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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 06-02-2015 - 09:55 -   Notícia original Link para notícia
Dólar alto deve encarecer brinquedos

Por Cibelle Bouças | De São PauloCarlos Tilkian, presidente da Estrela, prevê aumentar de 65% para até 75% volume fabricado localmente


O setor de brinquedos enfrentam um cenário adverso para importar e para produzir localmente. Do lado das importações, a elevação da alíquota de PIS/Cofins sobre importação de 9,25% e a tendência de valorização do dólar frente ao real encarecem as compras externas. Internamente, as companhias enfrentam aumentos nos gastos com energia elétrica, água e alta de insumos cotados em dólar. Fabricantes e importadores falam em reajustar preços para compensar o custo maior.


Na avaliação da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), apesar do aumento nos custos locais, produzir no país está um pouco mais competitivo do que importar neste ano. "A tributação sobre importados ajuda a equalizar a concorrência. Não vai resolver o problema do setor, mas melhora o ambiente de competição", disse Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq.


No ano passado, segundo Costa, 55% das vendas de brinquedos no país foram de itens nacionais. Para este ano, a meta do setor é ampliar a participação de produtos locais para 60%. A Abrinq não divulgou a meta de vendas para 2015.


A Estrela está entre as fabricantes que planejam ampliar a produção no Brasil neste ano. A elevação dos tributos sobre importados tornou a aquisição de linhas vindas do exterior mais cara que a produção local, disse Carlos Tilkian, presidente da Estrela. "Há sinais de que haverá uma redução no preço das resinas plásticas nos próximos meses, de 5% a 8%. O cenário neste momento indica que será mais vantajoso ampliar a produção local e importar menos", afirmou.


Tilkian disse que, no ano passado, aproximadamente 65% da receita foi obtida com produção local. Os outros 35% foram itens importados. Em 2015, a companhia prevê inicialmente produzir 70% a 75% dos brinquedos localmente e importar de 25% a 30% do volume. Tilkian ressaltou, no entanto, que esses percentuais podem ser alterados, dependendo da evolução dos custos de produção. "O grande momento do setor é o quarto trimestre. O planejamento é feito para o curto prazo, para ter flexibilidade se o cenário econômico obrigar uma mudança na estratégia de produção", disse o executivo.


O presidente da Estrela disse que o aumento nos custos da energia preocupa, mas ainda não tem uma previsão exata de quanto representará. "Depois da mão de obra, a energia é o insumo mais importante em termos de custos", disse. Tilkian disse ainda que a empresa substituiu no passado energia elétrica por gás, mas nem todos os equipamentos podem ser adaptados a esse tipo de geração de energia. A escassez de água teria um peso menor na produção. A Estrela possui fábricas em São Paulo, Minas Gerais e Sergipe.


Outra preocupação para produzir localmente é a valorização do dólar em relação ao real, considerando que parte das matérias-primas são importadas ou cotadas na moeda americana.


A Estrela não divulga projeções para 2015. Tilkian disse que a empresa se planeja para buscar crescimento e ganho de participação de mercado. A companhia ainda não divulgou o balanço relativo ao ano fechado de 2014. Nos nove primeiros meses do ano passado, a Estrela teve prejuízo líquido de R$ 16,9 milhões, ante um prejuízo líquido de R$ 23,7 milhões no mesmo intervalo de 2013. A receita de vendas no período avançou 48,9%, para R$ 71,1 milhões. A companhia associou a melhora nas vendas a um maior acerto na coleção de brinquedos, com destaque para a linhas da Peppa Pig, personagem de uma série de televisão apresentada na rede Discovery Kids.


A Long Jump, fabricante com operação em São Paulo, informou que a variação do dólar tem sido o maior fator de preocupação neste ano. "O dólar alto machuca o fluxo de caixa dos fabricantes", afirmou Vagner Lefort, presidente da Long Jump.


O executivo disse que, mesmo estando na fase de baixa temporada, sentiu aumento nos custos com importação. No mês de fevereiro até o fechamento de ontem, o dólar PTAX valorizou 2,87%, segundo o Valor Data. Na quinta-feira, o dólar PTAX fechou em alta de 1,21%, a R$ 2,7386 na venda. No ano passado, acumulou alta de 13,39%. Para este ano, o último Boletim Focus do Banco Central apontava um dólar médio de R$ 2,80 no fim de 2015, mas alguns bancos projetam um câmbio de até R$ 3,20.


Apesar da alta do dólar, Lefort disse que vai importar mais brinquedos neste ano. Em 2014, a companhia importou em torno de 25% das vendas totais. Em 2015, a Long Jump vai importar metade do volume que espera vender, sendo que trabalha com um cenário de aumento de 15% a 20% nas vendas neste ano. "Embora a importação me obrigue a ficar com o dinheiro parado por mais tempo, a lucratividade é maior", afirmou o executivo.


A Long Jump produz no Brasil apenas bonecos de pelúcia. As demais linhas de brinquedos são importadas e, segundo Lefort, têm rentabilidade maior. O executivo disse que vai reajustar os preços dos brinquedos entre 7% e 8% neste ano para compensar os custos com o câmbio.


A Sunny Brinquedos, importadora e distribuidora de linhas como Playmobil, Ben 10 e Como Treinar seu Dragão 2, também informou que as variações do câmbio têm sido a maior fonte de preocupação para a companhia. "O aumento do PIS e da Cofins também vai ter um impacto importante a partir de junho, quando entra em vigor. Mas a variação do dólar recentemente deixa todo o setor apreensivo", disse Gabriel Candi, diretor financeiro da Sunny Brinquedos. Na avaliação do executivo, a alta do dólar terá um peso maior que o aumento nos custos de energia, água, alta da inflação e da taxa de juros.


Candi disse que não planeja substituir importações por produção local, porque a maioria das matérias-primas são importadas e a escala de produção no país é pequena, o que torna o custo de produção mais alto que a importação da China. O executivo disse que vai reajustar or preços dos brinquedos para fazer frente à alta do dólar. Ele prevê para o ano um ganho de 8% na receita de vendas da Sunny Brinquedos, com aumento real de 1%, considerando a inflação projetada para este ano, de 7%.


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