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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 03-02-2015 - 05:00 -   Notícia original Link para notícia
Dólar tem nova alta após balança comercial

Por José de Castro e Silvia Rosa | De São Paulo


O dólar fechou ontem em alta pela quarta sessão consecutiva em relação ao real diante da percepção de piora dos fundamentos domésticos e de preocupações acerca de eventual redução das intervenções do Banco Central no câmbio, após declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na semana passada.


A moeda americana subiu 0,97%, a R$ 2,7151, maior cotação desde 16 de dezembro de 2014. Foi um movimento descolado do exterior. Com isso, o real esteve entre as moedas com pior performance, ao lado do rublo.



Ontem pela manhã, o dólar chegou a cair, reagindo ao início da rolagem do lote de US$ 10,438 bilhões em contratos de swap cambial que vence em março. No entanto, a ausência de vendedores estrangeiros disparou um movimento de "stop loss" (limitação de perdas) por parte dos agentes locais.


Os investidores buscam se ajustar a um possível cenário de menor intervenção no câmbio por parte do Banco Central, após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defender que não há intenção do governo em manter o câmbio artificialmente valorizado. "O que vemos ainda é um pouco do efeito de sexta -feira, em que o mercado reagiu à declaração do ministro da Fazenda", afirma Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investment.


A moeda americana ampliou a alta após o resultado da balança comercial, que ajudou a reforçar a tese de que o câmbio deve se depreciar para dar mais competitividade às exportações brasileiras


A balança comercial registrou déficit de US$ 3,174 bilhões em janeiro. Apesar do resultado ficar abaixo do observado no mesmo mês em 2014, o saldo negativo acumulado em 12 meses foi o pior desde 1999.


O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse ontem que ninguém fixa câmbio, mas o exportador precisa de previsibilidade. Ainda destacou que o câmbio não pode ser usado como instrumento de combate à inflação.


A preocupação com a redução das intervenções no câmbio por parte do Banco Central se somou à piora dos fundamentos domésticos, principalmente após o resultado fiscal de 2014, divulgado na sexta-feira. No ano passado, o setor público consolidado registrou déficit primário de 0,63% do PIB, pior resultado da série histórica. O déficit nominal disparou para 6,7%, o que levou os déficits "gêmeos" - variável que reúne o déficit fiscal e o em transações correntes - para um valor negativo recorde de 10,9% do PIB.


Em nota a clientes, os estrategistas do BNP Paribas citam o "horrível" resultado fiscal de dezembro para justificar o encerramento da estratégia de posição "comprada" em real em relação ao rand sul-africano. Segundo os profissionais, um dos motivos que sustentavam essa recomendação era a situação fiscal e externa "muito pior" da África do Sul em relação ao Brasil (então com déficits gêmeos de 6%), além da considerável taxa de retorno oferecida pelo real. Agora, os déficits são praticamente os mesmos (10,8% na África do Sul e 10,9% no Brasil). Pesa ainda, segundo os estrategistas, a visão de que a conjuntura macroeconômica está se deteriorando "mais rápida e profundamente" no Brasil.


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