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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 05-02-2015 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Dólar alcança maior nível desde março de 2005

Por José de Castro, Silvia Rosa, Antonio Perez e Lucinda Pinto | De São Paulo


O ambiente de maior aversão a risco no cenário internacional, ainda em meio às incertezas com a Grécia, se somou à preocupação com o destino da Petrobras, após a renúncia da presidente da estatal Maria da Graça Foster e a saída de mais cinco diretores, o que levou a uma forte alta do dólar e das taxas dos contratos futuros de juros.


O dólar comercial fechou em alta de 1,89%, a R$ 2,7433, maior patamar desde 23 de março de 2005.



Persistentes incertezas com a Grécia, tombo nos preços do petróleo, alta nos juros dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) e as mudanças na diretoria da Petrobras compõem o quadro que impulsiona a demanda por dólares no mercado doméstico. "Os investidores estrangeiros pararam de vender dólares e isso mudou a dinâmica do mercado", afirma Italo Abucater, especialista em câmbio da Icap Corretora.


Apesar do fluxo cambial positivo de US$ 3,903 bilhões em janeiro, boa parte desses recursos entraram pela conta financeira, que somou ingresso líquido de US$ 4,118 bilhões, atraídos pelo ganho com a arbitragem de juros. Esse capital é mais volátil e sensível ao apetite a risco e, por isso, muitos analistas já esperam uma redução ou mesmo a reversão desse fluxo em fevereiro.


Abuter, da Icap, lembra que a maior dependência de investimentos em portfólio faz com a volatilidade da moeda brasileira acabe sendo maior que a de outras moedas emergentes.


A possibilidade de nova rodada de depreciação do real é um dos elementos que pressionam os juros futuros. Um dólar mais alto dificulta o controle das expectativas de inflação e castiga quem carrega ativos prefixados.


Nas operações de ontem, as taxas dos contratos futuros de Depósitos interfinanceiros (DI) claramente subiram a reboque do dólar e da piora da percepção de risco. Analistas ressaltam, contudo, que o volume negociado ficou aquém do usual, o que revela investidores sem disposição para ampliar as posições.


Mais líquido do pregão, o contrato DI com vencimento em janeiro de 2017 avançou de 12,50% para 12,59%. Entre os derivativos com vencimento mais distante, o DI para janeiro de 2021 subiu de 12% para 12,12%.



Lá fora, incertezas sobre o acordo de refinanciamento da dívida da Grécia aumentaram a preocupação com uma possível saída do país da zona do euro. A Alemanha rejeitou o plano de renegociação da dívida grego, o que pode colocar em xeque a continuidade dos pagamentos do acordo de resgate da Grécia.


Nos EUA, dados melhores que o esperado do setor de serviços ajudaram a compensar o número abaixo do esperado da criação de vagas no mercado de trabalho privado americano, impulsionando as taxas dos Treasuries e a valorização da moeda americana.


No cenário local, a Petrobras mais uma vez concentrou as atenções. A confirmação da renúncia de Graça Foster, bem como de outros cinco diretores da estatal, foi vista como um bom sinal, mas ao mesmo tempo amplia as incertezas com o futuro da estatal.


"A história da Petrobras ainda vai ter desdobramentos, e é isso que o mercado está esperando antes de mudar posições", diz o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.


O impacto da Petrobras sobre as expectativas para o câmbio se dá especialmente pelo fato de a estatal ser uma das principais emissoras de dívida no mercado internacional, o que mexe diretamente com as perspectivas de entrada de capital. Além disso, cálculos indicam que o impacto financeiro direto e indireto dos investimentos da estatal equivale a cerca de 10% do PIB, o que ressalta o peso da empresa na economia e a influência negativa da crise na estatal sobre a atividade como um todo.


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