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Estado de Minas Online ( Gerais ) - MG - Brasil - 08-02-2015 - 04:00 -   Notícia original Link para notícia
Confinados no aeroporto, mais uma vez

Celina Aquino e Gabriela Pacheco


Pelo segundo dia usuários enfrentaram espera e desinformação


O tempo fechou mais uma vez no aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Principalmente na parte da manhã, a chuva fina e a neblina impediram pousos e decolagens pelo segundo dia consecutivo, deixando o saguão cheio de passageiros apreensivos e sem informações. No início da manhã, o que se via era apenas o aviso de atrasos meteorológicos. Alguns voos foram transferidos para o aeroporto da Pampulha, enquanto outros tiveram que ser cancelados. Do total de 112 viagens, registraram-se pelo menos 26 cancelamentos até as 17h, além de 58 atrasos. O terminal, que já havia permanecido fechado na véspera por aproximadamente cinco horas, voltou a parar completamente por sucessivas vezes até o meio-dia de ontem, quando o tempo melhorou.

Um dos motivos para o fechamento da pista seria a falta do ILS (sigla em inglês para sistema de pouso por instrumentos), equipamento indispensável para o piloto aterrissar em segurança quando há baixa visibilidade. Com isso, o pesadelo voltou a assombrar muitos viajantes, agravado por problemas em terminais de outras cidades, como Brasília.

Um casal de Brasília pensava até em desistir das férias. A saga dos professores José Rabelo Leão Júnior, de 39 anos, e Nitiana Ribeiro Farias, de 37, começou na manhã de sexta-feira, quando eles embarcaram a caminho de Porto Seguro. O que não imaginavam é que passariam nove horas dentro do avião para concluir a primeira etapa da viagem, que previa conexão em Confins. A aeronave chegou a pousar em Campinas e Rio de Janeiro, antes de conseguir chegar à Grande BH, mas não havia autorização para desembarque. "Na hora em que o piloto pousou, teve gente aplaudindo, rezando e chorando", contou Júnior. Depois, mais quatro horas na fila para remarcar a viagem e pegar voucher para o hotel. No segundo dia, mais uma surpresa: o professor alega que não ouviu o aviso de que o voo havia sido transferido para a Pampulha. "Aceito ir para qualquer lugar, até para casa. Só não dá para ficar no aeroporto. Já estamos cansados", desabafou.

A história se repetiu com o vendedor Cleivton Ferreira, de 28. Morador de Timóteo, a mais de 200 quilômetros do aeroporto, ele chegou na sexta-feira de manhã para buscar a sogra e a cunhada, que chegariam do Rio. Por causa do mau tempo, o voo acabou cancelado no meio da tarde. A solução foi dormir na casa de parentes em Belo Horizonte e voltar no dia seguinte. Logo cedo, Cleivton soube que mais uma vez não havia condição de pouso e temia que a espera fosse longa. "Minha mulher e meu filho chegam de Maceió na quarta-feira. Acho que já vou esperá-los aqui no aeroporto", brincou.

Outros terminais também registraram atrasos e cancelamentos, o que contribuiu para agravar ainda mais a situação em Confins. Às 17h, o boletim da Infraero informava que havia 16 voos atrasados e outros 15 cancelados em Brasília. Já em Campinas (SP), os números chegavam a 12 e 16, respectivamente.

DECEPÇÃO Os balões até murcharam com a demora. Para recepcionar com animação o estudante Thiago Teixeira Nardy Barrioni, de 22, que passou um ano na Coreia, a família coloriu e movimentou o saguão. Sentados à espera de novidades, eles criticavam a desinformação. A companhia aérea não sabia nem confirmar se o voo vindo de São Paulo havia decolado. "É muita ansiedade, pois ele está há um ano fora. Vamos ficar aqui até ter notícias. Sorte que a gente se diverte também", comentou a mãe, a analista de sistemas Suzana Teixeira Nardy Barrioni, de 50.

Em relação à falta do ILS, a BH Airport já admitiu que o equipamento ainda está em fase de homologação pela Aeronáutica e ainda não tem data para entrar em operação. Porém, argumentou que mesmo com ele a situação seria crítica, devido à má visibilidade.

O major-brigadeiro do ar reformado e ex-secretário geral da Organização da Aviação Civil Internacional Renato da Costa Pereira explica que, mesmo com o equipamento, quando a visibilidade de pouso é comprometida o fechamento se justifica. "Quando o piloto chega em um momento que chamamos de altitude crítica, se não enxergar a pista o correto a fazer é arremeter e tentar outro procedimento", afirma. 

Durante todo o seu tempo como piloto, os procedimentos de pouso eram feitos sem o ILS. A vantagem que o equipamento traz é a precisão, uma vez que fornece não só a direção que o piloto deve seguir, como também a altura exata em que ele se encontra.


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