pesquisa conjuntural, em 2006. No fim de 2013, a ociosidade nessa indústria beirava os 32%.


Segundo o Sindipeças, o emprego na cadeia de suprimento caiu 6,5% em 2014. A associação ainda não finalizou levantamento feito com um número maior de empresas (350) e que mostra quantas vagas foram eliminadas, assim como o montante faturado em 2014. A estimativa da entidade indica um faturamento de R$ 75,4 bilhões em 2014, o que, se confirmado, será o pior resultado desde a crise financeira internacional de 2008.


Além da piora dos resultados no mercado interno, a indústria nacional de autopeças perdeu vendas para seus principais clientes no exterior, a começar pelo maior deles, a Argentina, onde as compras caíram 25,8% em 2014. Entre os principais destinos, também recuaram os embarques para México (-14,8%), Alemanha (-22,7%), Holanda (-4%), Chile (-11,9%), Itália (-21,7%) e África do Sul (-17,1%).


No total, as exportações de autopeças caíram 15,4% no ano passado, somando US$ 8,34 bilhões, de acordo com dados da balança comercial brasileira compilados pelo Sindipeças e que excluem os embarques de pneus. Mas como as importações - ao registrar queda de 12,2% - também voltaram a cair, o déficit nas trocas comerciais do setor com o exterior foi suavizado para US$ 9 bilhões, ou US$ 888 milhões a menos do que o saldo negativo de 2013.


Mesmo as autopeças da China e da Coreia, cujas importações vinham disparando em anos anteriores, tiveram inflexão na curva de crescimento diante da crise da indústria automobilística brasileira. As compras no Brasil de peças chinesas recuaram 3,9%, ao passo que as importações de produtos da Coreia tiveram queda de 8,3% durante o ano passado.


Apesar disso, fabricantes nacionais dizem ainda não sentir grande impacto das exigências de maior uso de peças nacionais cobradas de montadoras no novo regime automotivo, o Inovar-Auto. Para fazer valer o propósito da política automotiva de agregar conteúdo local aos carros produzidos no país, o governo implementou um sistema informatizado que vai rastrear o que as montadoras estão comprando. Mas os primeiros efeitos disso só devem vir no fim de março, já que, até lá, as empresas continuarão em fase de adaptação ao sistema de rastreabilidade.


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