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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 02-02-2015 - 09:26 -   Notícia original Link para notícia
Consumo em alta faz indústria reforçar oferta de suco 'detox

Por Cibelle Bouças | De São PauloRicardo Machado, vice-presidente da Wow Nutrition: demanda das classes A e B sofre menos impacto da recessão


Mesmo com a desaceleração da economia, o brasileiro das classes A e B não deve abrir mão do consumo de suco prontos para beber. Ainda mais se ele tiver forte apelo saudável e fama de ajudar no emagrecimento. Essa é a aposta dos fabricantes, que reforçam a oferta de sucos "detox", que prometem eliminar toxinas do organismo. Marcas ouvidas pelo Valor estimam para este ano expansão de 20% a 100% nas vendas do produto, enquanto a expectativa do setor para todo o mercado de sucos prontos é de um aumento de 5% a 6%.


Por enquanto, não há estatísticas gerais sobre o segmento. Atualmente, essas bebidas, feitas com verduras e frutas, ricos em fibras e clorofila, são incluídas no grupo de sucos funcionais, que respondem atualmente por 2% a 3% do mercado total de sucos. A consultoria Euromonitor inclui os detox na categoria de alimentos e bebidas naturalmente saudáveis, que cresceu, em média, 12,1% ao ano entre 2010 e 2014, chegando a movimentar US$ 13,1 bilhões no ano passado. Até 2019, a área vai crescer 6,9% ao ano, atingindo ao fim do período US$ 18,3 bilhões.


O avanço de pequenos e médios fabricantes de sucos funcionais nos últimos anos começou a chamar a atenção de indústrias de grande porte. A WOW!, dona da marca de sucos Sú Fresh e do chá Feel Good, começou a produzir sucos detox no ano passado, com três linhas. Neste ano, vai dobrar a oferta de sabores. Ricardo de Oliveira Machado, vice-presidente da WOW Nutrition, disse que espera duplicar a receita com as linhas detox. "Esses produtos são comprados por consumidores de classes A e B, que não estão abrindo mão de uma alimentação de qualidade por conta da recessão", afirmou.


A WOW! projeta um aumento de 10% nas vendas totais de sucos prontos para beber neste ano. As linhas de bebidas funcionais, observou Machado, crescem mais. A taxa ficou em cerca de 20% no ano passado e deve se repetir em 2015.


A mesma percepção fez o grupo paranaense Famiglia Zanlorenzi, fabricante de vinho de mesa, lançar em janeiro a marca Simmm! de sucos funcionais, na qual a versão detox é o carro-chefe. Com isso complementa sua oferta de sucos integrais (sem adição de água e açúcar), que cresce em torno de 40% ao ano.


A Del Valle, pertencente à Coca-Cola Brasil, informou que possui linhas de sucos detox e funcionais, mas não dispunha de porta-voz para falar sobre a operação. A Ades, da Unilever, informou que não possui linhas de sucos detox, mas tem planos de ampliar a oferta de bebidas com características funcionais.


Para quem está nesse nicho há mais tempo, a expectativa também é de incremento significativo de vendas, mesmo com a vinda de novos competidores.


A paulista Juxx, que produz sucos funcionais desde 2006 e lançou seu detox há dois anos, prevê um crescimento de 30% em receita, chegando a R$ 30 milhões. "Os consumidores brasileiros de sucos estão mais informados e mais exigentes. A segmentação é um indício de que este mercado está amadurecendo", afirmou Edson Mazeto, diretor da Juxx. Ele observou que, globalmente, os sucos funcionais respondem por 10% das vendas de sucos prontos para beber, um indicador de que o mercado brasileiro tem ainda um grande potencial de expansão.


A paulista Sanavita, especializada em produtos funcionais e suplementos alimentares, começou a desenvolver linhas de sucos detox em pó em 2012. Thiago Salgado, diretor executivo da Sanavita, disse que essas linhas tornaram-se no ano passado as mais importantes para a empresa, respondendo por 20% da receita anual, que ficou em torno de R$ 50 milhões.


"As pessoas buscam mais opções saudáveis de alimentação. No ano passado as vendas de sucos detox cresceram 130%", disse Salgado. De acordo com o executivo, essas linhas atraem três tipos de públicos, consumidores que buscam uma alimentação saudável, mas não têm tempo de preparar em casa; consumidores em dieta e pessoas que exageram na alimentação ou na bebida no fim de semana e procuram desintoxicar o organismo. Para este ano, a Sanavita prevê um crescimento de receita de 40%, chegando a R$ 70 milhões, com um crescimento semelhante na área de sucos detox.


A carioca do bem, que produz sucos funcionais desde 2007, registrou no ano passado um crescimento de 50% nas vendas. Marcos Leta, fundador e idealizador da do bem bebidas, disse que o desempenho foi obtido em parte, graças ao desenvolvimento de linhas de sucos detox. A do bem lançou a primeira linha detox em 2013, com o Detox Monstro, uma mistura de maçã, pepino, couve, limão, gengibre e hortelã. Em 2014, lançou outras duas versões. Além disso, desenvolveu o negócio de venda de sucos em máquinas e estreou no comércio eletrônico.


"Para 2015 o plano é fazer lançamentos importantes no segmento de bebidas naturais, que devem impulsionar novamente o crescimento em 50%", afirmou Leta. A companhia não informa quanto fatura.


O empresário disse que não viu uma grande alteração nas vendas por conta da polêmica envolvendo a origem da suas matérias-primas, que veio a público no fim do ano passado. A embalagem do suco de laranja da marca informava que as frutas "são colhidas fresquinhas todos os dias e vêm da fazenda do senhor Francesco do interior de SP, um esconderijo tão secreto que nem o Capital Nascimento poderia descobrir".


Reportagem da revista "Exame" revelou, em outubro, que gigantes como a Brasil Citrus fornecem para a do bem, o que levou o Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (Conar) a questionar a empresa sobre o assunto. A do bem informou que as laranjas são processadas por empresas como a Brasil Citrus, mas vêm da fazenda do "senhor Francesco" e de outros produtores. O Conar considerou que a empresa comprovou o que dizia na embalagem e arquivou o caso. Hoje, o texto das caixas de suco é outro, mas Leta diz que a mudança não está relacionada ao caso.


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