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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 03-02-2015 - 09:57 -   Notícia original Link para notícia
Para analistas, indústria deve ter tido pior ano desde 2009

Por Arícia Martins | De São Paulo


Depois de ter decepcionado em novembro e em boa parte de 2014, economistas não vislumbram melhora nos números da indústria a serem apresentados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a estimativa média das consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data, a indústria aprofundou ainda mais seu ritmo de queda no último mês do ano passado e deve ter encerrado 2014 com uma retração de 3,1%. Se confirmado, será o pior resultado anual para o setor desde 2009. Naquele ano, os efeitos da crise financeira mundial provocaram um forte tombo no setor, de 7,1%.


A média de 18 projeções coletadas apontam queda de 2,4% na produção industrial em dezembro, na comparação com novembro, feitos os ajustes sazonais, depois de ter cedido 0,7% no mês anterior. As estimativas para o resultado de dezembro variam entre retração de 0,7% até 4,2%.



Leandro Padulla, da MCM Consultores, estima que a produção tenha encolhido 3,2% na passagem de novembro para dezembro, e destaca que a queda sobre igual mês de 2013 deve ser também significativa, de 2,9%. "Em 2013, a produção já havia recuado 2,3% em dezembro. Mesmo com uma base deprimida, a indústria continua caindo, o que é uma trajetória muito ruim", diz ele.


O comportamento dos indicadores que antecipam o desempenho do setor decepcionou em dezembro. Para o economista da MCM, a principal influência negativa para a produção no último mês de 2014 deve ter partido do segmento automobilístico, mas a retração deve ser disseminada. "O processo de ajuste de estoques está demorando mais tempo do que esperávamos, e a demanda está desacelerando em ritmo mais forte do que o previsto lá atrás", disse.


Devido à deterioração da indústria, Padulla cortou sua previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2014, de alta de 0,5% para recuo de 0,3%. A projeção contempla retração de 1,8% do PIB industrial sobre os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, puxada principalmente pelo setor de transformação. Para ele, os ajustes de produção para diminuir inventários apontam para um primeiro trimestre de 2015 também fraco.


Mariana Hauer, do ABC Brasil, observa que a tônica da atividade industrial foi negativa na maior parte de 2014. Se confirmada sua previsão de variação negativa de 2,9% para dezembro, a produção terá recuado 0,5% ao mês, em média, ao longo do ano passado, encerrando o período em nível 3,1% inferior ao de 2013. "Não imaginávamos uma queda tão grande no segundo semestre", disse.


Na avaliação da economista, as expectativas foram um importante impacto negativo sobre a produção ao longo do ano passado, e podem piorar ainda mais com o aumento dos riscos de racionamentos de energia elétrica e água. O resultado de dezembro, de acordo com Mariana, já pode ter sido afetado por esta perspectiva, o que coloca ainda mais dificuldades para a indústria 2015. Por enquanto, o ABC trabalha com retração de 2,3% para a produção industrial neste ano.


Em relatório, a equipe econômica da Rosenberg & Associados aponta que a trajetória da indústria não parece dar sinais de melhora, ainda mais com os pedidos de contenção de uso da água no Sudeste, e com os riscos "cada vez mais iminentes" de racionamento de energia. "Em 2015, tudo indica que teremos novo desempenho negativo da indústria", afirmam os analistas da Rosenberg.


Padulla, da MCM, afirma que, se um corte de 10% de energia for anunciado a partir de março, sua estimativa atual de queda de 0,2% para a produção industrial neste ano seria alterada para queda de 0,7%. De qualquer forma, diz, um cenário positivo para o período está descartado, mesmo que a taxa de câmbio em nível mais depreciado possa dar alguma ajuda às exportações.


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