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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 06-02-2015 - 07:53 -   Notícia original Link para notícia
Brasil teme prejuízos com parceria sino-argentina

ELIANE OLIVEIRA elianeo@bsb.oglobo.com.br


Fontes diplomáticas criticam 15 acordos bilaterais firmados por Cristina Kirchner sem consultar o Mercosul


-BRASÍLIA- O estreitamento das relações econômicas e comerciais entre Argentina e China preocupa o governo brasileiro, que vê nessa aproximação a possibilidade de perda ainda maior de espaço no país vizinho. Um dos principais fatores de irritação é um acordo firmado pela Casa Rosada com Pequim que prevê investimentos chineses na geração de energia elétrica, na indústria, na produção de equipamentos ferroviários e em pesquisas espaciais. Em visita à capital chinesa, a presidente Cristina Kirchner assinou na quarta-feira 15 acordos de cooperação e uma declaração conjunta de "fortalecimento da associação estratégica integral".



 Cristina Kirchner posa com o premier chinês, Li Keqiang


Com a economia argentina em frangalhos e de pires na mão, Cristina concordou que as empresas chinesas levem mão de obra e importem insumos e bens de capital em condições mais vantajosas que as concedidas a outros parceiros comerciais. Empreiteiras chinesas também serão beneficiadas com a construção, sem licitação, de duas usinas hidrelétricas, com as mesmas facilidades alfandegárias voltadas ao Mercosul.


- Em primeiro lugar, a Argentina não poderia, sozinha, tomar essa decisão. Seria o mesmo se o Brasil fizesse um acordo em separado com a União Europeia e ponto final. Esse acordo perfura e fragiliza o Mercosul. A China passa a concorrer em igualdade de condições com os parceiros do bloco, seja exportando para a Argentina sem tributos ou entrando em empreendimentos naquele país - alertou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.


O fato é que o Brasil tem limitações legais para ajudar diretamente os vizinhos com dinheiro. Quando o petróleo estava em alta, por exemplo, a Venezuela comprava títulos da dívida argentina. O governo brasileiro tem feito sua parte relevando a imposição de uma série de barreiras às exportações do Brasil.


- A China chega aonde existe um vácuo - admitiu uma fonte da área diplomática.


Sem crédito no mercado externo, a Argentina encontra na China uma forma de financiar seus projetos de infraestrutura e melhorar suas reservas cambiais. No entanto, esse tipo de atitude poderá abrir mais uma crise entre a Casa Rosada e o Mercosul.


Junto com os Estados Unidos, a China e a Argentina são os principais destinos das exportações brasileiras. Segundo o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), em 2014 o Brasil exportou US$ 14,2 bilhões para o mercado argentino - 27,19% a menos que em 2013. Suspeita-se que parte dos produtos que deixaram de ser vendidos para os vizinhos tenha sido substituída por mercadorias chinesas, especialmente itens manufaturados. Já os embarques para a China somaram US$ 40,6 bilhões, uma queda de 12% ante o ano anterior.


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